25.

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— Por que a minha vida não pode ser normal?! — choramingo no ouvido de Giovana Ovo de Codorna e Raquel, enquanto me afogo no meu sorvete de brigadeiro. — Eu sou tão legal.

Amo iCarly.

— Não é, não. — a pirralha me contradiz, quase cuspindo sorvete na Giovana.

Foi engraçado, mas eu não ri.

— De novo, Giovana: não dava pra deixar essa criatura na porta de um orfanato?

— Seria melhor, em vez de ficar aqui com vocês duas, que parecem duas loucas. — Raquel rebate, voltando a se concentrar em seu sorvete de pistache *ela é chique.

— Raquel! — Giovana repreende a prima. — Vou contar pra sua mãe, se não ficar quieta.

— E eu conto pra ela que você não cuida bem de mim. Quem que ganha?! — a menina debocha, convencida.

— Eta, eta, eta, a pirralha é cagueta... — cantarolo, e as duas me encaram.

— Lúcia, sabe o que podíamos fazer?! — Giovana grita de repente.

— Falar baixo? — sugiro, retoricamente.

A pirralha segura a risada, e Giovana balança a cabeça em negativo.

— E se a gente for numa balada, pegar geral e-

— Como isso vai me ajudar?! — questiono, indignada.

— Levamos a Raquel pra aqueles dois exibidos cuidarem, e você diz que temos um compromisso importante que não podemos faltar. — minha amiga dá um sorriso enorme, empolgada.

— Não acredito! — exclamo, perplexa. — Isso é brilhante! Finalmente, Giovana, você pensou com o cérebro e não com sua b-

— Eu to bem aqui. — a pirralha me interrompe.

— Eu não to nem aí. — respondo no mesmo tom.

— Vai ficar rimando, agora? — ela debocha.

— Vai comer um mamão daora? — respondo, rimando *não me diga, Lúcia.

— Tem como parar? — Giovana Ovinho de Codorna reclama.

— Deixa de ser chata, garota. A gente tá só brincando, né projeto de Chucky? — brinco, olhando pro feto robótico.

— Quem é Chucky? — ela pergunta, com seu olhar mortal de sempre.

— É o meu ursinho de pelúcia. — minto, dando um sorriso inocente.

— Então Raquel, você vai ter um casal de babás hoje. — Giovana sorri.

— Eu não preciso de babás. — o pequeno robô responde. — Se essa doida aí tá com raiva da amiga, por que não resolve isso sozinha? — ela aponta pra mim, que faço uma careta.

— Porque a minha amiga tem uma doença muito contagiosa, então eu só to me protegendo. — minto, fazendo uma voz dramática.

— Eu não vou ficar com uma doente que é amiga de outra doente! — Raquel olha pra Giovana, que encolhe os ombros.

— Ei! — exclamo, ofendida *ou fingindo ofensa.

— Chega! — Giovana bate na mesa. — Raquel: ninguém aqui tem doença contagiosa, então você vai ficar com o casal sim.

— E por que você acha que isso vai me convencer? — o robô cruza os braços.

— Por que? Porque...porq... — gaguejo, procurando algo convincente. — A Giovana vai te dar um presente. Né?

— É, claro. — Giovana respira fundo em decepção.

Instagram tá aí pra isso: simular uma vida que não temos. Mesmo que a minha noite seja péssima, eu vou poder tirar fotos ridículas, postar e ainda fingir que virei uma menina da farra.

darth vader [orochinho]Onde histórias criam vida. Descubra agora