11

682 81 139
                                    

   — Fale mais sobre esse Roger.

   — Mais o que mãe? Estamos quase a meia hora aqui. — Brian fez bico, estava na banheira, com sua cauda grande e azul saindo da banheira e arrastando no chão, enquanto sua mãe penteava seus cabelos.

   De acordo com ela, ele podia ter cinquenta anos e ela continuaria penteando os cabelos dele.

   — Eu quero uma foto dele.

   — Passa o meu celular? — Ele pediu, e a mulher lhe entregou o aparelho. Brian evaporou a água que estava em suas mãos e pegou uma foto que os dois tinham tirado durante o jantar no restaurante beira mar. — Esse aqui.

   — Loirinho do olho azul... É muito bonito. — A mulher sorriu, arregalando os seus belos olhos verdes.

   Bom, a história de como eles adotaram Brian era interessante. Melissa e George May estavam casados a pouco tempo e estavam esperando um bebê, infelizmente a mulher perdeu o filho, e ficou quase depressiva por causa disso. Para tentar animar a esposa, George a levou para uma praia deserta, já que ela amava a praia, e foi naquela praia que eles acharam o adorável garotinho de cabelos cacheados, sem roupas e chorando sem parar.

   — Ele é perfeito... Eu gosto tanto dele... — Brian suspirou apaixonado. — Quero vê-lo de novo.

   — Vocês dois trabalham juntos, é só esperar até amanhã, e só falta hidratar. — Ela foi até o outro lado do banheiro pegar o pote de creme, mas acabou ouvindo um gemido de dor do filho.

   — Você está pisando na minha cauda de novo!

   — Me desculpe querido. — Ela pegou o creme e voltou para trás da banheira, selando as mechas castanhas de Brian. — Voltando, você vai vê-lo amanhã.

   — Não é só isso mãe... Como eu conquisto ele? — O tritão suspirou. — Eu quero namorar com ele, mas tem algumas complicações.

   — Pode falar.

   — Está confuso e ainda não aceita que gosta de homens, os pais dele são contra... E eu acho que é só isso.

   — É complicado. — Ela suspirou. — Mas eu digo uma coisa, se tiver que ser, será. — Ela deixou um beijo na testa do filho. — Eu já acabei aqui, vou terminar o jantar... Tive uma ideia! Convide ele pra jantar aqui hoje.

   — É uma boa ideia! Eu vou adorar mostrar ele pra vocês. — Brian pegou o celular, e ligou para ele animado, a mãe dele ficou ali perto para ouvir a conversa.

   Roger ainda estava na casa de Freddie, contando toda a história de como ele e Brian se conheceram, até que seu celular tocou interrompendo a conversa.

   — É o Brian.

   — Atende logo! — Freddie colocou as mãos sobre a boca. — Coloca no viva voz.

   — Tá legal, mas fica quieto. — Roger atendeu. — Sim Brian?

   — Querido, meus pais querem que você venha jantar aqui hoje... Eles querem te conhecer.

   — Olha, não é um bom momento... — Ele olhou para Freddie no sofá, que estava sinalizando de todas as formas possíveis que ele deveria ir. — Você vai ter que vir me buscar na casa de um amigo, já vou te dar o endereço.

   — Estou aí em meia hora, beijinhos querido.

   — Beijos. — Roger desligou, Freddie já pulou do sofá, segurando o pulso dele e o levando até o quarto. — O que você está fazendo?

   — Você não vai conhecer os pais do seu futuro esposo assim não é Darling? Eu vou te emprestar as minhas roupas.

   — Se eu quisesse sair de casa igual a um camaleão...

   — Para de frescura, você vai ficar lindo!

•••

   Brian bateu na porta do endereço que havia recebido algumas vezes, estava com medo de ter entendido errado e star em outro lugar. Um homem de cabelos negros e bigode, abrindo um sorriso enorme ao vê-lo de cima a baixo.

   — O Roger já está vindo darling. — Ele estendeu a mão. — Freddie Bulsara.

   — Brian May. — Ele cumprimentou o homem de volta.

    — Não acredite em nada do que ele disser sobre mim, ele é louco! — O loiro finalmente apareceu, usando uma calça preta social e uma camisa branca com alguns botões abertos, Brian sorriu ao vê-lo de novo, mesmo que a última vez que eles se viram foram há algumas horas atrás.

   — Você está lindo, querido. — Brian segurou a mão do loiro e a beijou.

   — Bonito e cavalheiro, não deixe ele escapar. — Freddie sussurrou, mas o loiro ouviu mesmo assim.

   Eles foram caminhando da casa de Freddie até a casa de Brian, Roger não estava querendo contar o que houve envolvendo seu pai, nem queria comentar que eles já sabiam sobre sua paixão pelo tritão, muito menos sobre o tapa que levou, e que ainda estava doendo.

   Mais emocional do que fisicamente.

   Ao chegarem  na casa do tritão, ele foi muito bem recebido por uma mulher ruiva, com olhos verdes e sardas, que estava muito empolgada ao vê-lo.

   — Fique a vontade, o Brian falou muito sobre você. — Ela não saiu do lado dele da entrada da casa até a sala de jantar. — Somos todos vegetarianos por causa do Brian, já sabe do segredo dele. Se bem que, quando tínhamos acabado de adotá-lo, nós não sabíamos que ele era tritão, e ele chorava muito toda vez que tinha peixe no jantar, mas nunca falava o porquê.

   — Já vai contar minha infância inteira pra ele? — Brian riu.

   — É claro. — Ela afirmou, enquanto outra pessoa entrava na sala. — Ah querido, esse é o Roger.

   — George. — Ele o loiro apertaram as mãos, era um homem com cabelos castanhos claros e olhos cor de mel, com a barba rala. Os dois não pareciam nenhum pouquinho com Brian.  — É um prazer.

   — O prazer é todo meu. — Roger sorriu, ele estava feliz por estar sendo tão bem recebido naquela casa.

   Porém seu coração ainda estava doendo muito.

   Depois de alguns minutos de conversa, todos sentaram a mesa para comer todos os pratos vegetarianos feitos pela mãe de Brian, e estavam ótimos.

   — A senhora cozinha muito bem. — O loiro sorriu, comendo mais um pouco.

   — Muito obrigada querido, o Brian tinha razão, você é tão adorável. — A ruiva colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

   — Ele fala tanto assim de mim para vocês?

   — Desde que te conheceu, o tempo todo.  — Respondeu o pai de Brian.

   — E vocês... Escutam ele falar do cara que ele gosta? — A voz do loiro começou a sumir.

   — É claro que escutamos, se não fizemos um escândalo quando descobrimos que ele era um tritão, por que faríamos um por causa de um namorado?

   Então, lágrimas rolaram pelas bochechas do loiro.

   — Querido? — Brian colocou a mão na bochecha dele, preocupado.

   — Eu... Falei hoje pros meus pais que gostava de você... E meu pai... — Ele tentou segurar as lágrimas, mas não conseguiu. — Me bateu pela primeira vez na minha vida.

Beyond The Sea • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora