O Caso Nero

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Ano de 1392, Nova Era.
Palácio do Ministério de Leis Temporais.

- Regina. – uma voz solene atrás de mim chamou.

Eu estava sentada em uma fileira de cadeiras de espera, em frente à porta da Sala Judiciária. A voz que chamara era a voz do meu tutor, meu Chefe de Agência, Marco Ferracini. Ele vinha da sala de reuniões, onde estava conversando com o Ministro Hernandez (o chefão do departamento, aquele que tinha o pleno poder para destruir a minha vida e tirar a minha carteira de detetive recém formada). Marco veio em minha direção, estava cansado e parecia transtornado. De acordo com a expressão de mau gosto dele a conversa não tinha sido nada boa.

- E o traidor? – perguntei, ele suspirou em reprimenda.

- Iago Dantas ainda está em observação. – ele respondeu sentando ao meu lado. – A situação não está nada a seu favor, Regina. Esperamos que ela consiga alguma coisa.

- Não estou de acordo com tudo isso. – respondi.

- Você é inocente. – ele alegou, me fazendo encara-lo.

- Hernandez é quem vai declarar isso.

Ele me encarou pela última vez, então decidiu que não adiantaria nada protestar ou afirmar nada. Eu não tinha nenhum controle sobre as leis que concretizariam o meu destino. Iago tinha jogado as cartas que tinham acabado com a minha carreira. E tudo dependia das palavras daquele porco traidor.

O silêncio que fluía no corredor teve o seu fim com o estampido firme de saltos femininos batendo no assoalho. Suspirei. Ela tinha chegado.

- Juíza Caliman, se estivéssemos em uma situação mais propícia diria que é um prazer enorme. – Marco a cumprimentou, se levantando de braços abertos, cortês demais para a situação.

Meus olhos continuavam na porta, mas pude perceber que tinha alguém com ela. Arthur, eu imaginei. Ela cumprimentou Marco, ouvi alguns murmúrios. Típico, ela só gostava de elevar a voz com os filhos, ou em um tribunal. Coisa que fazia perfeitamente bem.

- Regina.. – ela se dirigiu a mim. – Levante-se e venha falar com a sua mãe.

Eu apenas a encarei. Pude perceber que ela não gostara nem um pouco do modo que respondi ao seu chamado. Então ela veio até a minha direção e se sentou ao meu lado, na cadeira que antes estava ocupada por Marco. Eu voltei o meu olhar para a porta.

- Quando isso vai começar? – ela perguntou conferindo o relógio em seu pulso.

Eu sempre achei o relógio antiquado, mas para ela era uma relíquia.

- As 14:30. – eu respondi, ainda encarando a porta.

- Você já tem alguma ideia de como estamos? Tipo, qual é a nossa situação? – dessa vez fora Arthur quem perguntou.

Ele vinha sentar ao meu lado, com sua pasta preta contendo todos os argumentos e documentos que segundo ele poderia salvar a minha carreira. Ele ainda era bem jovem, tinha apenas 17 anos. Mas o porte, a expressão séria e o terno preto com certeza lhe dava um ar mais maduro apesar de seu rostinho de menino lhe dar uma aparência jovial. Ele era um rapaz muito bonito e se parecia demais com Nora.

- Não é das melhores, garoto. – eu murmurei, minha mãe bufou.

- Qual o ministro? Hernandez? Pois bem, homens desse tipo não resistem a uma abordagem mais.. feminina. – pude perceber um tom de divertimento na voz dela.

- Hernandez é esperto mãe. Ele não vai cair nas suas manipulações. – eu aleguei, irritada.

- Não subestime a sua mãe. Você parece estar cansada, querida. – ela envolveu o braço em meus ombros e com a mão livre segurou o meu queixo, forçando-me sugestivamente a encara-la. – Por quê não deixa a mamãe tomar conta das coisas por você?

- Nora Caliman, por quê você não se dispõe a manipular a vida do próprio diabo? – eu perguntei e ela sorriu, como se estivesse orgulhosa ou algo do tipo.

- Pequeno demônio. – ela murmurou, soltando o meu queixo e voltando o rosto para Marco. – Ela lhe deu muito trabalho?

- É a melhor. – ele a respondeu. – E a mais complicada.

