Capítulo 3

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Arrumei-me com cautela, coloquei um vestido azul Royal, de frente única, mais justo que o vestido o qual estava na hora que cheguei de manhã

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Arrumei-me com cautela, coloquei um vestido azul Royal, de frente única, mais justo que o vestido o qual estava na hora que cheguei de manhã. Além de justo, ele tinha uma fenda que se apresentava de acordo com o meu caminhar, era um vestido simples, entretanto ficava bem em mim. 

Soltei os meus longos cabelos pretos, passei levemente uma maquiagem e o meu queridíssimo perfume de flor da Índia. Eu sempre amei aquele perfume! Ele tinha cheiro de boas lembranças... 

Ouvi uma movimentação no lado de fora, vi alguns carros chegando e uma música começando a tocar. Senti-me animada, pois era movida a música. Dei uma última olhada no espelho e me senti bem, saí do quarto e me dirigi aos fundos da casa onde ficavam a piscina e o enorme quiosque de onde vinha a música. 

Assim que cheguei à escada, me deparei com uma grande festa. Como eles haviam montado toda aquela estrutura enquanto eu tomava banho e falava com a Kamy?  

Sorri sozinha. Eu dançaria muito aquela noite, há tempos não fazia isso... À medida que caminhava para a pista de dança, sentia os olhos do doutor Max em mim, então levantei o rosto e sustentei o seu olhar, queria saber qual era seu jogo. 

Aquela era minha primeira noite de folga em muito tempo. Já tinha lidado com muitos homens como o doutor Max no decorrer da minha vida, ele era só mais um rico e convencido herdeiro. Eu lhe provaria que merecia estar ali, estava com as minhas cartas prontas para partida, mas eu realmente não esperava pelas suas cartas, pois ele jogava muito sujo. 

— Boa noite, Clarisse! 

— Boa noite, doutor Max! 

— Sem doutor, por favor! Só Max. Tem alguma fada madrinha lá em cima? Não que você precise de fada madrinha, acho que Deus já foi generoso o suficiente para lhe conceder uma fada. 

— Isso é um elogio? 

— Não, foi mais um pensamento em voz alta, eu faço muito isso, mais do que gostaria. — ele pegou na minha mão e me fez rodopiar, parou olhou nos meus olhos — Você está estonteantemente linda, Clarisse! Você ofuscou todas as mulheres desta festa assim que chegou ao alto daquela escada. 

— Obrigada, Max. — respondi com um sorriso. 

— Vamos dançar? 

— Vamos, eu amo dançar. 

Fomos para a pista de dança e me senti realmente bem, dancei muito, aquela música eletrônica pulsava nas minhas veias e, por alguns instantes, até me esqueci dele e de onde estava, era como se estivesse novamente presa aos lenços no teto da boate Kira. 

Estava alcançando meus objetivos como advogada, mas sentia muita saudade dos tempos que trabalhava na boate. Era cansativo, mas éramos uma família e eu sou o tipo de pessoa que faz tudo pela família. 

— Clarisse?

Sorri e voltei meu olhar para o Max, que me olhava com um sorriso bobo no rosto como se estivesse me estudando. 

— Oi, Max. 

— Em que planeta você estava? Deve ser um bem longe e bem legal, porque você estava com um sorriso enorme no rosto. A propósito, você tem um lindo sorriso, deveria sorrir mais. Você é muito séria, doutora. 

— Eu, séria?! — perguntei sorrindo e espantada. 

— Sim, pelo menos essa é a sua fama no escritório, sabia? 

— Hã? Não estou lhe ouvindo direito. —Ele pegou em minha mão e me conduziu para longe da música. Sentamo-nos em um grande sofá branco de onde tínhamos uma linda vista da represa.

 — Nossa! Que vista linda! 

— É realmente muito linda. — ele respondeu, olhando diretamente no meu rosto. Fiquei constrangida com a intensidade do seu olhar e senti meu rosto corar. — Se não fosse tão excitante e gratificante vê-la corar, eu lhe daria um beijo agora. 

— Você é mesmo muito convencido e petulante, assim como as pessoas dizem.

 — Elas dizem?! Eu pouco me importo com o que as pessoas pensam, ou com o que elas acham que sabem ao meu respeito. Não são elas que custeiam meu sustento, muito pelo contrário. As pessoas falam muito do que não sabem, fantasiam coisas, ou simplesmente têm inveja de pessoas como nós. 

— Pessoas como nós? 

— Sim, pessoas como nós. Você vem a uma festa como esta, Clarisse, conversa, interage, é educada e as pessoas pensam que te conhecem por isso, mas ninguém que está nesta festa a conhece de verdade. Elas conhecem seu trabalho, conhecem a Clarisse que você as deixa conhecer, mas a verdadeira Clarisse estava em outro lugar, ali na pista de dança agora a pouco. Tudo tem uma finalidade, a começar pelo fato de que você não queria estar aqui, você não se conecta a nenhuma dessas pessoas, mas elas servem de um meio para você chegar a um fim, então você adquire um papel social, digamos assim. Esse sou eu e essa é você, pelo menos, até onde seus olhos me deixaram perceber. 

Um silêncio mortal se estabeleceu entre nós, não achava palavras, ele me descreveu em boa parte, exceto pelo fato de usar as pessoas. Eu não fazia isso, mas quanto ao resto, ele tinha acertado na mosca. Forcei um sorriso e disse: 

— Nossa! Preciso tomar cuidado com meus olhos, pois eles andam revelando muita coisa. — Ele sorriu vitorioso e respondeu: 

— Pode ficar tranquila! Seu segredo está seguro comigo. 

Sorri e fiquei com o olhar perdido pensando em tudo que eu havia passado para estar ali. Ele chegou mais próximo de mim no sofá, até nossas pernas se tocarem, inclinou o corpo na minha direção e suavemente cheirou os meus cabelos. 

Fiquei paralisada! Era uma grande estupidez minha, mas estava gostando daquele jogo.

A flor cor de rosa (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora