Capítulo 14

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— Mas que rugido sombrio foi esse? - Chegou perguntando Jessica no salão principal.

Eu me encontrava desmanchada aos prantos de sangue, derramada em minha própria desgraça.

— Ahhh minha amiga... - Sabrina veio me consolar no chão, me abraçando fortemente.

— Eu a quero de volta! - Empurrei Sabrina para longe de mim, e fui até a sacada. - LANAAAAA!

Meu olho havia ficado vermelho... Parecia que eu ia explodir em raiva, e era comigo mesma.

— Anita! O que está acontecendo contigo? 

— O que está acontecendo... É que quase me senti humana perto daquela mulher! E o que eu fiz? Espantei-a! Lana nunca mais voltará a me ver... 

— Tem certeza? - Sabrina apontou para baixo, enquanto eu estava distraída me lamentando.

Olhei rapidamente, e eu a vi me olhando ali embaixo, seu olhar era preocupado, estava apreensiva com algo, podia sentir seu medo, mas, não era de ter voltado.

Começou a nevar... No momento em que a vi. A neve caía lá fora, e nós duas ficamos intactas nos olhando... Sem sofrer alguma reação, por que ela voltou? E o motivo de ficar me olhando de uma forma estranha?

— Não vai falar com ela? - Perguntou Sabrina, curiosa com nossas trocas de olhares.

— Não posso... Eu gritei com ela.

— Anita! Ela retornou! Vá ao menos perguntar... O motivo do retorno dela.

Pensei bem e fui, sai da sacada, tive que ir pela porta, para que não desconfie que eu seja realmente um bicho desalmado. Peguei uma capa minha.... Para dar a ela, no intuito de protegê-la do frio.

— Senhorita Moldavo.... O que faz de volta aqui? - Ela olhou meus olhos inchados.

E se aproximou do meu rosto, tocando-lhe... Fechei meus olhos na hora daquele momento tão delicado. E que maciez de suas mãos.

— Sua pele... É mais fria do que esse clima...

— Por que retornou? - Encarei-a, tirando sua mão do meu rosto.

—  Queria ver se estava bem... Mas, acho que foi má ideia, perdoe-me por isso.

Senti que ela estava mentindo, veio fazer outra coisa.... E tenho quase certeza que é por causa dos sonhos eróticos que teve comigo, pois senti sua excitação ao me ver observando seu corpo.

Acabei colocando nela minha capa, para esquentá-la, Lana estava ficando com os lábios congelados.

— Quer passar a noite aqui? Não vai conseguir voltar nessa neve... Ficará cheia de névoa no ar.

— Para ser... Expulsa de novo? Só vim ver se estava bem...  Parece que sim, e isso já importa pra mim. Posso ficar com esse casaco sobretudo seu?

É sobretudo que falam? Para mim é capa, nos meus tempos! (Risos)

— Fique... Só que tem um problema.

— Qual?

— Terá meu cheiro.... - Olhei misteriosamente para sua boca.

— Isso é um problema? Ter seu cheiro em mim? - Sua voz ficou num tom excitado. 
Neguei com a cabeça e sorri timidamente, sorrimos como despedida.

— Quer que eu te dê meu cavalo, para ir embora?

— Eu adoraria... Ainda tem cavalos por aqui?

— Claro, sou muito medieval ainda.

Fui pegar meu cavalo no celeiro e quando Lana pisou ali, sentiu uma forte dor de cabeça.

— O nome desse cavalo... É Espírito Negro? - Falou impulsivamente.

— Como sabe disso? - Minhas pupilas se dilataram.

— Lembro de um cavalo assim nos meus sonhos, e que me salvou num sonho que tive...

Como ela sabia disso? Espírito Negro foi meu cavalo que levou Luna para longe das terras do meu reino, e foram pegos por comparsas de Van Helsing... Porém pegos e mortos pelas mãos dele, mas, o que ela não sabe é que esse cavalo reencarnou novamente para mim... Eu o encontrei ainda potro numa praia deserta, abandonado, e quando me viu, veio galopando até mim, como se me conhecesse, animais têm uma ótima memória. 
Soube que era ele, pelo seus belos olhos negros acinzentados e uma marca no pescoço, provavelmente, a forma de como ele morre na sua vida passada, meu herói!

— Anita? Está calada... - Ela me toca suavemente nas costas, preocupada com meu silêncio.

— Ah sim... A rédea! - Coloquei-a, e ela montou no pelo dele em seguida.

— Obrigada por isso. -  Segurou firme minha mão, e sorriu. - Amanhã trago-o de volta.

— Te aguardo então amanhã... Garanhão! E... A senhorita Moldavo, convido-te a tomar um café, para me redimir contigo. - Reverenciei-a, gentilmente.

— Aceito sua redenção.- Sorriu com os olhos. 

Dei um tapa na bunda do cavalo e por ser negro sumiu na névoa rapidamente, levando meu amor embora.

Ahhhhh.... Quantos pensamentos impuros quando penso nessa mulher sem todas aquelas roupas cobrindo-a. Ainda será minha de novo, senhorita Moldavo.

LUZ NAS TREVASOnde histórias criam vida. Descubra agora