O inverno chegou

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Âmbar Smith.


As semanas que faltavam ate as férias passaram depressa e logo tínhamos chegado ao ultimo dia de aula. Embora todos estivessem animados pelo descanso, eu me sentia completamente ao contrario.

Eu fazia trabalho voluntário no orfanato desde os doze anos. Minha mãe me condenou a isso porque eu tive meu primeiro surto na puberdade e gritei com ela, dizendo que eu preferia ter ficado no orfanato ao ser filha dela. Ela sabia que o orfanato era frio então me mandou passar vinte dias trabalhando gratuitamente lá, sem direito a nenhum luxo. Então eu simplesmente juntava as minhas coisas e ia para lá. Deixava meus livros, meu computador e ate meu bloco de anotações e levava apenas meu celular.

Não que fosse de todo ruim. As crianças me adoravam e eu me sentia disputada. Era um orfanato dedicado apenas as crianças ate dez anos então eu também tinha que ter muita energia e criatividade para mante-las sorrindo e tinha que aninhá-las em meus braços quando as noites mais frias chegavam e as finas cobertas não adiantavam nada.

Respiro fundo enquanto saio da biblioteca após ter deixado o ultimo livro que eu li quando Simon chega perto entrelaça seus dedos nos meus. Eu sorrio e ele beija a minha bochecha. Sei que ele ainda não passou em seu armário porque ainda está com a jaqueta de couro por cima do blazer da escola.

- Animada para o seu trabalho voluntário? – Ele pergunta pela milionésima vez e eu o olho como se ele soubesse a resposta. – Pelo visto ainda não. – Ele ri. – Eu vou te esperar na saída. Trouxe o outro capacete e nós vamos dar uma volta e uns amassos por ai.

- Está frio e eu não trouxe um casaco apropriado para andarmos de moto. – Bufo. – Achei que já tínhamos conversado sobre os passeios de moto. – Eu também estava irritada com o fato de que Simon iria para a Grécia ainda hoje. – Você deveria ir para casa arrumar suas malas.

- Peixinha, - Ele sorri – elas já estão prontas. Adiantei isso só para ter uma ultima tarde com você. – Nós paramos na frente do seu armário e ele me olha serio. – Olha, sei que você não está empolgada para as férias e eu também não estou.

- Cala a boca! – Resmungo e sorrio. – Você está indo para a Grécia.

- Sim. – Ele sorri. – Mais você não está indo junto. – Eu bufo porque não consigo ficar muito tempo irritada ao lado de Simon.

- É bom que você tenha planejado algo bem romântico. – Falo seria e beijo sua bochecha saindo de lá e passando por Matteo e Gaston.

Eu e Simon éramos ficantes fixos, ou como ele prefere dizer Apaixonados, mais ainda não tínhamos oficializado a relação e isso me deixa meio irritada com ele. Mais a esperança dele me pedir hoje, durante a nossa tarde, tomou meu peito e eu sai sorrindo ate Luna e Nina.

- Amanhã eu vou pra Cancun! – Luna grita animada quando eu chego. Meu avô, Monica, Miguel e Luna vão para Cancun. Pedro estava indo para a Grécia junto de Delfi.

- Amanhã meu inferno começa! – Nina diz. Nina sempre passa as férias com o pai, que é criador de jogos no Vale do Silício.

- Pensa positivo. – Luna cutuca a amiga. – Gaston está indo com você. – Nina a olha como se a fuzilasse. – O fato de Gaston ser fissurado por videogame não ajuda muito. – Luna coça o queixo. – Âmbs você vai para seu ultimo trabalho voluntário.

- Graças a Deus. – Soou aliviada e o sinal do inicio da aula toca. – Vamos. Precisamos encarar esse ultimo dia de sol porque o inverno está chegando.

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