Capítulo 13

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― Onde estão minhas roupas?

Foi uma exigência furiosa que me rendeu uma careta de reprovação.

― Não rosne assim, Camila. Eu só posso transportar o que é orgânico.

Talvez fosse verdade, mas isso não explicava porque ele também estava ao natural. Eu duvidava que fosse um acidente. Ele me acariciando também não era acidental.

― Tire suas mãos de mim, Alessandro, e retire seus homens como você prometeu. Agora!

Eu não disse isso no mesmo tom furioso. Não, essa foi uma insistência fria e insípida. Ele me olhou de um jeito que me fez achar que ele ia recusar. Então, com deliberada lentidão, ele se desenroscou de mim.

― Não tente se levantar ainda, você vai precisar de tempo para se recuperar.

Eu estava em uma cama. Oh, claro, como se isso não fosse especificamente ensaiado.

― Eu ficarei bem desde que você mantenha a sua palavra.

Ele não respondeu, apenas foi até a porta com passos largos e a abriu com força. Eu tinha pudor instintivo suficiente para cair pesadamente no meu estômago, mas ainda não tinha coordenação nos meus membros.

Alguém estava do lado de fora do quarto, e Alessandro deu um passo para trás para deixar aquela pessoa entrar.

― Lucius, observe.

Lucius, um cara alto e loiro que devia ser nórdico, observou, tudo bem. Ele percebeu meu olhar fuzilando os dois.

― Eu tenho minha esposa. Ela veio por sua própria vontade, então você pode instruir Dimitre a retirar suas tropas.

― Eu ainda tenho que saber se sou sua esposa, e eu vim porque você me chantageou. - Eu respondi, lançando a ele um olhar que dizia que eu não gostava de sua brincadeira com palavras.

― Assegure-se de detalhar a exata situação dela para Dimitre reportar. - Alessandro disse, ignorando o que eu tinha dito. ― E assegure-se de incluir a minha também.

Deus do céu, Lauren ia ficar louca. Eu senti uma pontada de desconforto. Talvez eu devesse ter pensado mais sobre isso.

Oui, monsieur.

Lucius saiu sem olhar para trás, e Alessandro fechou a porta. Eu não me importava com isso, desde que ele ainda estivesse do lado de dentro.

― Ele vai ligar para esse tal de Dimitre? Qual a distância que estamos de lá? Eu perguntei, sendo capaz de agarrar um pedaço do cobertor e me enrolar nele.

― Ele vai ligar. - Uma luz brilhava nos olhos dele. ― Mas nós estamos muito longe de Bavária, Camila.

―Bavária? - Nossa, não era à toa que parecia remoto. ― Onde nós estamos agora? Ou eu presumo que você não vai me dizer.

Era muito estranho ter uma conversa com um estranho nu. Porém, Alessandro não fez tentativa alguma de se cobrir. Eu não estava olhando, mas eu não era cega. Ele tinha a constituição física de um jogador de futebol americano, com um monte de músculos e cicatrizes intermitentes na pele.

― Eu vou te dizer. Eu não sou como aquela parasita que te levava para lá e pra cá enquanto te mantinha vendada e abobada.

Essa última frase disse tudo. Afinal de contas, essa tinha sido eu.

Eu lancei um olhar calculado para o Alessandro.

― Eu posso não estar sonhando com você, mas você ainda está na minha cabeça bisbilhotando. Você deve ter feito um trabalho muito profundo para saber detalhes como esse.

Night Huntress Vol #4Onde histórias criam vida. Descubra agora