Capítulo 11

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Durante o dia seguinte todo ensolarado, lá estava eu, em meu repouso profundo, abaixo do castelo no meu caixão coberto por diamante negro, herança do meu pai, pensando em como iria me vestir para esse adorável evento da minha Luna.

Deu início a noite, e levantei com Sabrina estando frente ao meu caixão, preocupada.

— Anita você vai mesmo nesse evento? Não é se expor demais?

— Tenho que ir, Lana precisa se sentir confiante, e sinto que não está bem, compreende?

— Sim, infelizmente. - Sorriu forçado, Sabrina estava com um ciúmes notável.

— Como acha que devo me vestir? Com um terno e calça social?

— É o recomendável mestra... E quanto o nosso exército, desistiu da vingança? - Havia me esquecido dessa parte.

— Discutiremos isso em outro momento, preciso me arrumar e usar esses carros modernos de hoje em dia, preferiria ir montada num cavalo. - Revirei meus olhos, demonstrando estar insatisfeita com algumas coisas desse século.

É muito difícil pra mim, que tenho mais de quinhentos anos... Conviver nessa modernidade toda, e ir nesse evento, realmente irei me expor demais, e não sei como me portar, irei ser culta demais para os humanos? Ou, arcaica demais? Acho melhor eu ficar nas penumbras... Apenas fazendo o que sei de melhor, admirar de longe, mas, antes preciso encontra-la a caminho de lá. 
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No centro da Romênia uma hora depois...

— Lana Moldavo? - Eu estava saindo do táxi e me assustei com uma voz forte e familiar soar gentilmente atrás de mim.

— Anita! - Olhei e logo sorri, feliz por encontra-la novamente. E a cumprimentei com dois beijos.

— Me parece tensa... Senhorita Moldavo. - Notei que seus olhos ficaram um pouco vermelhos, isso me causou certa estranheza.

— É que estou concorrendo ao prêmio... E todos me acham uma louca, que nem deveria estar formada. - Abaixei a cabeça, estando desapontada comigo mesma.

— Você deve se desprender do que os outros pensam e acredite na sua verdade, mostre a eles seu potencial, ganhando esse prêmio! - Pegou minha mão e sorriu como se tivesse conquistado algo. E que sorriso essa mulher tem!

— Não irei me esquecer disso, é a única pessoa que acredita em mim. O que faz aqui?

— Acredito em você, porque... Sinto te conhecer há muito tempo. Agora vá, eu vim resolver umas coisas no banco, já estou de saída.  - Banco de noite? Que estranho!

Senti uma fisgada na minha coluna ao ouvi-la dizer isso tão certa, e acabei me sentindo confortável com tudo que me dizia, afinal, parecia mesmo que realmente já me conhecia, uma mulher um tanto misteriosa, gosto disso.

— Anita Draco... Quais são seus segredos? - Brinquei. Olhando-a de forma investigativa.

— Venha até meu castelo após o evento, que descobrirá alguns deles. - Piscou pra mim e senti que isso foi uma cantada, é isso mesmo? Estou sendo cantada por uma mulher? Ela é um tanto atrevida, mas, aprecio essa coragem que carrega em suas palavras a mim.

Tenho um mel para mulheres! Acho que devo ter sido lésbica em alguma vida passada, só pode! (Risos) 
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(Anita Draco, Narrando):

Como estava divina! A própria representação da Era Renascentista italiana. Eu era jovem, e sedenta por diversões com as mulheres, antes de conhecer Luna.

Lana entrou e eu entrei por outro lugar, fiquei de longe "invisível"  observando cada passo que dava, e via os olhares das pessoas a ela, a maioria era de inveja, outros de zombaria, sinto que terei que me controlar muito, para não cometer mais assassinatos em nome dela.

— Tão pouco precisou para mudar o destino da minha pútrida e amarga vida.  Seu cheiro... Desperta só boas coisas em mim, e a forma que me olha, sem medo, me faz ainda ter esperança numa vida digna. - Comentava em voz alta comigo mesma, sabia que faz bem? Conversar assim? - Descobri esse método com essa profissão nova do século... Como diz o nome? Psicologia.

Lana tinha uma inocência no olhar, que mal consigo pensar coisas eróticas a respeito dela, receio que Lana seja um mistério pra mim, e eu amo isso nela.

LUZ NAS TREVASOnde histórias criam vida. Descubra agora