Pesadelo

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Simon Alvarez


Ambar ter dito sim ao meu pedido fez toda a minha vida valer a pena. Alias ter conhecido Ambar foi uma das melhores coisas que poderia ter acontecido comigo. Saber tudo o que aflige ela e toda a sua história fez com que eu me sentisse mais próximo a ela e contar toda a merda do meu passado fez com que eu me sentisse mais leve.

Agora estávamos os dois, deitados em uma cama, abraçados enquanto assistíamos uma comédia Cult. Ela sorri quando Ferris Bueller começa a cantar Twist and Shout dos Beatles e cantarola junto. Eu apenas a observo e vejo seus dedos do pé se mexerem no ritmo da musica. Rio baixo e vejo ela me olhar desconfiada.

- O que foi? – Ela me pergunta voltando sua atenção para a tela

- Nada. – Falo tentando esconder o sorriso.

- Eu te conheço Simon. – Ela olha para mim e eu sorrio.

- Só achei fofo o jeito como você reagiu a musica.

- Normalmente eu saio pulando, dançando e cantando ela por ai. – Ela volta a olhar o filme. – É uma das minhas musicas favoritas.

- Bom saber. – Falo voltando a atenção para o filme. – Assim eu posso aparecer no meio da noite e fazer uma serenata com ela.

- Invente de fazer uma serenata que você irá passar vergonha. – Ela fala sem olhar para mim. – Eu fico extremamente ranzinza quando sou acordada.

- Bom saber. – Falo e dou uma risada.

Ambar volta a se concentrar em Curtindo A Vida Adoidado. É a primeira vez que eu assisto e quando eu contei para Ambar, ela me olhou como se tivesse sido ofendida e colocou o filme para rodar. O filme mal tinha começado quando eu já desejava fazer o que Ferris fez.

Ela acaba dormindo antes do fim do filme e eu o termino de assistir. A ajeito cuidadosamente sobre os travesseiros e a cubro dando um beijo em sua testa. Ela resmunga algo e se revira na cama fazendo eu sorrir. Desligo a televisão e me deito ao seu lado, me cobrindo e me ajeitando. Fecho os olhos e durmo rapidamente.

"Estou em um campo de flores amarelas e brancas. Tudo está tão claro e iluminado e eu corro por entre elas. Minhas mãos passam suavemente pela flores e eu sinto o aroma delas que se espalha no ar. Ate que vejo Ambar parada no meio delas e de costas para mim.

- Ambar! - A chamo mais parece que ela não me ouve pois nem se mexe. - Ambar!

Grito novamente enquanto começo a correr. Ambar começa a andar rápido pisando em todas as flores e eu continuo correndo sentindo meu corpo ficar mais pesado a cada instante.

- Ambar!

Grito com toda a minha força e ela finalmente para. Me esforço para chegar nela e, quando seguro seu ombro e a viro, Ambar se transforma em Emma.

- Não. - Recuo mais Emma sorri de uma forma doentia para mim. - Você não é a Ambar.

Emma se aproxima de mim e tudo ao meu redor começa a ficar escuro e morrer.

- Você realmente achou que estava livre de mim, Simon? - Emma me pergunta e em um golpe agarra meu braço e finca suas unhas nele o fazendo sangrar. - Você nunca estará livre de mim. Eu irei acabar com a sua felicidade e matarei todos aqueles que você ama.

- Vai embora Emma. - Imploro e Emma aperta mais meu braço.

- Você é meu Simon. - Ela me beija e eu tenho nojo. - Somente meu."

Acordo assustado e gritando. Estou ensopado de suor e Ambar me olha preocupada enquanto segura meus ombros o que me faz perceber que foi ela quem me acordou.

- Calma. Sou eu, Ambar, a sua Peixinha - Ela me fala tranquila e me dá essas informações devido ao meu estado de pânico. Eu apenas a abraço forte e ela faz carinho em minha nuca. - Está tudo bem. Foi apenas um pesadelo. Eu estou aqui.

