Capítulo 7

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Lauren me disse para usar botas. A princípio eu pensei que fosse para guardar armas, mas nada, além dos meus pés, entrava nas minhas botas de couro novas. Minha roupa nova consistia de um par de calças azul meia-noite e uma blusa branca. Eu não usava joias exceto pelo meu anel de noivado. Liza queria arrumar meu cabelo, mas eu recusei. Isso não era uma festa. Era um confronto educado.

Nós saímos da casa a pé depois que a nossa escolta chegou. O nome dele era Jacques, e ele era um ghoul. Jacques tinha a pele escura como piche, e um poder suave, porém ressoante, emanava dele. Depois disso, Jacques me mostraria o caminho. Eu não estava armada, e minha falta de armas me fez sentir como se não estivesse totalmente vestida. Eu sentia falta das minhas facas. Elas eram familiares e me confortavam. Acho que isso me rotula como uma esquisitona.

Lauren andava lado a lado comigo, de mãos dadas. Pela confiança dos seus passos ela sabia onde estávamos indo. Jacques não conversou durante o caminho. Eu também não falei, não querendo dizer alguma coisa que o ghoul pudesse usar contra mim mais tarde. Como quando se é preso, tinha o direito de permanecer em silêncio. Claro, qualquer coisa que eu quisesse dizer a Lauren, eu podia apenas pensar. Em tempos assim, a habilidade de ler mentes dela vinha a calhar.

Fabian flutuava a cerca de trinta metros de distância, voando para dentro e para fora dos edifícios como se ele estivesse cuidando de seus próprios negócios fantasmagóricos. Jacques nem uma vez olhou na direção dele. Era incrível como os fantasmas são ignorados por aqueles que podiam vê-los. Porém, o velho preconceito entre os mortos-vivos e os fantasmas estava funcionando como vantagem para nós. Não foi permitido que Lauren me acompanhasse o caminho todo até meu encontro, mas Fabian não estava vinculado a qualquer acordo desse tipo. Liza ficou espantada quando o trouxemos para casa conosco. Também não havia ocorrido a ela fazer amizade com um fantasma.

Paramos nos portões do Cemitério de Saint Louis Número Um. Lauren soltou minha mão. Dei uma olhada dentro do cemitério trancado e minha sobrancelha arqueou.

― Aqui?

― É a entrada para a câmara de Marie, Lauren respondeu, como se estivéssemos esperando na porta da frente de uma casa. ― É aqui que eu te deixo, Camz.

Ótimo. Em um cemitério. Que acalentador.

― Então eu vou encontrá-la dentro do cemitério?

― Não exatamente. Lauren falou em um tom ao mesmo tempo irônico e compreensivo. ― Debaixo dele.

Jacques virou uma chave na fechadura do portão e gesticulou para mim.

― Por aqui, Reaper.

Se Marie queria perturbar alguém com sua versão de boas vindas. - Entrar em um cemitério, guiada por um ghoul arrepiante, enquanto os portões eram trancados atrás de mim, definitivamente era o caminho certo.

―Tudo bem então. Depois de você, Jacques.

***

A cripta de Marie Marie era uma das maiores no cemitério. Ela era alta, provavelmente dois metros, mais larga na base e mais estreita em direção ao topo. Havia escrita vodu grafitada do lado, na forma de X's pretos. Flores secas e frescas colocadas na frente da cripta, onde uma inscrição esculpida indicava o nome da lendária rainha do vodu. Eu tive apenas poucos segundos para notar todas essas coisas antes que Jacques apontasse para a lama na frente da lápide e dissesse algo em Crioulo. Em seguida o chão começou a descamar.

Pelo rangido, algo eletrônico controlava o movimento. Dentro da pequena área cercada ao redor da lápide, apareceu um buraco em forma de quadrado. Lá dentro havia ruído de pingos, o que me fez pensar como alguma coisa poderia estar no subsolo em Nova Orleans sem estar inundado. Jacques não compartilhou da minha preocupação. Ele simplesmente pulou para dentro da abertura escura e repetiu o comando anterior.

Night Huntress Vol #4Onde histórias criam vida. Descubra agora