O pavor nos olhos de Emma

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Quando eu completei sete anos de idade a minha mãe, Nora, me fez ler uma saga inteira de sete livros sobre um mundo literário um tanto quanto mágico e divertido. Ela dizia que desenvolveria melhor nossa criatividade e imaginação, tanto quanto nosso senso crítico sobre algumas questões sociais que o livro de certo modo aborda. Bom, meus irmãos sempre acharam a saga extraordinária e tenho que concordar que na questão da criatividade é uma saga muito bem construída. Mas a pequena eu de sete anos de idade era muito crítica e cética para levar o mundo mágico de Harry Potter a sério. Sinceramente, eu achava uma bagunça. Não conseguia imaginar pessoas vestidas de capas longas andando para lá e para cá no meio de duendes e outras criaturas mais, dentro de um beco cheio de lojas e movimentação, ou até mesmo dentro de uma escola enorme cheia de alunos fazendo magia e pegadinhas por todo lado. Era horrível me imaginar naquela muvuca.

Então, você deve imaginar como eu me senti andando por uma Londres de 1938, com veículos diferentes dos da minha época e pessoas vestidas com longos casacos e totalmente despreocupadas com a situação em que viviam. Mas a minha missão naquela bendita época não era reparar nas pessoas ingênuas e absortas da realidade pré Segunda Guerra Mundial. E sim, óbvio, observar sigilosamente uma jovem loira de olhos verdes que se encontrava em frente a uma feira londrina, inocentemente escolhendo suas verduras.

Eu já estava observando a jovem desde o momento em que ela saiu de uma residência de fachada bem iluminada e alegre, onde supostamente ela morava. A espionei até chegarmos aos mercados livres no centro de Londres, onde estávamos agora. Laura não parava de tagarelar em meu ouvido, no caso, não parava de tagarelar no aparelho de comunicação instalado em meu ouvido. Perguntava o que eu achava da garota, se ela parecia perigosa ou suspeita de alguma forma. Mas para a infelicidade da minha irmã, Emma C. Swan parecia apenas uma jovem comum como qualquer outra pessoa no centro daquela cidade.

Graças a aparelhos restaurados e instalados no meu equipamento por Robert Carlyle (aparelhos que provavelmente a fabricação e funcionamento estão bem além de sua época, então não perderemos tempo com nomes ou aparências), eu conseguia ouvir a conversa inocente e entediante de Emma com o mercador.

- E como vai a Caitlyn? – a jovem perguntou com um ar de extrema preocupação.

- Está se recuperando, graças ao bom Deus. – o mercador respondeu entregando um dos sacos de verduras.

- E vamos ter a honra da companhia dos Smith amanhã? – ela fez o convite em um tom alegre e despreocupado, como quem faz uma piada.

- Talvez mandaremos o George. – o homem respondeu e Emma fez beicinho. – Sei que gosta da companhia da minha esposa senhorita Swan, mas a caçula está debilitada demais para uma festa.

- Sim, claro. Melhoras a pequena Caitlyn, e estaremos esperando George amanhã. – ela se despediu.

Um apito ensurdecedor tocou em meu ouvido.

- Ela está indo para onde? – foi Laura quem perguntou.

- Eu não sei, não sou vidente. – respondi.

- Em que direção Regina? Caramba, eu tenho que fazer o trabalho por você? – ela reclamou.

- Continue nesse tom e eu desligo os aparelhos.

Ela rapidamente se calou.

Continuei a espionar Emma, agora ela seguia para o final da rua, ao lado contrário do caminho de sua casa. Ela entrou em uma rua à direita e eu a segui. Laura estava eufórica em meu ouvido, não parava de falar, mesmo eu mandando ela se calar de cinco em cinco minutos.

A rua era um pequeno vilarejo, sem saída ao final. Algumas crianças brincavam em frente a última casa e Emma se pôs a frente de um rapazinho de no máximo doze anos. Não dava para ouvir muito bem o que falavam pois a minha querida irmã não calava a boca, hora fazendo perguntas outra falando com Marissa que estava ao seu lado ouvindo tudo dentro da sala de comunicação. As poucas palavras e frases soltas que consegui ouvir foram “Lembre-se de entregar o bilhete a ela" e “Não demore para o jantar ou sua mãe vai ficar furiosa”. A cena em si não havia nada de suspeito ou misterioso, mas ao se virar em minha direção Emma apresentava um semblante sério e concentrado. Parecia se esforçar para manter a calma e a simplicidade. Mas seus olhos de alguma forma pediam socorro. Algo em meu cérebro deu o alerta de me virar para trás, pois com certeza o motivo estaria lá. Mas a jovem a minha frente parecia absorta, olhando diretamente para mim e seus olhos pareciam suplicar ajuda mesmo sua face estando tranquila.

A Garota ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora