34.

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Resolvi que vou ser uma menina fitness daqui pra frente, então sugeri ao bonitinho que fôssemos caminhar num parque bem movimentado perto do prédio. Tem um monte de crianças correndo e gritando aqui, o que me assusta, pelo fato da prima da minha amiga ser um ET perto delas.

Pelo menos tem árvores e grama. Tem também um grupo de pessoas que estão tocando uns instrumentos estranhos, mas o som até que é legal. Agitado, mas chique. Me surpreende não ser um pagode ou samba. Sei lá o que é isso!

Pedro e eu esquecemos nossas carteiras, e tivemos que enrolar o dono da barraca por meia hora, só pra ele nos dar dois sorvetes de graça. Rimos disso enquanto andamos nas bordas da calçada. Lembro de fazer isso com as vizinhas da rua de baixo, quando eu era só uma criança endemoniada.

— Então você assistiu a série toda e não quer falar sobre ela? — levanto uma sobrancelha pra ele, que me olha de lado.

— Eu sou lento pra entender esse tipo de série. A terceira temporada foi...estranha.

— Você quer dizer "uma completa merda"? Sim. — dou de ombros, olhando pro meu sorvete que está pela metade. — Não vou dizer que entendi cem por cento dos episódios, mas no geral foi previsível e eu não senti empatia por nenhum personagem novo. Foi desnecessário! — falo a última palavra lentamente, já ficando estressada.

— Lúcia, desde quando você virou uma crítica de séries da Netflix? — Pedro debocha.

— Você não me conhece, garoto.

— Ah, se conheço... — ele garante.

— Só porque você me ajudou a patinar não significa que devemos ser amigos e andar de mãos dadas por aí. — tento ser durona.

— E que tal o fato de você ter me obrigado a usar uma máscara de argila que fede a esgoto? — ele rebate, me encarando *arrepiei de novo, porra.

— Ai, tá! Somos muito amigos, por mais que isso não vá durar muito tempo. — me rendo.

— Como é? — ele franze a testa.

— Vai me fazer repetir? Eu jogo esse sorvete na sua cueca, aqui mesmo! — aumento o tom de voz, ele se aproxima.

— De novo você quer falar da Bella? Achei que iríamos sair só nós dois hoje. — ele bufa. — Ou você tá obcecada comigo e com a sua amiga?

— É mais fácil eu estar obcecada com o vendedor de sorvete que super engajou no meu papo.

— Papo? Falando sobre a porra de uma bota coturno?! — ele resmunga indignado, mas com um leve sorriso maroto *sempre quis falar isso.

— Botas coturno são maravilhosas, só pra você saber. — me aproximo de seu rosto, experimentando um pouco do sorvete que ele segura em mãos.

Não sei qual o meu problema, mas tomara que ele nunca vá embora. E pelo amor de Jeová, que criatura cheirosa é esse homem.

darth vader [orochinho]Onde histórias criam vida. Descubra agora