Destruindo

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Simon Alvarez

Foram necessários três dias até Luna conseguir pegar a pulseira de Âmbar. Quando ela me entrega durante o intervalo, eu a finalmente a observo bem. A pulseira era de prata e continha flores intercaladas com tartarugas e era linda. A guardo no bolso da minha calça e vou em direção ao armário para guardá-la em um lugar mais seguro.

Quando o sinal que indica o retorno as aulas toca, eu volto para a sala junto de Matteo e Gaston. Os dois não perceberam mais Âmbar não volta para a sala. Quando passa da metade da aula, eu noto que ela não aparece e sinto um calafrio. Peço para o professor para ir ao banheiro alegando que estou com dor de barriga e ele me libera sobre os risos da turma.

Eu não vou em direção ao banheiro em momento algum. Eu vou em direção ao lugar aonde eu sabia que Âmbar passava os intervalos sozinha lendo: o jardim. Conforme caminho, sinto meu coração acelerar e quando vejo eu estou correndo. Ao passar pelo porta, escuto os pedidos para que alguém pare e caminho ate a direção da voz. Quando passo as maiores arvores, a cena é doentia. Um rapaz, alto e moreno, está com a mão debaixo da saia de Âmbar enquanto com a outra ele segura os dois braços dela. Âmbar chora e fecha as pernas.

Então de repente, eu me vejo no lugar dela. Vejo Emma me forçando a manter relações sexuais com ela. Vejo Emma segurando forte meu pênis ao ponto de machucar. Vejo Emma me olhar sorrindo e dizer que se eu não a "comesse", ela me machucaria e procuraria outro para satisfazê-la e que eu seria corno mais uma vez. Então escuto Âmbar me chamando e acordo para a realidade.

- Solta ela. – Eu falo sentindo a raiva correr em minhas veias.

- Não se meta novato. – O cara, que após uma quantidade enorme de álcool, poderia ser confundido comigo diz.

- Eu disse para soltar ela. – Peço me aproximando.

- Sai daqui. Isso é entre eu e essa vadiazinha. – Ele fala beijando o pescoço de Âmbar que choraminga.

Eu o puxo pelo ombro e dou um soco em sua cara. Ele se afasta zonzo e me encara sorrindo.

- Belo soco. – Ele se aproxima. – Depois que eu comer ela, eu vou comer você para que aprender a nunca mais a se meter na foda dos outros.

- Só tenta.

Ele se aproxima o suficiente e eu dou um chute em seu estomago o fazendo cair no chão. Preciso lembrar de depois agradecer a Delfi por me obrigar a fazer Kung Fu junto com ela. Ele se levanta mais uma vez.

- Vai embora e deixe ela em paz. – Peço porque não estou afim de ficar brigando.

- Eu vou. – Ele sorri para Âmbar que ainda está atrás de mim. – Mais eu ainda volto para terminar. E não ouse em contar para ninguém porque você sabe que eu faço acreditarem que você é a maior vadia e que foi tudo consentido.

Então ele sai andando. Eu mantenho meu olhar nele até que ele suma de vista e só então olho para Âmbar que chora agarrada em uma arvore. Sem pensar muito eu a abraço forte e ela se agarra em mim como se eu fosse sua única salvação.

- É tudo minha culpa. – Ela diz entre soluços e eu lembro de quantas vezes eu tinha dito isso para justificar o que Emma fazia.

- Não. –Eu beijo seus cabelos loiros. – Não é sua culpa Âmbar. Nunca diga isso. A culpa é dele que tentou abusar sexualmente de você.

- É minha culpa.

O corpo de Âmbar tremia sobre o meu e eu a apertava mais forte a cada vez que eu sentia que ela iria ceder. Quando sinto que ela está mais calma, a solto e ela se separa de mim secando os olhos.

- O que você veio fazer aqui? – Ela me pergunta confusa.

- Você não voltou para a aula e Matteo e Gaston não perceberam. – Eu engulo seco. – E eu senti um calafrio então achei melhor te procurar.

- Obrigada Simon. – Ela soa sincera. – Se você não tivesse chegado, só Deus sabe o que Sebastian poderia ter feito comigo.

- O que vai fazer agora? – Pergunto.

- Eu não sei.

- Você deveria denunciá-lo.

- Ele é o filho do diretor. O ídolo da escola. – Ela dá um riso sarcástico. – Se você me odeia por ser popular é porque você nunca viu ele e as garotas com quem ele anda.

- Eu não te odeio. – Falo na defensiva.

- Sim. – Ela me olha. – Você definitivamente me odeia e já deixou isso bem claro.

Um silencio se instala entre nós e o sinal que indica o intervalo entre as aulas toca.

- Você vai voltar para a sala? – Pergunto.

- Não. – Ela suspira. – Vou ligar para alguém vim me buscar.

- Eu posso te levar.

- Não precisa. – Ela nega.

- Reformulando, - Eu a olho serio. – eu vou te levar. Espero que não tenha medo de andar de moto.

- Nunca andei em uma. – Ela dá de ombros e eu sorrio.

- Então vamos mudar isso.

Eu a puxo, delicadamente, pelo braço ate nossos armários aonde pegamos nossas coisas e então saímos escondidos ate o estacionamento aonde deixei minha moto. Ela me olha surpresa quando a vê e eu jogo um dos capacetes para ela enquanto guardo a minha mochila no compartimento para capacetes. Subo na moto a ajudando a subir logo depois e a explicando como ela tinha que segurar e saímos do estacionamento.

Decido, para ajudar Âmbar a relaxar, dar um volta na cidade e eu posso jurar que a vi curtir a viagem. Eu acredito que o vento deveria bagunçar seus cabelos loiros e ela deveria estar sorrindo com isso. Quando paro em um sinal, vejo aqueles cabelos loiros e os olhos azuis escuros.

- Simon? – Âmbar me chama ao ver para onde eu olho. – Está tudo bem?

- Sim. - Eu respondo meio automático. Sinto os braços de Âmbar envolver minha cintura e ela se encostar sobre as minhas costas fazendo com que o medo que começava a me dominar se dissipe – Vou te levar para casa.

Empurro a visão de Emma para fora da minha cabeça e dou partida seguindo as direções que Âmbar me dá. A casa dela tem o dobro do tamanho da minha além de ser mais antiga. Ela desce a moto e retira o capacete me levantando.

- Obrigada Simon. – Ela sorri. – Por ter me salvado, por ter me levado para dar uma volta e por ter me dado uma carona.

- Não foi nada. – Apenas sorrio de canto.

- Te vejo na escola. – Ela diz acenando e entrando.

Após ver ela fechar a porta da frente, eu saio em direção a joalheria para entregar a pulseira dela para o conserto e sou avisado de que ficaria pronta em alguns dias. Passo no lugar aonde vi Emma e não posso evitar procurar ela com o olhar. Respiro fundo quando o mesmo sinal fecha e eu fico parado então lembro de como Âmbar me acalmou o que me fez listar outra diferença entre ela e Emma: Âmbar me traz paz.

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