A porta da Sala Judiciária se abriu, um rapaz um pouco mais velho que Arthur se pôs a nossa frente e declarou que a audiência iria se iniciar. A hora que se seguiu foi longa, cansativa e aporrinhante. E como eu imaginava, o Ministro Hernandez não facilitou nem um pouco para a minha mãe e chegou a alegar que “a Juíza Caliman não teria o direito de total participação do caso, pois não faz parte do departamento”, ela obviamente ficou fula da vida. Mas todos os argumentos do jovem inspetor Arthur Caliman, não resolveram muito a minha situação. O Ministro Hernandez remarcou a audiência para o dia seguinte. E a minha única esperança era que Iago voltasse atrás em suas palavras e me desse pelo menos a oportunidade de poder quebrar a cara dele antes de pegar prisão ou algo do tipo. Mas mesmo assim, nada adiantaria as palavras de um traidor.

No mesmo minuto que a audiência acabou, eu me retirei da Sala Judiciária. Eu estava esgotada, estressada. Meu mundo parecia que ia desabar a qualquer instante. Faltava apenas um “a" para eu desabar no choro. Nora logo veio atrás de mim.

- Regina. – ela chamou. Eu já estava na metade do corredor, indo em direção a porta principal. Apenas me virei e a encarei. – Venha até a sua mãe.

Me dirigi até ela já sem forças para protestar ou brigar de alguma forma, eu só queria me afundar em algo reconfortante e chorar até a morte. E para o meu privilégio, o lugar reconfortante naquele momento era o colo de minha mãe. Nora e eu tínhamos o mais absurdo e complicado dos relacionamentos, ela era terrível e eu pior ainda. Mas ela estivera ali, na maneira dela, tentando me consolar nos piores momentos da minha vida.

- Você é inocente, Regina. – ela sussurrou em meu ouvido.

- Todas aquelas pessoas, mamãe. – eu devolvi o sussurro no mesmo tom. – Todas as crianças...

- Fique quieta e me escute. Eu não estava no local, eu não posso dizer com todos os detalhes o que aconteceu. Mas eu sei de uma coisa: a minha menina é irresponsável, mas é inocente. – ela dizia em tom de reprovação, dando bronca em uma criança teimosa. – Você é a criança mais forte que eu criei, Regina Caliman. E se você se culpar outra vez, se insinuar outra vez. Eu juro que não respondo por mim.

Ouvi o ruído da porta da Sala Judiciária se abrindo, Arthur e Marco vinham em nossa direção. O rosto jovial do meu irmão continha uma expressão satisfeita, quase vitoriosa. Até hoje eu não sei qual foi a mágica que o meu irmão e Marco fizeram para ludibriar o Ministro Hernandez, apenas sei que na audiência seguinte fui absolvida de toda a culpa e acusações que caíram sobre mim no Caso Nero. Apesar de tudo, ainda tenho plena consciência e certeza sobre uma coisa: havia algum dedo de Nora Caliman em toda essa história.

Comecei a pensar sobre isso e sobre tudo o que a Von Bercovith me fez passar com Iago Dantas, um erro. Antigamente, antes de todo o caso, era muito comum os detetives das duas agências se envolverem em casos em conjunto. Iago Dantas era um detetive da Caesar Von Bercovith e estava atuando comigo em um caso do século XXII. Estávamos investigando um caso em plena guerra, uma das guerras. Iago era meu noivo. É uma história longa e me dá muita dor de cabeça. Mas foi o princípio para o meu ódio de tudo o que vinha daqueles porcos traidores da Von Bercovith.

- Eu ainda estou tentando entender, qual foi o milagre divino que Richard Gardner manifestou para que você confiasse nele. – eu declarei, depois de longos minutos em um silêncio pensativo.

Laura ainda me encarava pela tela do aparelho, taciturna, me avaliando. Ela parecia se concentrar para algo além de mim, algo que ela não poderia deter.

- Eu compreendo a sua cisma, seu ódio, ou o que for pelos agentes da Von Bercovith. Mas Gardner me deu um ponto. – ela respondeu, ainda a me avaliar.

- Um ponto. – eu repeti. – Certo, Lauriana. De que ponto estamos falando?

Então ela se levantou de repente, deu a volta em sua cadeira e sumiu do meu campo de visão.

- Laura? – eu a chamei.

Ela voltou alguns segundos depois trazendo uma robusta pasta catálogo de cor vermelha-desbotada. Com a pasta aberta, ela foi tirando fichas e mais fichas e colocando-as em cima de sua mesa. Então ela virou sua câmera para que eu pudesse ter uma visão melhor do conteúdo da pasta.

Ao olhar todas aquelas fichas outra vez, meu estômago se revirou por inteiro e a ânsia tomou conta de mim. Minha mente viajou para o lugar mais sombrio e não tão distante no passado. E todas as lembranças voltaram como um fantasma.

