Peixinha

374 34 4
                                    

Simon Alvarez


Quando finalmente consigo a começar a dormir no sofá, eu escuto passos. Levanto ao mesmo tempo que a pessoa passa pela porta da frente e vejo Âmbar correndo pela noite só de camisola. Sem pensar duas vezes, a sigo até a cachoeira, aonde me escondo e vejo ela tirar a camisola e a calcinha e entrar nua na água. A observo nadar sorrindo e, quando finalmente decido retornar para casa, escuto um grito e ela não está mais lá. Tiro as minhas roupas e entro todo afobado dentro da água.

Começo a caminhar ate algo se enroscar na minha perna e me derrubar. Me levanto e encontro Âmbar me olhando furiosa.

- O que faz aqui?

- Te vi saindo e resolvi te seguir. – Passo a mão pelo cabelo para fazê-lo parar de pingar sob o meu rosto. – Sabia que você era maluca mais nadar pelada de madrugada é insanidade. Fora que essa água está congelando.

- Se está ruim para você, volte para casa. – Ela começa a nadar na direção contraria que eu estou.

- E deixar você sozinha? – Começo a nadar em direção a ela. – De jeito nenhum. Se você morrer eu vou viver para sempre com a culpa. – Ela ri.

- Então nade, peixinho. – Ela mergulha e eu não vejo mais ela. Apenas sinto quando ela me puxa pela perna.

Mergulho e começo a nadar atrás dela. Toda vez que eu chego perto, ela se afasta e nada em outra direção. Ficamos assim ate precisarmos submergimos para respirar.

- Você é um concorrente pareo . – Ela diz respirando pesadamente.

- Você não é nada mau, Peixinha. – Ela me olha e sorri.

- Eu te vi compondo. – Ela me diz.

- Eu te vi correndo feito uma louca. – Beijo sua bochecha.

- Você tem talento. Ate mesmo para cantar. – Ela soa sincera. – Você deveria cantar.

- Eu quero ler seus livros. – Olho para ela que sorri debochada.

- Você quer ler meus livros para adolescentes entrando na puberdade? – Ela se faz de chocada. – Quem é você e o que fez com Simon Alvarez? Porque, honestamente, o que eu conheço se preocupa em gritar para os quatro ventos que me odeia.

- Ouvi dizer que ele era um babaca e precisei acabar com ele. – Eu dou de ombros e ela ri. – Somos amigos, Âmbar?

- Contanto que você me conte um dia a razão porque me odeia tanto. – Ela me olha seria.

- Eu não te odeio. – Me defendo.

- Mais já me odiou e eu quero saber o motivo, Simon.

- Precisa ser agora? – Pergunto.

- Não. – Respiro aliviado devido ao fato de não precisar tocar nessa ferida ainda. – Mais quero que me conte algum dia Simon. Não quero ouvir da boca de outra pessoa, quero ouvir da sua.

- Eu prometo que vou te contar quando eu me sentir pronto. – Prometo.

- Então somos amigos. – Vou em direção dela para abraçá-la mais ela me para. – De jeito nenhum que você vai me abraçar pelado. Vai que a gente transa sem querer e eu acabo grávida de um filho seu? É muito azar ficar grávida de um filho seu. – Ela ri e eu a empurro e a puxo para um abraço. – Seu penis e suas bolas estão tocando a minha barriga.

- Pelo menos não é o seu útero. – Falo e ela me soca no braço. Ai, Peixinha!

- Simon, seu penis é grande. – Ela me fala sem pudor nenhum. – Deus tenha dó da mulher que sentar nele.

- Por que? – Pergunto.

- Deve arregaçar ela. – Ela diz. – Eu tenho certeza que eu seria arregaçada. – Eu gargalho.

- Se quiser podemos fazer um teste. – Sugiro e ela ri nervosa.

- E acabar a amizade que acabamos de começar?

- A gente poderia trocar por uma amizade colorida. – A olho sugestivamente.

Para a minha surpresa, Âmbar ri antes de me beijar. O beijo de agora está melhor do que demos mais cedo, provavelmente devido ao fato de nós dois querermos. Separo meus lábios dos dela e começo a beijar seu pescoço e colo e Âmbar se segura mais firme em mim. Volto para a sua boca enquanto deixo minhas mãos apertar sua bunda e posso sentir ele arfar durante o beijo. Quando nos separamos, estamos sem fôlego.

- Foi uns amassos bons. – Ela sorri. – Pena que não vai rolar mais. – Ela mergulha e me deixa sozinho.

- Peixinha volte aqui! Ainda não terminamos de dar uns amassos.

Mergulho atrás dela e quando a encontro a puxo para a superfície a dando ela tempo o suficiente apenas para tomar fôlego antes de beijá-la. A puxo para o mais perto de mim e a prendo em meus braços. As mãos de Âmbar vagueiam pelo meu peito, pescoço e nuca enquanto as minhas estão em sua cintura e minha boca se reveza entre seus lábios e seu pescoço.

- Simon, - Ela diz enquanto beijo seu pescoço. – precisamos voltar antes que Pedro descubra que eu fiz isso de novo.

- Fez de novo o que? – Pergunto desconfiado enquanto ela se afasta rindo e nada ate a margem.

- Sai de madrugada para nadar. – Ela diz e se vira costas colocando a camisola e a calcinha. Eu saio e começo a me trocar quando ela se vira. – Jesus! É maior do que eu pensava! – Eu gargalho.

- Um dia você ainda vai experimentá-lo, Peixinha. – Beijo ela e ela se afasta.

- Não seremos do tipo de amigos que dão uns amassos e transam. Seremos amigos normais.

- Sim senhora Peixinha. – Falo enquanto volto a me trocar e ela sai andando.

- Vamos. Daqui a pouco o dia amanhece. – Ela começa a correr e eu vou atrás.

Corremos ate chegarmos na porta da casa. Entramos e subimos para os quartos sem fazer nenhum barulho.

- Boa noite Peixinha. – Sussurro.

- Boa noite Simon. – Ela sussurra.

- Tem certeza que não quer dar mais uns amassos? – Pergunto e ela vem e me dá um beijo.

- Tenho Simon. – Ela sussurra em meu ouvido. – Seremos apenas amigos.

- Coloridos? – A provoco.

- Não. – Ela morde o lóbulo da minha orelha. – Preto e branco mesmo. – Ela se afasta e me dá um rápido beijo. – Guarde essa noite na memória porque nada disso nunca mais acontecer.

Ela entra em seu quarto e eu fico parado rindo sozinho. Entro e me jogo cuidadosamente na cama de baixo da beliche vazia. Fico olhando o "teto" sem conseguir dormir apenas lembrando de tudo o que tinha acontecido desde que cheguei mais cedo.

Eu não estava apaixonado pela Âmbar. Eu só gostava da companhia dela e nunca poderia negar que seus beijos são maravilhosos. Eu gostava de ser seu amigo e de descobrir outras coisas dela e deixar ela descobrir todos os meus segredos.

E penso em Emma e no fato dela estar de volta a Buenos Aires. A cidade é grande mais desde que eu fiquei sabendo que ela está de volta, sinto que a qualquer esquina, a qualquer momento eu irei trombar com ela e ela voltará a me usar como fantoche. Espanto o rosto de Emma de minha memória e foco no rosto de Âmbar sorrindo. E então eu listo mentalmente outra diferença entre Emma e Âmbar: enquanto Emma sugava todas as minhas forças, Âmbar faz com que eu me sinta cada vez mais forte e pronto para encarar qualquer coisa.

Prove You WrongOnde histórias criam vida. Descubra agora