Insegurança

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Âmbar Smith


Saio da casa de Simon pisando firme para que as lágrimas em meus olhos não caíssem.

Simon estava fazendo isso de novo. Estava sendo um babaca.

Dois quarteirões depois eu me forço a parar de andar porque as lágrimas já não me deixam enxergar tudo com clareza.

Sento no banco do ponto de ônibus e as deixo cair, sentindo o buraco em meu peito se contrair.

Maldito Simon!

Ele precisava dizer todas aquelas coisas?

Seco as lágrimas em meu rosto e volto a caminhar para minha casa. Quando chego dou a sorte de não encontrar ninguém e subo direto para o meu quarto.

Tiro a minha roupa, ficando apenas de lingerie, e me olho no espelho.

- Tão gorda Âmbar! – Falo para o meu reflexo. – Esses peitos pequenos. Toda essa gordura... – Meus olhos se enchem de lágrimas – Você realmente acha que ele poderia gostar de alguém como você? Sabe o que sua mãe diria se te visse? Que você é um desgosto! Que você é feia e gorda e que ninguém iria te querer.

Abraço meu corpo e choro. Luna entra em meu quarto e me abraça forte.

- Está tudo bem Âmbs. – Luna diz tranquilamente e me leva para a cama aonde nos sentamos. – Você é linda. Você é perfeita. – Ela passa sua mão pelo meu rosto. – Sei que é difícil mais acredita em mim.

- Eu quase transei com Simon. – Soluço – Mais parei antes porque eu não queria que ele visse meu corpo.

- Âmbs, - Luna sorri. – você já nadou pelada com ele.

- Era a noite tava escuro. – Justifico.

- Sei que ele te acha linda mais se ele visse seu corpo e não gostasse, isso só demonstraria como é um babaca. – Luna fala animada. – E mais! Se vista, estamos indo no shopping ver algum filme deprimente e vamos comer a maior quantidade de besteira que agüentarmos.

- Assim eu vou engordar. – Falo.

- E eu vou engordar junto com você! – Luna me abraça. – Porque eu não quero ser magra se for não for também.

Sorri verdadeiramente. Luna sempre sabia o que dizer para mim e esses era um dos motivos que a tornavam a minha melhor amiga.

Me levanto e começo a me vestir de novo. Saio junto de Luna e vamos para o shopping. Resolvo no meio do caminho que não assistiríamos um filme deprimente e que nos divertiríamos no parque de diversões que tem dentro do shopping.

Luna não me deixa pensar em Simon em nenhum momento já que ela faz questão de falar em todos os segundos possíveis e, inclusive, me joga para outros garotos.

Mais quando eu fico sozinha novamente, suas palavras vem em minha cabeça. Eu realmente gosto de Simon e me machuca saber que ele me considera apenas uma transa com uma amiga.

Resolvo tomar um banho quente de cabeça e tudo apenas para esquecer tudo isso. Permito que a água quente me faça relaxar e, quando saio, me sinto quase nova.

Meu celular toca e o nome de Simon aparece na tela. Deixo que caia na caixa postal mais antes que eu possa suspirar de alivio ele volta a tocar. Precisamente, na sétima vez, eu resolvo atender.

- O que houve Simon? – Pergunto sendo fria.

- Desculpas. – Ele fala. – Eu fui um completo cretino.

- Eu andei pensando muito na nossa amizade. – Falo enquanto me seguro para não vacilar. – E acho melhor deixarmos de sermos amigos.

- O que? – Ele soa inconformado. – Por que? Âmbar se isso tem algo relacionado ao sexo ou aos beijos, esqueça!

- Simon, - Mordo meu lábio inferior para não fraquejar. – Somos como água e óleo.

- Não somos! – Ele fala irritado. – Não diga isso! Âmbar, por favor, não desiste de mim! – Ele me pede desesperado. – Não faz que nem todo mundo. Eu não quero te perder porque você é importante demais. Você é real!

- Eu preciso ir Simon.

Retiro o telefone do ouvido e desligo enquanto choro. Me troco e apago todas as luzes do meu quarto me deitando e tentando dormir no que eu falho.

Para aumentar o drama de toda a situação, começa a chover. Eu reviro os olhos e observo a chuva bater na varanda do meu quarto. Eu quase tenho um infarto quando vejo a sombra negra na varanda. Me levanto e pego o taco de basebol que mantenho próximo a cama e vou andando devagar ate lá.

Abro a porta e acerto quem quer que esteja lá com apenas uma tacada. A pessoa geme e eu acendo a luz me deparando com Simon caído.

- Simon? – Pergunto incrédula. – O que faz aqui?

- Ai. – Ele geme. – Eu tinha que falar com você então subi ate aqui no meio da noite e você me atacou com um taco de basebol. – Ajudo ele a se levanta e o levo para dentro do meu quarto.

- Já volto. – Vou ao banheiro e pego uma toalha para ele se secar. – Você não deveria ter feito isso.

- Eu precisava. – Ele começa a se secar mais para e me olha. – O que ta acontecendo Âmbar? Me fala o que ta acontecendo porque eu quero ajudar.

Me sento na minha cama e Simon se ajoelha aos meus pés. Vendo ele ali, todo molhado e disposto a me ouvir, me faz gostar mais dele. Ele pega a minha mão e entrelaça seus dedos nela.

- Eu não quero viver em um mundo aonde Âmbar Smith, a minha Peixinha, não é minha amiga. – Ele diz sorrindo. – Eu to aqui pra você. Então me conta o que está me escondendo.

- Eu só entrei em pânico com a probabilidade de você me ver nua. – Eu falo desviando meu olhar do dele. – Eu não queria que visse como meu corpo é feio e em como eu sou gorda.

- Primeiro que eu já te vi nua. – Ele diz e eu o olho chocada. – Na noite em que nadamos, eu te segui do momento em que você saiu ate a hora que começou a nadar. Eu ia embora mais te escutei gritar então eu fui atrás de você.

- Que pervertido! – Eu sorrio.

- Segundo: o seu corpo é a coisa mais coisa mais perfeita que eu já vi. Você é a pessoa mais perfeita que eu já vi. Você não é feia e nem gorda. – Simon beija a minha mão. – E terceiro: você é a minha melhor amiga, Âmbar. Eu não posso te perder por sempre ser um cretino.

- Simon... – Encosto minha testa na dele e acaricio seu rosto sentindo os fios de sua barba que começa a nascer. – Me beija, por favor.

Simon sorri e atende meu pedido. Seu beijo é como se ele dissesse o quanto sou especial e como ele me admira. Mais em algum momento o beijo se torna intenso e quente e eu permito que Simon deslize suas mãos pelo meu corpo.

- Não. – Ele se separa e eu o olho confuso. – Não vamos fazer isso. Não depois de nós acertarmos.

- Simon... – Ele me interrompe.

- Quando a gente fazer isso eu quero que seja especial para nós dois. Não quero que seja no calor do momento. – Ele diz carinhoso e beija a minha testa. – Agora eu preciso ir. – Ele se levanta e caminha ate a varanda. – Te vejo de manhã? – Assinto e ele me dá um selinho. – Tchau Peixinha.

Simon desce pela minha varanda no meio da chuva. Eu observo ele subir na moto e ir embora. Mesmo com ele se desculpando e tudo mais, toda a insegurança que eu sinto não passa.

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