- Ele ameaçou você com isso? – interroguei, fitando com desprezo todos os papéis em cima da mesa.

- Vai muito além disso. – eu ouvi a voz dela ressoar enquanto a câmera ainda estava virada para as fichas.

- Você vai me explicar. Tudo do começo. – eu exigi e ela suspirou.

- Eu recebi uma mensagem. O remetente era desconhecido mas eu consegui recuperar o sinal com alguns minutos de trabalho árduo, a mensagem era clara em poucas palavras: O Caso Nero. – minha irmã respondeu, virando outra vez a câmera para ficar a minha vista. Eu estremeci na base do ódio ao ouvir aquelas palavras. – Com o sinal recuperado, eu consegui entrar em contato e fui arrancar informações. Era ele, Richard Gardner. No princípio fiquei completamente desconfiada, confesso que ainda estou. Mas é a nossa melhor opção. Ele parecia atormentado, queria fazer uma troca. Então marcou uma reunião, mas uma reunião privada. Ele não queria a Von Bercovith envolvida. Ele parecia repreender veemente a ideia da Von Bercovith envolvida. Ele me deu algumas fichas, documentos e pediu para eu dar uma olhada. Eram os documentos que continham as informações de Christina Scarabel, alguns registros de nomes e pessoas ligadas a Emma Swan e outras informações que estão me arrepiando até agora. Então ele disse, disse que precisávamos incluir os registros na missão, que precisávamos investigar o envolvimento de Emma com a família Scarabel. E em troca disso, em troca de apenas isso, ele conseguia essa pasta para você. Essa pasta que segundo ele contém todas as informações que a Von Bercovith guarda sobre O Caso Nero.

Todos os meus pensamentos estavam a mil. Não se podia confiar em nenhum crápula da Caesar Von Bercovith, eu aprendi isso na pior das situações alguns anos atrás. Mas Richard Gardner era estranho, algo nele era inócuo, ele era apenas um peão de xadrez que os grandes chefes estavam acostumados a mover para lá e para cá. Era de se esperar que em algum momento ele se revoltasse, Gardner era inteligente o bastante para conseguir sua própria falcatrua. E como gênios desolados, ele não gostava de ser recusado pela chefia. E por esse motivo Gardner era perigoso o suficiente, ele tinha vontade própria. Eu não confiava nem um pouco nele.

- Por quê ele chegou até você ao invés de falar diretamente comigo? – eu perguntei e ela ergueu a sobrancelha em deboche.

- Ele não é estúpido. Ele sabe que você me ouviria. – ela respondeu.

- Eu não confio nele, alguma coisa está cheirando mal. – declarei e ela suspirou.

- Você ainda está pensando em Iago? – ela perguntou, me fazendo gargalhar.

- Não pronuncie o nome de Judas, Lauriana. Traz azares. – eu a repreendi.

- Sim eu sei, você tem uma ótima razão para desconfiar. Iago foi o verdadeiro culpado do Caso Nero. Ele era um traidor e blá blá blá. Mas nós temos que ver a situação a partir de lá, Regina. Por quê Richard Gardner pediria ajuda sabendo que você não confiaria? Por quê ele repetiria a história? – ela contestou e tive que admitir que era um bom argumento.

- Ele sabe muito mais sobre Emma do que se pode esperar. – declarei e ela assentiu. – Isso está errado. Eu não posso cair outra vez nesse jogo.

- E tem outra coisa. – ela declarou e eu esperei, um tanto curiosa. – Chegou algumas cartas para o seu escritório, eu achei bem estranho.

- Mande pelo Sistema. – pedi e ela trancou a cara.

- Você não pode usar o Sistema tantas vezes em uma missão, Regina. – ela repreendeu.

- Para de ser careta. Nem parece que a pouco tempo estava quase caindo no pau com Robert por ele vir com o mesmo discurso. – eu impliquei. – Não sabe o conteúdo das cartas?

- Eu não. Elas são pra você. Se tiver uma bomba lá dentro as consequências são suas. – ela brincou, porém ao ver a minha careta se arrependeu pela escolha de palavras. – Desculpa, não vou usar mais as palavras “bomba", “fogo" ou “cidade" antes que você me fulmine só com o olhar.

- Vá se danar, Lauriana. – eu praguejei e ela sorriu.

- Os tempos antigos estão fazendo bem pra você. Está aprendendo ofensas novas.

- Não tenho tempo para isso. Vou pensar sobre o caso e amanhã conversamos. – eu respondi fazendo menção de desligar o aparelho. – Ah! Não esqueça as cartas.

