Um voto de confiança

149 22 6
                                    

Existem momentos em que por mais que você tente pensar em outra coisa, algo que você está tentando evitar sempre volta ao seu pensamento. Isso acontece diversas vezes ao longo do dia, como aquela música chata que não saí da sua cabeça. E por muitas vezes é apenas uma sensação ruim, algo que você está prevendo, algo que você não quer que aconteça. Mas você sabe que de um jeito ou de outro, aquilo vai voltar para te assombrar.

Desde que conheci Emma Swan, desde que tivemos a nossa primeira conversa naquela noite, eu senti algo diferente. Algo que me atormentava, uma sensação calorosa que tomava conta de mim. E eu sabia que essa sensação só podia significar uma coisa: perigo. Ela era perigosa, por mais que o rostinho de princesa encantada sugerisse que ela era uma criaturinha doce e inocente. Ela ainda era uma catástrofe. Ela era a minha catástrofe.

E eu tive provas de que ela traria o meu fim com aquela pergunta. Aquela pergunta que não saía da minha mente:

“De que parte do futuro você é, Regina Mills?”

A maldita pergunta ainda ecoava na minha cabeça, como um zumbido, enquanto Emma Swan me encarava.

Eu tentei, pela milionésima vez, avaliar o rosto de Emma. Ela estava calma, se mostrava paciente, mas estava ansiosa pela resposta. Seu rosto continha um pequeno sorriso de lado, o sorriso de quem sabe que está certa, o sorriso de quem sabe que está vencendo o jogo. Eu suspirei, ela piscou ansiosa.

O quê eu poderia fazer? Mentir? Não, não funcionaria. Ela já estava me observando, sabia que eu estava pensando no melhor modo de contornar a situação. Se eu mentisse seria pior. Eu teria que jogar o jogo dela, teria que fazer ela falar. Levar toda situação ao meu favor.

- E o quê você sabe sobre viagens no tempo, senhorita Swan? – eu perguntei casualmente.

Ela sorriu.

- Algumas coisas. Mais do que você imagina. – ela respondeu orgulhosa.

Certo. Eu estava pisando em um campo minado, cada palavra teria que ser milimetricamente planejada em questão de poucos segundos, um passo em falso e seria o meu fim.

- E como pode saber tanto? – perguntei, tentando não parecer tão agressiva ou ansiosa.

Ela parou, olhou para a cama de Anne May. Olhou para a janela. Estava pensativa. Ela também estava escolhendo as palavras certas para falar.

- Eu.. eu conheço algumas pessoas. – ela respondeu por fim.

- Pessoas. – eu repeti e ela assentiu cautelosamente. – Do futuro?

Ela assentiu outra vez.

- Você não vai me dar nomes, certo? – indaguei.

- Eu acho que não. Sabe, para a minha segurança. – ela respondeu.

Notei uma cautela excessiva no modo como ela falava. Seria medo? Talvez não, ela não estava com medo de mim, talvez estivesse com medo do que eu poderia representar.

- Você disse que eu estava te espionando, Swan. – eu disse e ela ergueu levemente a sobrancelha. – Teria motivos para ser espionada?

- Todos nós temos motivos. – ela respondeu, breve.

- E os seus motivos seriam.. ? – eu tentei.

- Depende do que você quer que eu diga. – ela sorriu.

Era um sorriso de nervoso. Ela estava tentando não se entregar. Então, significava que eu estava conseguindo algo. Era hora de eu jogar as cartas de detetive perigosa da ARCIT.

A Garota ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora