Num Ano Só...

capítulo 39

Quando cheguei ao meu quarto, vi o Alex. Contei lhe tudo e desabafei:
-Eu estou um pouco reticente, eu não quero ser mais uma das suas namoradas. Também não quero que ande com várias além de mim, ao mesmo tempo  ...
- Eu compreendo Carol, e eu gostava de te deixar tranquila mas...
- O vosso quarto é o espaço mais privado dele, se não se sente á vontade lá, então é provável que esteja certa...
- Isso é verdade, mas Caroline ele contou te...
- Alex ele não me contou, eu é que descubri...
- Ele confia em ti, Carol.
- Também confia na Angie e confia no Jonh, não quer dizer que me ame. 
- Carol, vale alguma coisa se eu disser que tu o preocupas? Ele só não quer que corras riscos desnecessários.
- Eu não sou feita de vidro... 
- Eu que o diga ...- disse ele com a mão na mandíbula.
- Desculpa, isso...
- Não tem importância.
- Não sei o que fazer... 
- Enlouquece-o. Se fores importante, não vais demorar muito. O meu conselho é seres pro-ativa, provoca-o, desperta o seu desejo, acredita é  imenso.- disse ele antes de dar um gole do seu chá .
- Eu não faço ideia de como...
- Não lhe toques muito, despreza o um pouco. Quando estiverem sozinhos arranha-o um pouco nas costas e pelo peito. Ah e claro o Gabriel gosta de chupões no pescoço...- Disse envergonhado 
- Como é que tu sabes disso? 
- Eu cortejei um jovem no seu quarto, enquanto lá estava o meu irmão bateu á porta, escondi-me no armário e assisti algo constrangedor... Além de que ele andou com uma jovem que perguntava quais as preferências, enquanto o Gab a visitava, chegava arranhado e por vezes com um ou mais chupões no pescoço... Honestamente, não sei se deves ... Carol, tu és fantástica, o Richard, batia-te e agora respeita-te. Tu tens valor, és forte, inteligente, uma exímia espadachim... Se ele não vir isso, então esquece-o.
- Obrigado Alejandro, fico te agradecida do fundo do meu coração.
- Não agradeças. Eu acho que vou para o meu quarto.
- Até amanhã 
- Até amanhã Carol 
Ele saiu e adormeci. Eu não sabia o que fazer, nem quanto a ele, quanto aos gêmeos, eu queria contar lhes e continuar a confiar neles. Eu reparei que nessa semana o Ed ficou um pouco incômodo com o Jonh, o Gabriel e o Alejandro, durante uns 3 dias parecia estar desiludido e chateado comigo, isso passou mas ele não disse a razão, não me preocupei com isso, mas até a Ângela parecia estar distante. Apesar disso eu tratei o ferimento do Richard quase todos os dias assim como o ferimento do Gabriel. 
O Gabriel começou a aproveitar todas as hipóteses de estar comigo, devido a eu não o procurar minimamente nos meus tempos livres. Eu não estava a seguir á letra tudo o que o Alex tinha dito, mas estava a ignorá-lo, o que o incomodava. 
Na sexta-feira, eu decidi ir dar uma volta pela cidade, fui à casa da Helena para trocar de roupa e sai como Caroline. Eu distrai me a olhar para uma montra e esfarrei com um homem. Tinha cabelos castanhos claros e olhos azuis , era alto, talvez da mesma altura que os Holmes, parecia muito amável.
- Peço desculpa, está bem? 
- Sim,  desculpe eu fiquei a olhar e ... Eu peço imensa desculpa,  espero que não se tenha ... 
- Não se preocupe, estou bem. Chamo me Fritz.
- Croft, quer dizer Caroline Croft... 
- Menina Croft, deixe-me compensá-la... O que via na montra ? 
- Não precisa de me compensar...
- Eu insisto... 
Ele comprou um conjunto de tintas caras, que eu admito, estava a juntar para as comprar. Fomos a um salão de chá, o meu preferido, apesar de não ter proferido uma única palavra sobre aquele lugar. 
Tomámos um chá e conversávamos bastante, descubri que era alemão e que vinha para a cidade por tempo indefinido, disse que ainda estudava, que tinha só 18 anos e que tinha muito em comum comigo. 
No fim daquele inesperado encontro, pediu me para se encontrar comigo outra vez, poderíamos tomar chá  outra vez e ter uma conversa, não pediu muito e eu estava curiosa. Eu combinei encontrar me com ele naquele mesmo salão, na segunda-feira seguinte. Eu reparei que o Gabriel, o Jonh e o Alex passaram e nos viram, o Gabriel ficou um pouco escandalizado, mas não fez nada.
Troquei me antes de ir para o Colégio e quando cheguei lá, vestida de Charles e com o Cabelo preso, passei por ele como se não o conhecesse. O meu pai desceu do seu escritório para ver o que ele fazia no meio do pátio. Eles subiram e eu perdi-os de vista. 
O Holmes foi até ao meu quarto e ficou por lá a observar-me a pintar um quadro, com as minhas tintas novas.
-Quem era ? 
- Um conhecido...
- Conhecidos não compram presentes... Ele levou-te ao salão de chá? 
- Sim
- Gostas dele ? 