- Vou ver se o Sistema está de acordo com isso. Você sabe que eles pegam pesado com as encomendas. – ela suspirou, negando com a cabeça.

- Eles vão concordar. Eles me adoram. – respondi simples e ela riu.

Aliás, vamos voltar um pouquinho e começar as explicações. O Sistema, como o próprio codinome diz, é um sistema. Ele foi criado por agentes do tempo para se comunicar e enviar suprimentos ou outros apetrechos aos detetives em suas missões. É um pouco mais complicado de se explicar pois envolve uma base infiltrada por todos os confins do tempo e espaço. Então qualquer agente pode solicitar receber algo que precise pelo Sistema e escolher a forma de recolhimento da época, que no nosso caso ainda são as caixas de correio. Porém eles são rigorosos e raramente enviam mais de duas vezes por missão. Apenas em caso de vida ou morte. Que no meu caso, é super morte. E infelizmente no meu caso é um pouco mais complicado pois quem monitoriza o Sistema é o próprio Chefe de Agência, sendo assim Marco Ferracini pode ter acesso a informações de qualquer coisa que chegue para os agentes dele. Isso não é boa coisa para mim, que estou tentando deixar Marco de lado o máximo possível na missão.

Isso é uma das coisas que mais me assombra. Marco descobrir o rumo que essa missão está tomando e as coisas que eu já fiz para me sustentar até aqui.

Eu ainda estava pensando sobre isso, quando ouvi algumas batidas educadas demais na minha porta. Eram as batidas de Anne May. Eu pedi para ela entrar.

- A senhora Rosewood está chamando para jantar, senhorita Mills. – ela disse chegando para perto de mim e subindo, com certa dificuldade, em cima da minha cama.

- Diga a ela que estou sem apetite. – eu a respondi com um sorriso educado.

Crianças as vezes me deixava apreensiva. Como se Anne May tivesse o poder de explodir meus miolos com um grito de manha de repente. E se ela começasse a chorar do nada?

- A senhorita vai ficar por quanto tempo? – ela perguntou.

- Ahn. Talvez um pouco mais do que eu imagino, pequena Swan. – eu respondi.

- Então vai ficar para o Natal? – ela continuou.

- Sim, vou ficar. – respondi tentando entender onde ela queria chegar.

- Certo. – ela murmurou. – Emma não comemora o Natal, então eu nunca ganho presente dela. Sabia?

- Um fato interessante, pequena Swan. – eu sorri, agora já entendendo onde ela queria chegar.

- E a senhorita é amiga da Emma, não é? Ela gosta de você. – ela constatou pensativa.

- Eu diria que sim. – respondi no mesmo tom, ainda avaliando se poderia me declarar amiga de Emma.

- Você pode pedir para ela me dar algum presente? Eu tenho vergonha. – cochichou.

Encarei a criança, um pouco encabulada. Ela me olhava com os típicos “olhinhos de gatinho do Shrek”, mesmo ela não fazendo ideia de que isso era possível. E então a típica frase de Nora Caliman ocorreu na minha mente “Crianças são o exemplo perfeito da persuasão dos demônios, conseguem tudo com olhinhos brilhosos”.

- Você sabe como se chama isso que está fazendo, pequena Swan? – eu perguntei, um pouco duvidosa.

Ela balançou a cabeça veemente em negação, me encarando pensativa.

- O nome disso é chantagem emocional. Persuasão. Sabe o quê isso significa?

Ela balançou a cabeça em negativa outra vez. Eu achei uma graça a situação.

- Significa que a senhorita quer ganhar presente e sabe que se eu pedir para Emma ela não vai negar. E está usando a minha amizade com ela a seu favor. – eu expliquei. Ela me encarou um pouco, pensativa.

- E isso é ruim? – ela perguntou.

Eu tive que me segurar para não rir. Por fim respirei fundo e continuei.

- Isso é se aproveitar da boa vontade e dos sentimentos de uma pessoa, principalmente aquelas que são próximas a você. – eu continuei a explicar.

- Então a senhorita não vai pedir a Emma? – ela continuou.

- Eu vou pensar no seu caso, certo? – eu concedi e ela sorriu. – Vou pensar, pequena Swan.

- Vai pensar em quê? – eu ouvi uma voz familiar vindo do corredor.

O rosto de Emma emergiu da porta do quarto entreaberta. Ela encarou a pequena Anne May e depois me encarou. Os olhos verdes cheios de curiosidade.

- É um segredo. – Anne May respondeu. – Não podemos contar.

