3 - O ACORDO

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Que a bondade lhe alcance a alma, pois toda dor ferirá o coração em que outrora havia amor.❞.

—𝕱𝖗𝖆𝖌𝖒𝖊𝖓𝖙𝖔𝖘 𝖉𝖔𝖘 𝕽𝖊𝖌𝖎𝖘𝖙𝖗𝖔𝖘 𝕯𝖗𝖚𝖎𝖉𝖆𝖘, 

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Escandinávia, ano de 852 d

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Escandinávia, ano de 852 d. C.

ⱮESMO QUE EU TENHA perdido meus pais. Ainda que, os vikings tenham me transformaram em escrava, e mesmo que eu tenha sido torturada, estuprada e obrigada a servir aqueles a quem odeio, eu não acho que o mundo seja um lugar ruim de viver.

Este lugar em que vivo é incrível e possui uma energia poderosa que alimenta meu espírito a cada manhã. A maldade está impregnada na essência daqueles que o habitam. Não há empatia para com o próximo e os escravos são considerados a escória da humanidade. Todos nos tratam como se não fôssemos humanos, como se a nossa massa corpórea fosse distinta. Parece que não temos um coração e nem que sangue corre em nossas veias. Somos menos que nada.

Pelo menos é isso que os vikings, todos os dias, tentaram fazer com que eu acredite. Entretanto, desde cedo, descobri que, para impedi-los de fazerem esquecer de quem eu realmente sou, tornou-se necessário demandar muita força de vontade para ir de contra a todos. No fim, só restaram duas opções: se resignar e virar uma escória, ou lutar até o fim e planejar uma vingança. Eu escolhi a segunda opção e nem os deuses poderão me parar.

Seria impossível lutar contra todo um povo sozinha. Todavia, eu tenho um trunfo escondido dentro de mim. Há exatamente três primaveras, a herança sanguínea de meu pai despertou em minha essência. Foi então que comecei a sentir a magia serpentear a minha volta, em cada sopro do vento, a cada vez que colocava meus pés descalços em contato com a terra, assim como em todas as vezes que me banhava nas águas do rio e do mar. Passei a sentir a energia da natureza, em todo canto.

Pouco tempo depois, meu pai apareceu em meus sonhos. E só então descobri o que fazia do meu pai um duidra poderoso. Na sua primeira visita ele me disse que somos descendentes de uma poderosa linhagem de feiticeiros e que o nosso propósito sempre foi servir e respeitar a Natureza. Nós fomos escolhidos entre os demais mortais como merecedores de poder manipular todos os elementos da Natureza, segundo a sua vontade. Em suas palavras, ele me explicou que foram os deuses que me presentearam com meus dons. O problema, é que eu não mais acreditava que qualquer divindade existisse. Seja o que, ou quem foi que me concedeu tais dons, não foram os deuses.

Com o passar do tempo, os sonhos se tornaram somente lembranças de lições sobre magia e o poder oculto na Natureza, e todos os ensinamentos de meu pai, voltavam a mim de forma inesperada, era como se alguém quisesse me preparar para algo. Sempre que sua voz se apossava de minha mente, eu sentia uma vontade avassaladora de chorar.

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