Quase...

117 6 0
                                    

Akai Ito ou “Fio vermelho do destino” é uma lenda de origem chinesa e, de acordo com este mito, no momento do nascimento, os deuses amarram uma corda vermelha invisível nos tornozelos dos homens e mulheres que estão predestinados a ser “alma gêmea”. Deste modo, aconteça o que acontecer, passe o tempo que passar as duas pessoas que estiverem interligadas, fatalmente irão se encontrar!

“Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se…

Independentemente do tempo, lugar ou circunstância…

O fio pode esticar ou emaranhar-se,

mas nunca irá partir.”

— Antiga crença chinesa

Minha mãe adorava me contar sobre essa lenda,ela dizia que havia conhecido meu pai assim.

Destino, talvez fosse isso que seus olhos mostravam fora a costumeira tentativa de mostrar indiferencia, talvez eu seja apenas um rapaz tolo achando que finalmente a sorte havia batido a minha porta.

Eu me sentia um idiota vendado e com as mãos algemas as minhas costas com meus pés amarrados enquanto andava em uma infinita corda bamba,de um prédio ao outro,se eu caísse eu poderia morrer,se eu ficasse parado o vento me derrubaria uma hora ou outra,se eu andasse eu poderia me desequilibrar e cair…de qualquer forma eu morreria por ela,de qualquer maneira ela me machucaria,de todas as formas Clarke havia me rendido.

Desde o momento que seus olhos desinteressados me olharam naquele clube,desde o momento em que ela me "alugou", consolidado no momento que ela dominou meu corpo fatalmente dominando meu coração,eu era dela de graça,eu era dela se ela quisesse me jogar fora ou simplesmente me ter pela eternidade, pisando em mim ou me amando,me querendo ou me desprezando,eu era dela e somente dela.

No primeiro dia fiz os exames exigidos por elas,eu sabia que estava limpo,um virgem não teria doenças mas eu não diria "não" a ela de qualquer maneira,ela havia me escolhido mesmo eu sendo um filhotinho assustado.

A entrada de sua casa era simplesmente fascinante,um enorme portão dourado e negro com um ar de poder e um jardim cheio de flores e plantas suavemente enfeitando todo aquele poder.

A entrada de sua casa consistia em uma pequena sala que não sei o nome,com quatro portas,a primeira de entrada,a segunda ficava a direita dando acesso a uma sala com um sofá vermelho sangue e uma tv com alguns equipamentos que obviamente eu nunca nem havia visto,a terceira dava acesso a uma cozinha grande e bonita, havia uma sala de estar também com uma mesa de madeira negra com muitas cadeiras,a quarta ficava no centro daquela sala, havia uma escada onde havia quatro suítes e um banheiro social,logo abaixo da escada que dava no segundo andar,ela dava acesso a uma varanda com cadeiras bonitas e redes penduradas, havia um grande salgueiro,atrás dele havia um grande lago que tinha sua face beijada suavemente pelos grandes galhos do salgueiro choroso,mais a frente ficava a área de lazer onde havia uma casa simples de hóspedes.

A piscina ficava entre a varanda da casa principal e da casa de hóspedes, entrando na casa pude ver de cara uma cozinha simples separada da sala por uma bancada cumprida com alguns bancos giratórios,mas a frente havia um corredor onde tinha quatro portas,duas eram de suítes confortáveis e enormes para mim,mas para Clarke elas pareciam básicas,na terceira porta era onde ficava uma suíte vermelha, tudo era vermelho,desde as paredes a madeira do piso,os móveis e os "brinquedos",e na quarta e última porta havia um banheiro social.

Me senti descolado o tempo todo ali, não sabia o que fazer com meu tempo livre,apesar de uma vontade quase cruel que eu possuía de ler cada um daqueles livros esquecidos entre uma decoração ou outra,no final eu era como eles,um objeto de enfeite um pouco sem graça que poderia ou não ter uma utilidade momentânea.

Meu passatempo predileto era me sentar embaixo do salgueiro choroso enquanto admirava as águas tranquilas do lago,aquelas águas me lembravam seus lindos olhos azuis.

No segundo dia de minha estadia ali, Clarke veio até mim,fogosa e maldosa,do jeitinho que eu esperava que fosse,ela me levou a lugares desconhecidos por mim,apesar de tudo ser novo.

Ela explorou meu corpo como uma profissional dedicada faria, agitando cada nervo,cada cantinho de prazer,cada aflição,ela me descobriu enquanto me destruía me construindo novamente.

Eu era um rapaz tolo, tendo sua primeira vez, maravilhado com tudo o que meu corpo era capaz de sentir,e surpreso com minha capacidade de retribuição.

Aquela noite eu saí de meu corpo,visitei as galáxias distantes e voltei a tempo de sentir Clarke me cavalgando furiosamente até cair no sono,com um pouco de dificuldade consegui me soltar de minhas amarras e tirar minha venda.

Peguei Clarke em meus braços e me senti como se carregasse todo meu mundo ali,cada vez mais pateticamente entregue aquela garota estranha.

Após cuidadosamente dar um banho rápido naquela loirinha estranha,a coloquei em sua cama,eu sabia que a pertencia pois seu cheiro estava grudado em tudo ali.

No terceiro dia como o esperado,ela me tratou grosseiramente, não entendia o porquê daquilo mas jamais pensei em questionar,mas como tudo que está esquisito pode ficar ainda mais estranho,os pais dela chegaram para o seu provável aniversário.

Passei uma semana inteira me escondendo de sua mãe esquisita e meio invasiva,seu pai parecia querer arrancar minhas bolas pelas orelhas, achei melhor manter a maior distância possível dele.

Clarke andava mais estranha do que antes,me atacando como um animal selvagem todas as noites, não que eu esteja reclamando,mas ela agia estranhamente depois de seu ataques,eu parecia ser um tédio frustantemente ambulante para ela,minha mera presença a deixava nervosa e irritada,eu buscava me manter o mais longe possível dos membros da família Griffin.

Pelo menos eu tinha a companhia e o bom humor de Anya,ela era uma moça legal e divertida,tinha paciência em me ensinar as coisas,como : palavras e seus significados, os talheres corretos de cada refeição,como me vestir adequadamente para cada ocasião,e as vezes ela me contava algumas coisas sobre Clarke,por exemplo,sobre seu primeiro namorado e sua maior decepção,eu via suas iniciais gravadas no grande salgueiro todos os dias,mas não imaginava sua história.

As vezes Clarke me observava curiosamente enquanto em outras elas simplesmente ignorava minha existência,mas eu era paciente,e as vezes ganhava sua atenção como recompensa,as vezes ela me contava algumas coisas sobre artes caras penduradas em suas paredes,ou dos maravilhosos livros esquecidos pelos cantos,e eu desejava poder ler cada um deles.

Quando Clarke me perguntou sobre o livro que eu vivia levando comigo para todos os lados,eu me senti um grande idiota,como eu diria a ela?

Por muita insistência de sua parte eu acabei dizendo, dizendo que eu não sabia ler, dizendo sobre minha família , dizendo toda a vergonha de ser uma pessoa ignorante e como sempre ela reagiu de forma estranha e um tanto grosseira,mas eu não me importava, afinal,esse era o jeito dela de ser quem era.

Désir Sombre (Clexa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora