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   — Hoje foi incrível... Muito obrigada. — Roger disse com um sorriso no rosto, enquanto eles caminhavam até a casa do loiro.

   — Eu também me diverti muito... — Brian acariciou os cabelos dele, deixando um beijo em sua bochecha. — Amanhã nos vemos no trabalho de novo?

   — É claro, e lembre-se, espere a poeira baixar pra soltar todos.

   — Eu não posso fazer isso com todos, tem alguns animais que nascem em cativeiro, e sabe sem uma adaptação adequada eles porém não sobreviver no mar, então é melhor deixar que eles sejam cuidados... Mas a partir do momento em que eu ver alguém maltratando um dos animais eu terei que agir.

   — Então pelo menos o parque não vai falir. — Roger deu de ombros, suspirando. — Acho melhor nos despedimos aqui... Sabe, meus pais me vendo chegar com você de novo...

   — Eu entendo. — Brian parou de andar, segurando a cintura dele. — Vai dar tudo certo.

   — Eu espero.

   Os dois trocaram um beijo carinhoso e demorado, depois cada um seguiu para sua direção, acenando e sorrindo conforme se afastavam. Roger chegou até sua casa, abriu a porta e suspirou aliviado por não ter ninguém na sala.

   — Eu fiquei sabendo que um dos bichinhos fugiu. — Sua mãe disse da cozinha.

   — É, aí a gente ganhou o dia livre e fui ficar na praia. — Respondeu ele, um pouquinho nervoso.

   — Sozinho? — Ela questionou.

   — Sozinho. — Roger confirmou a mentira. — Eu vou tomar um banho por causa da areia...

   — Roger. — Ele escutou seu pai, enquanto o mesmo descia as escadas. — Como foi seu dia?

   Quando ele perguntava "como foi seu dia",  era porque uma desgraça estava prestes a acontecer.

   — Foi bem. — Ele deu de ombros, indo em direção às escadas, tentando fugir da conversa.

   — Ah Roger, eu queria falar uma coisa com você. — E lá estava.

   Ele olhou no fundo dos olhos azuis de seu pai, sentindo um bolo em sua garganta e suas mãos querendo suar.

   — Você está namorando?

   — Não. — E ele novamente tentou se aproximar da escada, tudo em vão.

   — Saindo com alguém? — Seu pai insistiu. — Sei lá, uma amiga.

   — Com um amigo... — Ele sorriu involuntariamente ao se lembrar de Brian, ainda estava feliz graças ao momento prazeroso que tiveram sentados em uma esteira na beira da praia.

   — Um amigo?

   — É, um amigo. — Roger subiu dois degraus, antes de seu pai lhe chamar novamente a atenção.

   — Um amigo que te trouxe um buquê de rosas? — O pai insistiu. — Roger, o que está acontecendo?

   O loiro parou nas escadas, com as mãos tremendo, já estava cansado de tudo aquilo...

   — Você quer saber a verdade? — Roger se virou para eles. — Então tudo bem, eu e o Brian estamos saindo juntos, eu gosto dele.

   Seu pai o encarou incrédulo, sua mãe não disse nada, mas a expressão dela indicava decepção.

   — Que palhaçada é essa? — O pai insistiu.

   — Eu gosto de Brian. — Roger respirou fundo. — Ele é lindo, carinhoso, gentil, me compreende, me escuta quando eu preciso... Eu realmente gostei dele.

   O loiro sentiu como se tivesse tirando um peso enorme dos ombros, odiava esconder as coisas de sua família, afinal, eles eram as pessoas que Roger mais amava.

   Mas o loiro sentiu seu rosto arder, o tapa foi tão forte que ele virou o rosto e ouviu sua mãe gritar da cozinha.

   Ele entrou em choque, nunca havia apanhado do seu pai em toda a sua vida, nunca fez nada demais para merecer uma surra, agora ele simplesmente disse que estava gostando de Brian e foi o suficiente para quase perder um dente.

   — Não bate no menino! — Sua mãe saiu de trás do balcão correndo, indo até a escada, onde Roger se encontrava sentado depois da agressão.

   Ele olhou para seus pais com os olhos arregalados em choque, sentindo os mesmos começarem a ficar marejados. Se levantou e saiu correndo pela porta da frente, sem se importar com os dois o chamando de volta.

   Correu o mais rápido que pôde, segurando as lágrimas para que ninguém as visse, seu coração estava em pedaços, ele não sabia onde Brian morava, não podia chegar até a praia particular deles sozinho, era um pontinho de areia isolado no meio do mar, ele com certeza se afogaria, não queria voltar para casa e muito menos ligar para Brian, ele ficaria nervoso e iria querer tirar satisfações com seu pai.

   Então, ele recorreu ao seu melhor amigo.

   — Darling... O que aconteceu? — Foi o que Freddie disse ao vê-lo na porta, com a marca perfeita de uma mão em seu rosto e seus olhos marejados. Ele era um pouco mais velho que Roger, usava um bigode grosso e deixava os cabelos negros curtos, era uma das pessoas mais queridas de Roger.

   — Eu preciso te contar uma coisa, é importante. — O loiro disse com a voz embriagada.

   — Entra, vamos, alguém te bateu? — Perguntou o amigo, colocando Roger para dentro do minúsculo apartamento que ele dividia com nove gatos.

   — Meu pai... — Ele disse com desânimo, sentando no sofá da pequena sala de estar, vendo a expressão surpresa na face do melhor amigo.

   — O seu pai? Ele sempre foi tão tranquilo, por que ele fez isso? — Freddie fechou a porta, indo em direção ao sofá e sentando ao lado dele, esperando que ele dissesse alguma coisa. — Quer um café pra te ajudar a falar?

   — Sinceramente sim. — Ele respondeu, vendo o amigo levantar e ir até a cozinha. — O que aconteceu foi que eu me apaixonei.

   — E só por isso ele te bateu? O que essa garota tem de errado? — Comentou Freddie da cozinha.

   — É um cara.

   — Eu sabia! — Ele mal se importou com o café, foi correndo de volta para a sala. — Até que enfim!

   — Espera um segundo aí, você suspeitava?

   — Meu anjo, desde que eu te conheci eu senti que você tinha alguma coisinha de especial, e lá se vão cinco anos... Ele te bateu porque você se apaixonou por um cara?

    — Exatamente... Eu não quero ir pra casa agora, e também não quero deixar o Brian preocupado. — Ele passou as mãos pelo cabelo loiro. — Até porque nos tocamos hoje faz um tempo, e eu não quero estragar o dia dele...

   — Vocês até se tocaram e você não me contou? — Mercury disse aquilo com um ar de revolta. — Pois agora você vai me contar tudo, quero nome, endereço, altura, documentos, tudo o que você puder me falar sobre ele.

   — Certo, eu vou te contar tudinho. — Ele sorriu. — Eu te amo cara.

   — Eu também te amo, agora vamos!

Beyond The Sea • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora