Passado

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Simon Alvarez


Os dias de férias se arrastam e me torturam desde que eu escutei a mensagem de áudio de Âmbar. A Grécia é um paraíso mais eu sinto como se um enorme pedaço de mim estivesse faltando e eu sei que esse pedaço é loiro dos olhos azuis. Então, quando eu finalmente estou no avião voltando para a casa, eu não posso evitar me sentir ansioso para pisar meus pés de volta na cidade em que a minha Peixinha está. Durante as longas horas de vôo, eu não deixo de pensar nela e em sua reação ao me ver novamente.

Quando entro no meu quarto, eu largo minha mala em qualquer canto e corro para o chuveiro. Eu ainda teria outra viagem a fazer então teria que arrumar outra mala mais eu poderia deixar isso para depois. Me visto e passo o meu melhor perfume. Pego o capacete da minha moto e me despeço da minha mãe e do meu pai, subo na moto e saio em direção ao orfanato da cidade.

Quando finalmente paro na frente do orfanato, em um local escondido para que Âmbar não possa me ver, está começando a escurecer. Sei que é sua ultima noite no orfanato, o que me daria menos de doze horas para estar com tudo pronto. Posso vê-la arrumando os brinquedos espalhados do lado de fora. Seus cabelos loiros então presos em um coque e ela está sem maquiagem. Sorrio e pego meu celular ligando para ela que atende no segundo toque.

- Você está linda. – Posso vê-la olhar ao redor.

- Aonde você está? – Ela me pergunta confusa. – Isso não é uma espécie de elogio a distancia não né? – Ela me pergunta rindo.

- Não. – Rio. – Estou bem aqui, em Buenos Aires, e estou vendo como você é linda. – Ela olha confusa ao redor.

- Apareça Simon. – Ela ordena e eu rio dando um sinal com o farol da moto. – Já te encontro.

Âmbar desliga sem esperar uma resposta minha e sai correndo em direção ao portão, o ultrapassando e atravessando a rua com pressa. Ela pula em meus braços que já estão abertos para recebe-la e começa a dar beijos pelo meu rosto.

- Você voltou. – Ela diz eufórica.

Seguro sua nuca e a beijo me sentindo completo novamente. Me separo quando me sinto completamente sem fôlego.

- Amanhã você está livre da sua prisão? – Pergunto e ela sorri.

- Sim. Amanhã a partir das oito da manhã, eu sou sua por cinco dias.

- Eu só preciso de três. – Falo e ela me olha surpresa. – Arrume uma mochila pequena porque eu passo amanhã a tarde para que possamos viajar.

- Para onde? – Ela me pergunta.

- Surpresa. – Sorrio travesso – Mais leva roupa de banho.

- Ok. – Ela me olha desconfiada.

- Eu adorei sua mensagem de voz. – Faço carinho em seu rosto.

- Senti sua falta. – Ela sorri de forma doce pra mim. – Mais eu preciso entrar antes que venham atrás de mim.

- Tudo bem. – Dou um selinho nela. – Passo as duas amanhã para te pegar.

- Eu estarei pronta.

Ela me beija rapidamente e se afasta voltando para o orfanato. Ela acena pouco antes de entrar e eu aceno de volta e vou embora. Chego em casa e confirmo a reserva da pequena casa as margem do Mar de Las Pampas e começo a arrumar a minha mochila. Lembro que era uma viagem muito longa para ser feita de carro e vou atrás dos meus pais.

- Posso pegar o carro emprestado para uma viagem? – Pergunto para os dois que me olharam curiosos.

- Viagem? – Minha mãe pergunta.

- Vou ficar três dias em Mar de Las Pampas com a Âmbar. – Sorrio e meus pais sorriem.

- Pode pegar mais tenha juízo. – Meu pai me fala.

- Você sabe que eu sou o juízo em pessoa.

Dou uma piscada e subo correndo para o meu quarto. Deito e adormeço ansioso pelo dia seguinte.

Quando paro na frente do portão da mansão Benson, Âmbar está parada na porta e entra sorrindo. Ela entra no carro, me beija e liga o radio colocando em uma radio de musicas antigas. Viajamos as quase quatros horas conversando e rindo e, quando chegamos, já anoiteceu.

- Isso daqui é lindo. – Ela fala admirando a vista do quarto principal. Eu a abraço pela cintura e observo também.

- Só não é tão lindo quanto você. – Eu falo e ela gargalha.

- Isso foi tão cafona. – Ela entra para o quarto. – Vou cozinhar algo para nós comermos.

Ela desce as escadas para a cozinha e eu olho tudo aquilo mais um pouco e tiro o pequeno anel que eu comprei na Grécia para Âmbar no bolso.

- Logo menos você estará no dedo da sua dona. – Falo olhando o objeto.

O guardo de volta no bolso e desço para ajuda Âmbar. Comemos e arrumamos tudo antes de subirmos de volta para o quarto e nos sentamos na varanda abraçados.

- Como foi a viagem? – Ela me pergunta.

- Foi boa. – Eu respiro fundo. – Foi bom passar um tempo em família.

- Meu avô e Luna voltam no sábado e Matteo chega amanhã. – Âmbar me conta. – Foi bom você ter me trazido nessa viagem porque eu ficaria sozinha naquela mansão enorme. – Ela confessa.

- Eu planejei ela enquanto eu estava lá na Grécia. – Confesso. – A sorte é que o tempo melhorou o suficiente para que possamos ficarmos com os pés na água.

- Eu encontrei Sebastian durante as férias. – Ela me conta.

- Vem cá: qual é a sua com esse cara? – Pergunto levemente irritado.

- Sebastian foi meu namorado no primeiro ano. – Ela se levanta e olha para mim. – Eu perdi a virgindade com ele. Foi horrível. Ele criticou o meu corpo e depois espalhou para algumas pessoas como eu era gorda e possuía celulite e estrias. Foi ele junto da minha mãe que me fez me sentir insegura com a minha aparência. Eu terminei com ele alguns dias depois mais ele não aceitou muito bem e começou uma perseguição que terminou com ele quase me abusando e você me salvando. – Ela respira fundo. – Ele só caiu na real quando alguns dias depois, ele me machucou e viu que eu não poderia amar alguém que me machucasse.

- Desculpe. – Falo baixo.

- Não. – Ela segura minha mão. – Está na hora de você saber sobre o meu passado.

- Eu tive um relacionamento abusivo. – A interrompo com a minha confissão e ela me olha com dor. – O nome dela era Emma e eu namorei ela por três anos. O primeiro ano foi maravilhoso mais ela foi mudando. Ela me traia constantemente e dizia que era a minha culpa se eu era chifrudo. Quando ela transava comigo, ela sempre me machucava e eu já levei cinco pontos no pinto porque ela mordeu irritada porque eu não tinha gozado ainda. – Respiro fundo. – Eu fui expulso da escola porque ela me fez ter um surto de raiva e eu destrui metade da escola. Ela foi o motivo de eu ter te odiado. Ela possui os olhos azuis, os cabelos loiros e o jeito de perfeitinha. – Eu olho em seus olhos. – Me desculpe.

- Está tudo bem. – Ela me beija. – Isso ficou para trás.

- Naquele dia que Matteo pediu para que você lá para casa, é porque ela apareceu querendo voltar. – Confesso. – Só não voltei com ela porque Delfi apareceu na hora.

- Ela não vai mais te machucar Simon. – Âmbar me garante e eu me sinto relaxar. – Não enquanto eu estiver com você.

- Eu te amo. – Digo para ela que sorri.

- Eu te amo.

Âmbar me beija e eu sinto uma paz tão grande como já não sentia tinha muito tempo.

Nossos passados eram apenas passados.

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