15 - DIVIDAS

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Haverá sangue em suas mãos, pois até mesmo a justiça é sangrenta❞.

—𝕱𝖗𝖆𝖌𝖒𝖊𝖓𝖙𝖔𝖘 𝖉𝖔𝖘 𝕽𝖊𝖌𝖎𝖘𝖙𝖗𝖔𝖘 𝕯𝖗𝖚𝖎𝖉𝖆𝖘,

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Desde de que havia descoberto que logo morreria, fiquei pensando se eu temia a morte

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Desde de que havia descoberto que logo morreria, fiquei pensando se eu temia a morte. E não. Cheguei à conclusão que não tinha medo de morrer. A morte, no meu entendimento, deveria ser apenas uma longa viagem rumo ao desconhecido. Não deve passar de mais uma grande aventura. Aquele tipo de aventura que todos sabem que começa quando o nosso frágil coração interrompe as batidas e um último suspiro entrecortado sai de nossos lábios. Entretanto, homem algum tem o conhecimento do que ocorre no fim dessa viagem. E creio que nunca estaremos preparados para descobrir o que há por de trás desse mistério. Isso deveria me causar medo; mas, estranhamente jamais senti medo algum além de mim.

No segundo dia após saber da minha sentença de morte, eu procurei Thorn por todo o clã. Vasculhei aquele lugar como uma pantera buscando por seu filhote ferido. No entanto, onde quer que Ragad tivesse escondido o meu "amigo", ele tinha mantido esse segredo apenas consigo, pois ninguém naquela maldita ilha sabia onde Thorn estava.

Frustrada, concluí, portanto, a minha busca fracassada na casa do Jarl . Pensei que não existia melhor lugar para esconder alguém, do que aquele nas vistas de todos, ou onde parecia ser mais vulnerável. Porém, enganei-me terrivelmente. Nada encontrei naquela casa, além do viking que dizia me amar, e que, ainda assim, lançar-me-ia nos braços da morte.

Encontrava-me no meio do seu quarto vazio, procurando algum indício do homem que poderia estar escondido, quando meu captor, sem qualquer aviso, invadiu o seu dormitório.

— Soube que está à procura de seu companheiro de trepada? — escutei a voz de Ragad à minhas costas, que fez questão de não usar o termo "amigo" ao se referir a Thorn.

Voltei meu corpo na direção de Ragad. Ele encontrava-se apoiado ao lado do batente da porta com os braços cruzados abaixo do peito.

— Deveria saber que eu não desistiria sem tentar encontrá-lo. — afirmei com frieza.

— Claro que imaginei que tentaria. Foi por esse motivo que o escondi tão bem. — Ele não sorriu, pois sabia que estávamos no meio de uma batalha sem armas.

Ficamos nos encarando por tanto tempo; tive a impressão que a eternidade tinha repousado no meio de nós. Mil palavras poderiam ser ditas. Milhões de ações poderiam ser executadas. No entanto, o monstro do silêncio foi o único a dominar o espaço entre ambos — naquele momento— inimigos mortais.

— Por que Erieanna? — Franziu o cenho e engoliu a saliva. — Por que nunca engravidou de mim? — indagou finalmente. — Sei que toma aquela maldita poção que lhe impede de engravidar... Só quero saber o motivo pelo qual se recusou a carregar um filho meu. — Seu tom de voz revelou que estava deveras magoado.

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