-Diferente

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Sábado de manhã eu acordei e vi Jess sentada na janela do meu quarto, ela parecia triste. Então fui até lá para saber qual era o problema.

-Bom dia amor.- Eu disse abraçando-a.

-Bom dia.- Jess deu um sorriso torto.

-O que aconteceu?- Perguntei.

-Nada, amor.- Ela ficou encarando meu rosto por alguns minutos.

Fiquei sem jeito rapidamente. Tentei puxar assunto novamente.

-O que vamos fazer hoje?- Sorri para quebrar o gelo.

-Eu preciso conversar com você, amor.- Seu tom de voz estava sério demais.

-Tudo bem.- Recolhi meu sorriso- Pode falar.

-Depois, amor.- Jess sorriu para disfarçar a tensão evidente em seu rosto.

Nós descemos e tomamos café, ainda sentadas à mesa eu insisti para que ela dissesse o que havia de errado.

-Eu to ficando nervosa, amor. O que você tem pra me dizer?- Levantei e me sentei em seu colo.

-Então...- Jess começou a falar.

As palavras dela me fizeram sentir como se eu estivesse levando facadas diretamente no meu estômago, meu coração acelerou, minhas veias dilataram, meu suor era frio. Não consegui dizer uma palavra, minha indignação estava estampada no meu rosto. Levantei-me de seu colo e me pus de pé ao seu lado. Minha voz estava trêmula.

-Você não pode me deixar.- Pus minhas mãos na cabeça.

Jess se levantou, foi até mim e tentou me abraçar, mas eu não deixei.

-Não fica assim comigo, por favor. Não é uma coisa que eu queria fazer, eu tenho que fazer.- Jess estava chorando.

Não entendi muito bem, mas por algum motivo minhas lágrimas não caíam.

-Mas e... Eu? Como eu fico?- Naquele momento foi impossível encará-la- Eu não signifiquei nada pra você? Você não pode fazer isso, não sem um motivo.

-Eu já te expliquei. Minha tia precisa de ajuda, ela mora sozinha. Sou a única que pode ajudar ela.- Jess segurou em meus pulsos.

-Mas não precisa ser assim. Nós podemos nos falar por celular, ou até mesmo pela internet. Não precisamos terminar.- Para mim havia ainda uma luz no fim do túnel.

-Meu pai quer que eu me concentre nos estudos, então estou completamente proibida de ter distrações.- Jess parecia estar mentindo.

-Não acredito em você.- Olhei seriamente em seus olhos.

-Eu te amo, não diga isso pra mim, por favor.- Apesar de tudo ela parecia tão destruída quanto eu.

-NÃO FALE QUE ME AMA!- Me descontrolei e bati no rosto de Jess.

Naquele momento as lágrimas vieram à tona, me arrependi imediatamente de ter feito aquilo. Jess me soltou e pôs a mão em seu rosto enquanto me olhava espantada.

-Me perdoa, eu não queria ter feito isso.- Disse à ela.

Jess se virou indo em direção a saída.

-NÃO!- Gritei- Por favor, não vai assim.

Não achei que ela fosse atender o meu pedido. Para minha surpresa Jess voltou no mesmo instante, me abraçou fortemente fazendo que meu corpo ficasse na ponta dos pés, porém sustentado pelos seus braços. Aquele abraço acalmou tanto a mim quanto a ela.

Ficamos em silêncio e inertes por muito tempo. Até que ela me soltou e nossos olhares se encontraram, imediatamente nos beijamos. Foi um beijo diferente, havia o amor, que esteve presente mais forte que nuca, porém também havia a dor, causada pelo simples fato de saber que aquele poderia ser o nosso último beijo.

-Eu...- Jess tentou dizer algo, mas eu a interrompi.

-Não fala nada.- Sussurrei de olhos fechados.

Fui até meu quarto, peguei o gato de pelúcia que ela havia me presenteado há pouco tempo e pus minha aliança na coleira dele, o coloquei na caixa e desci novamente.

-O que é isso?- Ela perguntou secando os olhos.

-Nada. Me promete que só vai abrir quando estiver no avião?- Disse.

-Eu prometo.- Jess pegou a caixa e beijou minha testa.

Alguns minutos depois o celular de Jess tocou, era a mãe dela avisando que estava a esperando em casa com tudo preparado para que ela pudesse viajar.

-Não achei que fosse acontecer tão rápido.- Disse Jess jogando seu celular no chão.

-Eu não sei o que dizer mais.- Cruzei os braços e olhei para ela.

-Diz que me ama?- Jess estava chorando novamente.

-Eu amo você.- Meu tom era frio e meu olhar estava direcionado para o nada.

-Eu amo muito você.- Jess me abraçou.

Segurei em sua nuca e a beijei novamente. Jess agarrou em minha cintura como nunca antes. Acho que ela pretendia que aquele fosse um beijo quente, mas algo me impedia de dar continuidade. Eu não estava nenhum pouco feliz e a única coisa que me lembro de estar sentindo naquele momento era dor, uma enorme dor em meu peito.

Jess me soltou então. Eu não tive coragem de levá-la até a porta, não faço ideia de

qual teria sido minha reação se eu tivesse feito isso.

Subi as escadas, entrei em meu quatro e me sentei na cama abraçando os joelhos. O tempo parecia ter parado, me recusei a sair da cama. Havia milhares de "por quês" na minha cabeça. Nada fazia mais sentido para mim.

I kissed a girlOnde histórias criam vida. Descubra agora