- Eu também tenho um segredo para você. Está na hora da senhorita dormir. – Emma murmurou e a criança fez um biquinho.

- Boa noite, senhorita Mills. – ela se virou para mim, ainda com bico de desolação e marchou para o corredor batendo os pés no chão.

- O quê ela quer? – Emma perguntou, logo após fechar a porta do meu quarto.

Senti uma pontada fria na região baixa do estômago. Eu estava em uma fase em que ficar sozinha no quarto com Emma me assombrava.

- Ela quer ganhar presente de Natal. – eu respondi, minha voz saiu um pouco trêmula, algo que fugiu do meu controle.

Emma suspirou profundamente. Ela veio para o meu lado na cama e se jogou de costas nela, então virou o rosto para mim. Os olhos dela estavam cravados em meu rosto, avaliando todas as minhas expressões. Ela franziu o cenho por alguns segundos e então virou o rosto para o teto, negando algo para si mesma.

- Alguma coisa errada, Swan? – eu perguntei.

- O quê a sua irmã queria comigo? – ela perguntou ainda olhando para cima.

- Ah. Não ligue para Lauriana. Ela é desconfiada. – eu tentei.

- Ela falou algo importante para você? Sobre a missão? – Emma insistiu.

Eu tentei de todos os modos encara-la sem transparecer preocupação ou algum indício de que eu estava ocultando algo.

- Só que nós temos algumas cartas para buscar amanhã. – eu respondi e ela rapidamente se virou para mim, com um enorme sorriso.

- Nós?! – ela se empertigou.

- Sim. Nós, detetive Swan. – eu brinquei e ela pareceu mais satisfeita do que nunca.

- Não. Precisamos de codinomes. – ela pareceu pensativa e então me encarou atentamente. – Você vai ser Holmes. Isso. Holmes.

- Holmes? Sério? – indaguei incrédula. – Como Sherlock Holmes?

- Exato. – ela assentiu satisfeita. – E eu, vejamos..

- Watson. – eu sugeri e ela fez careta.

- Seja mais criativa, Holmes. – ela ralhou.

- Oh, claro. Como se chamar uma detetive de Holmes fosse algo mega criativo. – debochei e ela me encarou a contragosto.

Eu encarei de volta, ainda achando a maior graça. Os olhos verdes faiscando de cólera pela minha ousadia de criticar a originalidade dela. Os olhos verdes em chamas.

- Esmeralda. – eu anunciei.

Ela pareceu considerar, o brilho nos olhos dela pareceu mais intenso e então ela sorriu.

- Esmeralda é um bom codinome, Holmes. – ela constatou.

- Emma Swan... – eu comecei e ela me encarou com uma carinha brava. – Digo, detetive Esmeralda. Você é bem fantasiosa.

- Eu tenho que ser, sou uma professora primária. – ela apontou e eu tive que concordar.

- Então, amanhã nós iremos buscar nossa encomenda e podemos conversar melhor sobre os nossos planos. Certo? – eu sugeri e ela me encarou.

Ela se sentou por fim, estava bem mais perto de mim, encarando o meu rosto com fervor. Por instantes eu podia jurar que ela ia me beijar. Então ela se levantou e sorriu. Eu a encarei um pouco aturdida.

- Nos vemos amanhã então, detetive Holmes. – ela respondeu, levando a mão à altura da cabeça e me cumprimentando com a aba de seu chapéu imaginário. Não pude deixar de rir.

- Nos vemos amanhã, detetive Esmeralda. – eu concordei e ela abriu um largo sorriso.

Mal pude pensar em algo mais para responder, em instantes ela já tinha saído do quarto e fechado a porta. Me deixando em uma espécie de embriaguez. Totalmente perdida em pensamentos tão confusos quanto o passado de Emma Swan, digo, detetive Esmeralda.

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NOTAS FINAIS

Então pessoas, chegamos até aqui e ainda tem MUITA coisa pra acontecer e se revelar. Eu espero de coração que vocês estejam gostando. Vocês podem se sentir a vontade para apontar erros ou cenas, ideias ou qualquer coisa mal entendida.

Mas o quê eu realmente vim pedir é paciência! kkk Sei que eu demoro bastante pra poder atualizar mas estou aqui criando uma rotina que vai dar certo.
Logo vocês terão atualizações duas vezes por mês, eu sei que ainda é demorado mas eu preciso organizar algumas coisas antes de atualizar toda semana. Então se tudo der certo, vou começar a postar todos os domingos.

Então é isto, sintam-se a vontade para comentar. A história é de vocês 😘🤙

A Garota ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora