Capítulo 15

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― Você está acordada.

Meus olhos piscaram abrindo para ver Cannelle inclinada sobre mim. Ela se endireitou e apontou para uma bandeja ali perto.

― Aqui. Comida e uma pílula de ferro. Você vai precisar dos dois. Você tem apenas algumas horas até o pôr do sol.

― O quê?

Aquilo me fez sentar na mesma hora. Uma arma de choque teria tido o mesmo efeito. Mesmo registrando as suas palavras, tontura tomou conta de mim. Cannelle observou sem nenhuma simpatia.

― Ele bebeu muito de você. - Ela disse, antes de murmurar algo sob sua respiração em francês.

Embora ainda não fosse uma perita, eu peguei as palavras para "magra" e "cabra."

― O que foi, Cannelle? - Eu perguntei, longe de estar em um bom humor. ― Você não sabe que é indelicado insultar alguém em uma língua diferente assim eles não podem dar uma resposta?

Ela pôs a bandeja em cima da cama, fazendo o chá entornar um pouco com a sua falta de cuidado.

― Eu disse que eu não sei porque ele se alimentaria tanto de uma cabrinha magricela. - Ela resumiu sem rodeios. ― Agora, eu sugiro que você coma. Alessandro não vai ficar feliz se você estiver incapaz de fazer mais do que ficar sangrando embaixo dele.

Eu empalideci com essa viva analogia, presa entre o medo e a falta de ideia de como me livrar disso. Alessandro não era do tipo que aceitava um "Eu mudei de ideia" facilmente. E isso me deixava com a outra alternativa: Simplesmente passar por isso. Talvez essa fosse a melhor opção, deixando minha ansiedade de lado. Alessandro não iria ficar bravo, eu não seria levada para longe, e de acordo com ele, eu não deveria ter nenhuma preocupação com gravidez ou doenças. Sim, eu teria preferido esperar mais, muito mais, antes de dar esse passo, mas aparentemente, meu tempo tinha acabado.

― Cannelle. - Eu baixei minha voz, fazendo sinal para ela se aproximar. Ela chegou mais perto, sua expressão zombadora. ― Eu estava pensando se você poderia me dizer, ah, o que esperar.

Eu não tinha mais ninguém para perguntar. O que eu poderia fazer, ligar para minha mãe e perguntar? Dificilmente. Eu nunca tive amigas, e as coisas que eu ouvia na escola não iriam ajudar agora. Claro, eu sabia o que entrava aonde. Mas detalhes sobre sexo com um vampiro? Nope.

― O que esperar? - Ela repetiu. Eu fiz sinal para ela manter a voz baixa, mas ela ignorou. ― Espere ser fodida, sua idiotinha!

Mesmo no meu constrangimento mais extremo, eu tive um clique.

― Alessandro me disse que você esteve com ele por sessenta anos. Disse que ele te dá sangue para te manter jovem, mas você está esperando pela grande promoção, não está? Você quer ser um vampiro, e me odeia porque sabe que se eu pedisse a ele, ele me transformaria em um. E ele não ofereceu o mesmo a você.

Seus olhos azuis da cor do céu se estreitaram. Ela se inclinou com um terrível pequeno sorriso nos seus lábios.

― Você quer saber o que você pode esperar da sua primeira vez? - Agora sua voz era suave. Quase inaudível. ― Muita dor. Bon appétit.

Ela foi embora. Eu olhei para a bandeja de comida sem a mais leve pontada de fome antes de empurrá-la para longe.

A batida veio duas horas mais tarde. Não tinha sido na porta do meu quarto, onde eu tinha ficado olhando o relógio como um preso esperando pela sentença. Foi na porta da frente da casa.

Alessandro a abriu enquanto eu espiava lá embaixo. Nós não recebíamos nenhuma visita. O fato de que nada menos do que seis pessoas entraram me fizeram descer o caminho todo até o hall. Eles estavam conversando em francês em uma velocidade que o fez ininteligível para mim.

Night Huntress Vol #4Onde histórias criam vida. Descubra agora