Bye.

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No começo da terceira semana eu me sentia um lixo incapaz de sair do meu quarto,incapaz de abandonar o meu mundo solitário incapaz de encarar as consequências dos meus atos impensados incapaz de olhar de frente à crueldade que eu havia cometido contra outro ser humano, contra meu doce garotinho alfa,minha consciência estava pesada mas não mais do que o meu coração carregado de remorso e rancor ao mesmo tempo ,sabendo que nunca mais eu irei conseguir olhar no seu rosto novamente.

Em alguns dias acabaria nosso contrato,em alguns dias tudo o que ele lembraria de mim seria apenas do monstro que sou,sem controle sobre os desejos irracionais de minha mente,sem controle sobre mim.

Agora tudo o que me restava era me arrastar até minha empresa, continuar minha vida e torcer para que nunca mais eu o encontra-se durante minhas pequenas visitas ao The grounders.

Durante dois dias eu não sai de meu quarto, durante dois dias eu pude escutar enquanto ele chorava com Raven e Anya provavelmente cuidando de seus ferimentos, durante dois dias Raven e Anya tentaram de todas as formas conversar comigo.

E eu apenas me isolei, sempre recorri ao isolamento para pensar e decidir como prosseguir,sempre consegui me resolver melhor no silêncio de meu desespero.

Nesses dois dias portanto, não consegui pensar, não consegui não lembrar de seus olhos brilhando para mim,ele me amava e eu o odiava,eu havia o machucado além da dor física e eu apenas conseguia me lembrar.

Me lembrar do cheiro delicioso de sua pele.

Me lembrar do som suave de suas raras risadas quando Anya o fazia rir de suas histórias vergonhosas enquanto eles estudavam e ele ficava triste por sua falta de conhecimento.

Me lembrar de suas cantadas sem graça,de quando ele as testava com Anya.

Me lembrar das noites em que ele dormia aqui, quando algumas vezes por carências de minha parte, dividi minha cama com ele,da forma carinhosa que ele me abraçava,do modo como suavemente ele idolatrava meu corpo e meu ser em geral.

Me lembrar de seus olhares de admiração quando eu lhe explicava sobre alguma coisa,um quadro pendurado em minha parede,um livro que eu havia gostado,ou do significado de uma simples flor,ele sempre me agraciava com seu olhar de admiração como se eu fosse a portadora de uma saberia única,da única que importava para ele.

Me lembrar do calor gostoso e protetor de seu corpo,de como eu me agarrava desesperadamente a ele nas horas de prazer extremo, mesmo eu estando o usando como um objeto,ele parecia envergonhadamente compartilhar daqueles momentos.

Me lembrar da maneira como ele parecia feliz como um filhotinho fica quando seu dono finalmente chega em casa, principalmente quando esse mesmo dono lhe faz um simples cafuné ou o da um sorrisinho distraído,e do quanto eu desprezava isso.

Me lembrar …era tudo o que me restava.

No terceiro dia de meu isolamento,minha mente já estava mais clara.

Eu conseguia ver o quadro geral,eu conseguir ver a pobre Clarke (Alexandre) mendigando algum tipo de atenção,uma simples conversa ou apenas estar perto de seu amado Finn ( eu),eu conseguia ver Finn a ignorando e menosprezando,consiga ver Clarke sofrendo em silêncio enquanto sentava em baixo do enorme Salgueiro apenas para admirar suas iniciais gravadas ali,junto as de Finn.

Eu havia me tornado ele, havia feito igual a ele.

Não conseguia me perdoar, não conseguia ver Alexandre me perdoar,eu não merecia.

Por um momento minha mente me permitiu voltar ao dia da festa,por um momento consegui ver através dos olhos de Alexandre,uma imagem dolorosa de uma Clarke sendo influenciada por um alfa,um alfa que havia a marcado sem seu consentimento,um alfa que havia a usado e magoado,um alfa que claramente estava a apalpando enquanto ela permanecia impacivel,presa em seus pensamentos enquanto aquele homem se esfregava nela, então eu pude sentir uma raiva esmagando meu coração,pude sentir uma vontade de proteger aquela mulher, aquela boa mulher que apesar de tudo me acolheu da melhor maneira,aquela mulher que me deu conhecimento e vontades,aquela mulher que havia despertado meu amor e respeito.

Então não suportando mais àqueles sentimentos eu resolvo agir, mesmo sabendo que ela irá me odiar, mesmo sabendo que ela nunca sentirá o mesmo, mesmo sabendo que ela nunca olhará para mim de verdade,eu fui e a tirei daquele efeito,eu a protegi daquele ato forçado e induzido.

Então eu me entreguei,me entreguei a minha dor,me entreguei ao remorso,me entreguei as minhas fraquezas e chorei.

Chorei por ter o machucado, chorei por ter me apaixonado, chorei por ter me tornado um Finn sem ao menos me importar com isso.

No quarto dia eu já me sentia melhor,eu sabia que poderia olhar naqueles lindos olhos novamente e pedir desculpas, poderia tentar.

Um pouco hesitante deixei o conforto e segurança de meu quarto, descendo as escadas até estar na cozinha,como sempre meu café da manhã estava na mesa.

Anya estava parada no canto da cozinha enquanto me observava curiosamente, aquilo me incomodou profundamente mas continuei pegando meu café.

-- você não fez panquecas de banana com canela? _ perguntei um pouco chateada _ é uma forma de vingança? De punição?

-- ele foi embora _ avisou Anya enquanto eu sentia meu coração se despedaçando,mas afinal,o que eu esperava? _ ele que fazia as suas preciosas panquecas.

-- quando? Quando ele foi embora? _ perguntei enquanto sentia um estranho desespero surgindo em mim _ por que não me avisaram?

-- ontem, depois que passou duas horas sentado na sua porta que nem um filhotinho abandonado enquanto chamava por você _ falou Anya enquanto olhava suas unhas como quem não estava nem aí _ ele é uma gracinha,sempre o comparo a um filhotinho de alguma coisa, não consigo evitar…mas enfim,foi depois disso que ele foi praticamente arrastado porta a fora por uma Raven muito brava.

-- ela deve estar querendo minha cabeça né ? _ perguntei cabisbaixa enquanto ia empurrando o café da manhã forçadamente garganta abaixo _ e ele então,nem se fala.

-- é ,Raven realmente quer sua cabeça,ela não queria até ver o estado do lobinho, depois ela queria,daí ele tava todo depre na sua porta e você nem aí pra existência dele _ começou Anya enquanto olhava fixamente para o teto,como se ela pudesse ver um filme dos acontecimentos passando bem ali _ aí o negócio mudou,daí ela já queria matar os dois…e ele, algo me diz que basta você dar um aceno de mão que ele vem correndo se esfregar em você, alegremente.

Désir Sombre (Clexa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora