Recomeçar?

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Simon Alvarez

Quando o dia seguinte chegou, eu me forcei a ir para a escola. Quando estaciono a moto em um canto do estacionamento que eu sei que não vai atrapalhar, caminho em direção a entrada mais paro ao ver dois casais se beijando.

- Benicio e Ramiro. – Falo fazendo os casais se separarem e eu vejo que eles beijam as valentonas. – Serio meninas que vocês caíram na deles? – Elas reviram os olhos e saem andando. – Serio que vieram ate aqui apenas para dar uns beijos? – A boca inchada deles diziam que tinham sido vários.

- Não exatamente. – Ramiro diz. – O plano inicial foi vim te ver mais elas nos acharam primeiro.

- E ai? – Pergunto rindo. – As bocas de vocês grudaram feito imãs?

- Não. – Benicio diz arrumando o cabelo. – Elas nos encontraram e a gente começou a pegar a nossa grana para entregar para elas daí elas reclamaram que éramos pobretões e beijaram a gente.

- Isso dá uma bela fanfic. – Falo rindo. – Eu queria ter visto elas chamarem vocês de pobretões porque vocês realmente são.

- Hahaha palhaço – Ramiro diz revirando os olhos. – Cade os seus novos amigos?

- Não sei. – Dou de ombros. – Acabei de chegar.

- Sei que a nova versão da Emma já chegou porque Yam parou de me beijar para cumprimentar ela. – Ramiro diz.

- Na verdade ela cumprimentou Emilia também. – Benicio diz dando de ombros. – E elas as convidou para passar o feriado prolongado da independência na fazenda da família dela.

- Você poderia dar seus pulos para a gente ir né? – Ramiro me pede. – Eu ia adorar ficar beijando Yam por mais quatro dias.

- Eu e ela não somos amigos. – Respiro fundo.

- Mais seus amigos são. – Ramiro sugere. – Olha eles lá!

Viro para trás para ver Matteo e Gaston conversando com a Âmbar que está parada na porta da escola segurando algo que eu não consigo identificar. Ramiro acena para eles que acenam de volta e começam a caminhar em nossa direção.

- Bom dia Engomadinhos. – Benicio tirando sarro de Matteo e Gaston.

- Bom Dia Pobretões. – Matteo diz risonho e o sorriso de Benicio some de seu rosto. – Yam e Emilia já nos disseram tudo. – Eu começo a rir. Enfim, Simon, Âmbs está atrás de você.

- Hummm – Ramiro diz sugestivamente. – Âmbs ta atrás do MonMon

- O que ela quer? – Pergunto parando de rir e ficando serio.

- Ela achou a pulseira. – Matteo sorri. – Quase sou morto nessa história. Ainda to vivo pela intervenção da minha baixinha.

- Alias quando você planeja dar uns pega nela de novo? – Gaston pergunta.

- Na fazenda esse feriado. – Matteo responde sorrindo e volta a sua atenção para mim. – Enfim, não sei o que ela quer com você. Apenas sei que ela me pediu para avisar que precisa falar com você.

- Ela gostou da pulseira? – Pergunto receoso.

- Ainda ta dentro da caixa, Amigão. – Gaston diz. O primeiro sinal toca. – Hora de ir. Até mais ver Pobretões!

- Seu Cu Gaston! – Ramiro responde enquanto Benicio dá o dedo do meio.

Nós três caminhamos rapidamente ate os portões, o ultrapassando antes que fossem fechados. Deixo minhas coisas no armário e caminho em direção a sala de aula, quando vejo Âmbar e mudo a minha rota alongando meu caminho pelo jardim. Eu não queria conversar com ela e provavelmente ter que discutir sobre a pulseira e sobre a nossa conversa na ultima noite. Tudo tinha ficado confuso desde o dia do jantar beneficente e eu não sabia como se sentia em relação a ela. A única certeza que eu tinha é de que eu não sentia ódio por ela.

- Me espera! – E a tentativa de fugir falhou porque Âmbar me alcança. – Preciso falar com você Simon.

- O que você quer Georgia? – Pergunto me virando para ela. A caixinha preta está em sua mão.

- Não acredito que você fez isso. – Ela levanta a caixa. – Eu deveria estar furiosa com você!