- Se eu disser que não, vais espancá-lo, se disser que sim, vais morrer de ciúmes, prefiro não responder...
- Estás chateada comigo? 
- Não Gabriel...
- Tu chamávas me amor, parece que voltei a ser só o Gabriel...
- Não dramatizes. 
- Estás mesmo chateada comigo. - disse ironicamente- Como estão a ser os golpes? Estão a correr bem? 
- Sim.
- O que é que se passa entre nós? 
- Como assim ? 
- Eu ando sempre atrás de ti, tu desprezas me. Antes era mais equilibrado.
- Pensei que estavas apenas mais carente de afetos 
- Talvez, mas não passamos tanto tempo juntos como antes...
- Acho que essa sensação vai passar quando o teu braço estiver em condições de voltares a ...
- Carol não é uma sensação, é um facto.
Eu pousei as coisas, e tirei o avental de pintura,  e fui na sua direção com material médico. Eu sentei me de frente para ele com os joelhos apoiando os joelhos no sofá. Ele estranhou eu estar no seu colo más não fez nada. 
- Ainda não vi o teu ferimento... Quero ver se está a sarar bem... Posso ?
-Claro.- disse ele abrindo a camisa branca calmamente e só com uma mão.
Eu tive o cuidado de tentar não lhe tocar, tirei o curativo e observei. 
- Está a fechar rápido... Um pouco mais do que eu esperava, confesso ... 
- É de família, as feridas passam rápido, pelo menos as físicas...
-Não parece infecionado, parece que tens seguido as minhas indicações, fico mais descansanda...
-Quanto tempo? 
- Bem, eu ainda acho que deve estar completamente sarado em 3 semanas, mesmo com uma boa regeneração... Tens tido dores ? Irritação? Febre ? 
- Nada de febre, nem de irritações. Tenho tido algumas dores ... 
- Onde, mais exactamente? 
Ele agarrou a minha mão direita, encostou a na sua face, e suavemente deslizou-a dali pelo pescoço, seguidamente pelo peito exposto até ao coração. Ele precionou um pouco a minha mão contra o seu peito, fazendo me esticá-la.
- É aquí que dói mais ...
-Quanto a isso eu acho que não posso ajudar ...
- Podes, eu só quero...
Eu beijei-o antes que terminasse a frase. Ele colocou o braço direito á  volta da minha cintura, fazendo-me ficar colada a ele, no entanto parou o beijo devagar ...
-Eu fui rápido demais? Foi isso ? Ou faltei te ao respeito? 
- Shhhh- disse eu com o indicador sobre os seus lábios antes de beijá-lo outra vez.
- Carol, diz-me só... Onde falhei ? 
- Eu não faço o teu gênero... Tu precisas de um lírio branco... Eu sei que preferias as meninas mais tímidas, sossegadas, calmas e ...
- Carol, esquece isso... Esquece que tive outras, esquece quantas foram ... Recorda apenas que a única que importa és tu... 
- Gabriel eu não quero ser só mais uma...
- Carol ... é por isso que tu tens estado ...?  Caroline as coisas são diferentes agora ...
- Como sei que é verdade? 
- Carol queres saber a verdade? Podes não gostar.
- Eu quero...
- Eu não sou simpático, muito menos sensível, sou puramente egoísta. Mesmo que esteja diferente desde que me mudei eu continuo a ser assim, não da mesma forma, mas ... Eu tinha várias e tinha um certo orgulho por isso, agora vejo isso como uma estupidez,. Eu gostava disso, de ter sempre mulheres à minha volta, mesmo não sentindo nada por elas, era só pela ação. Suponho que tenha sido o Alex a dizer-te que eu gostava desse género, eu não tinha sentimentos por elas, só  que se encontrasse alguém para partilhar o meu segredo, não queria que o revelasse e achava que elas seriam boas confidentes. Mesmo assim eu envolvi-me com jovens não tão discretas. Eu não confio em muitas pessoas, por isso achava que alguém com pouca coragem não contaria, mas depois de uns tempos eu cansava me e das duas uma, ou andava com várias, ou afastava me.... Eu queria um acessório, ou algo do género, e por isso elas nunca tinham grande valor, porque eu não me entregava e não me interessava. No fundo eu acho que era mais pela relação fisica... Eu já não quero um lírio branco, um acessório, eu quero uma companheira, uma rosa com espinhos... - Disse ele tocando o meu rosto.
- O que te fez mudar ? 
- Tu ... As outras eram capazes de andar com os dois, sem culpa ou remorsos, mas tu querias descubrir quem ele era, querias que os dois fossem um, para não ter de escolher... Se eu já estava apanhado pela tua beleza, pela tua personalidade, eu recebi a minha sentença e é ficar contigo o resto dos meus dias. Eu mudei porque não era só o Gabriel, ou só ele, eram os dois, porque assim como eu era dois, tu eras também duas. 
- Duas ? 
- Com o Gabriel tu sempre foste mais tolerante, amigável, reservada fisicamente, paciente, afinal o Gabriel é "génio nos estudos" , frio e calculista. Com ele, eras sempre mais carinhosa, impetuosa, forte e rebelde, mas faz sentido, ele era um intriguista, intrometido, muito menos frígido do que o Gabriel. Eu amo te muito.
- Também te amo muito.