- Foi tão real. Você estava lá e de repente não estava mais. De repente você era a Emma.

Ambar se afasta de mim e me olha com certa dor no olhar. Entendi que a quase constante comparação com Emma a machucava porque ela não queria que eu visse a minha ex abusiva nela. Me levanto da cama e caminho em direção ao banheiro sem dizer nada. Retiro minhas roupas molhadas e entro embaixo da água fria para que ela lavasse tudo de ruim que aquele sonho significava. Quando saio do banho, encontro uma calça limpa e uma cueca encima da pia que eu sei que Ambar deixou e as visto. Olho meu reflexo no espelho e vejo o colar em formato de coração que estava no meu pescoço e respiro fundo. Ambar não é a Emma. Ambar nunca será Emma. Ambar é doce, engraçada, inteligente e eu amo muito.

Saio do banheiro e vejo Ambar trocando os lençóis da cama. Ela me olha e da um fraco sorriso. Eu a abraço forte e ela suspira.

- Obrigada por estar aqui. - Falo me afastando para ver seu rosto. Âmbar apenas sorri e eu a beijo. - Eu te amo.

- Também te amo Simon. - Ela me passa tranquilidade. - Emma não está aqui e nem nunca vai estar. É apenas eu e você.

Assunto e beijo sua testa. Ambar meu puxa para a cama já arrumada e eu me deito ao seu lado. Ela me abraça forte e entrelaça suas pernas nas minhas. Eu a abraço de volta e beijo seu cabelo me sentindo um pouco menos assustado.

Na manhã seguinte, eu acordo sozinho na cama. Sinto o cheiro de café e lembro que é o nosso ultimo dia ali e que iríamos embora no final da tarde. Levanto e vou ate o banheiro fazendo tudo o que preciso e desço em direção a cozinha. Ambar está sentada lendo um livro e eu a admiro. Chego do lado dela e ela me olha sorrindo.

- Bom dia Amor. – Falo dando um selinho nela.

- Bom dia. – Ela sorri. – Estava te esperando para tomar café.

Eu a puxo delicadamente ate o pequeno balcão que serve de mesa e nós tomamos café. O sol está quente o suficiente para irmos tomar um banho de mar e nós fazemos isso. Ao fim da tarde, estamos melancólicos porque sabemos que não teremos um tempo desse para nós dois tão cedo. Dirijo de volta a Buenos Aires com o radio como trilha sonora. Ambar cai no sono e dorme praticamente a viagem inteira. A acordo apenas quando paro na frente da mansão.

- Amor. – A sacudo gentilmente. – Chegamos na sua casa. – Ambar acorda e olha ao redor curiosa.

- Eu dormi quanto tempo? – Ela me pergunta enquanto se espreguiça.

- Praticamente a viagem toda. – Eu sorrio e ela sorri. Me aproximo e dou um selinho nela.

- Eu vou entrar. – Ela fala fazendo bico. – Te vejo amanhã?

- Te vejo amanhã. – Responde e ela sorri se aproximando e me beijando. Ela se separa e estica para pegar sua mochila no banco de trás. – Boa noite Peixinha.

- Boa noite Amor. – Ela me diz.- Sonha comigo.

Ambar me dá mais um beijo e sai do carro. Eu apenas vou embora depois que ela entra e, quando chego na minha casa, encontro meus pais e Delfi na sala.

- E então? – Meu pai me pergunta curioso enquanto eu me jogo no sofá.

- E então é que Ambar Smith é a nova nora de vocês. – Falo sorrindo todo bobo. Meus pais comemoram e Delfi me dá dois tapinhas nas costas.

- Espero que Sharon goste da noticia. – Delfi fala. – Ela estava reclamando durante as férias que Ambar era muito sozinha.

- Sharon? – Pergunto.

- A mãe da Ambar. – Delfi fala. – Ela passou as férias com a gente em Cancun e veio para Buenos Aires. Ela vai ficar ate o aniversário da Ambar que é mês que vem.

Isso era uma grande novidade.

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