- Olha, Âmbar, eu quebrei algo importante para você e eu quis consertar. – Respiro fundo e passo as mãos pelo cabelo. – Eu sentiria o mesmo se quebrassem meu violão porque ele é a coisa mais valiosa que eu tenho. – Eu olho para ela. – Eu precisava fazer isso.

Para minha surpresa, Âmbar sorri. O sorriso dela era daqueles que poderia iluminar seu dia ou acabar com uma guerra facilmente. Ela abre a caixinha preta e retira a pulseira de dentro.

- Eu fiquei furiosa quando abri a gaveta e a caixa tava lá. – Ela me olha. – Te excomunguei quando abri a caixa e encontrei a pulseira e quando li o seu bilhete, tudo isso passou. – Ela se aproxima de mim. – Queria estar furiosa e dizer que você não deveria ter feito isso mais eu não consigo porque você se importou comigo.

- Então você gostou? – Pergunto receoso.

- Gostei. – Ela abre a minha mão e coloca a pulseira dentro dela. – Mesmo que eu tenha ficado bem surpresa. – Ela estica o pulso direito e eu coloco a pulseira. – Não gosto de usar nada no pulso esquerdo mais ele colocou ela ai e parece errado ela ficar em outro braço. – Admiro seu braço branco com a pulseira. – Obrigada Simon. – Âmbar beija minha bochecha e eu arfo.

- Não foi nada Âmbar. – Digo sincero. – Você teria feito o mesmo por mim.

- Amanhã nós vamos para a fazenda. Pedro pediu para te convidar mais como eu estava te ignorando eu não planejava te convidar. – Ela ri nervosa.

- Eu deveria ficar bravo. – Falo rindo. Ela tinha seus motivos e eu não podia sentir raiva.

- Enfim, saímos amanhã antes do amanhecer. – Ela sorri. – Leve seu violão. Adoraria te ver tocando.

- Claro. – Lembro dos meus dois amigos. – Posso levar dois amigos? Juro que eles são gente boa.

- São os que foram roubados? – Eu assinto. – Yam e Emilia vão ir.

- Tudo bem. – Eu rio. – Eles já deixaram isso para trás.

- Okay então. – Ela sorri. – Leva o Ramiro e o Benicio. – Fico surpreso por ela ainda lembrar do nome deles. – Eu tenho uma boa memória.

- Realmente.

- Obrigada Simon, - Âmbar fala começando a andar. – por tudo. Mesmo que na maioria do tempo você seja um completo cretino.

- Desculpa. – Falo rindo e andando do lado dela. Caminhamos em silencio ate a porta da nossa sala

- Sabe, - Ela se vira para mim antes de entrar. – você tem que conhecer alguém antes de definir opiniões. Um dos meus livros favoritos diz que "Não sei se vocês já perceberam, mas as primeiras impressões muitas vezes são inteiramente falsas. (...) A primeira opinião que você tem sobre quaisquer coisas pode mudar com o tempo".

- Que livro que é esse? – Pergunto curioso.

- Mau Começo. – Ela sorri. – Acho que o nome do livro é o que tivemos.

- Então devemos recomeçar. – Digo sorrindo e ela me estica a mão.

- Oi, sou Âmbar Smith mais todos me chamam de Âmbs. – Eu seguro sua mão firme e balanço.

- Oi, sou o Simon Alvarez. Sou novo na escola e não gosto do apelido Âmbs. – Ela me olha curiosa e eu pisco um olho. – Prefiro pensar em algo original.

- Tudo bem. – Ela solta a minha mão e pisca para mim. – Contanto que seja usado apenas comigo.

- Trato feito.

Âmbar ri antes de entrar na sala e sentar em seu lugar. Vou para o meu e sou recebido por uma enxurrada de perguntas de Matteo. Quando a professora começa a aula, eu me pego pensando em como irei chamar Âmbar, porque eu quero ter um jeito único de chamar ela. Em algum ponto da aula, ela prende seu cabelo e eu sorrio com o apelido que se forma na minha mente: Loira.

Anoto na ultima folha do meu caderno outra diferença entre ela e a minha ex abusiva: Âmbar me faz sorrir e tem um sorriso iluminador ao contrario de Emma que me trazia escuridão até nos meus dias mais ensolarados. Âmbar faz com que eu me sinta vivo e aquecido e eu quero continuar sentindo isso. 

Prove You WrongOnde histórias criam vida. Descubra agora