59.

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Hoje tive uma discussão comigo mesma no banho, à respeito de atuação. Sim, atuação, teatro, blá-blá-blá! Sobre como atuar em si é uma coisa inútil e desnecessária pra existência humana. Tá bom, essa é a parte em que vocês se preparam pra me esculachar, mas PERAÊ.

Enquanto passava o condicionador, pensei mais um pouco e cheguei à conclusão de que atuar pode sim ser algo útil pra sociedade, desde que faça as pessoas refletirem sobre seus próprios atos e conhecerem mais umas às outras. Nossa, filosofei tanto que to quase postando isso no Tumblr.

Vim de moletom pra meu teste do curso de artes, porque sim. Assim que cheguei no prédio gigante e todo preto *chique, vi umas garotas da minha idade sentadas na sala de recepção. Fui até uma poltrona e uma delas apontou pro balcão, onde uma coroa segura uma prancheta e fala com outra menina.

Me esforcei pra não xingar. Isso aqui tá estranho. Talvez porque seja quieto demais.

— Você telefonou ontem pra confirmar a presença, certo? — a coroa pergunta, depois de eu ter falado um simples "Oi". — Seu nome é....Confúcia?

Seguro a risada, e percebo que as pessoas em volta também.

— Confusa? Muito. Mas todo mundo prefere me chamar de Lúcia, mesmo.

— Tanto faz. — ela revira os olhos, escrevendo sei lá o que na prancheta.

— E você é a Miss Simpatia... — sussurro, fazendo uma careta.

— O que?! — ela semicerra os olhos.

— Tô tendo um ataque de alergia? — sorrio torto, tentando ser convincente *não tá dando certo, flor.

— Ah, então você também é alérgica à amendoim? — uma das meninas se levanta e vem até mim, o que me faz reparar no pote cheio de amendoins ao lado da velha *coroa consagrada.

— Amendoim! — exclamo, enchendo minha mão com eles e colocando-os na boca.

A menina me ignora e volta a se sentar.

— A primeira aula é hoje. — a coroa se manifesta.

— Mas eu achei que hoje fosse só um teste pra escolher quem vai participar das aulas.

— Houve uma mudança de planos. Só quem vier hoje vai ser escolhido. — ela explica.

— Aê, porra! Fomos escolhidas! — levanto meu braço, em comemoração, enquanto as meninas riem.

Legal, talvez aqui eu tenha amigas. E quando eu digo "amigas", quero dizer amigas de verdade. Amigas que não sejam como a...

— Bella! Você veio mesmo! — uma garota de cabelo vermelho vê a Barbie atravessar a porta e abraça ela, empolgada.

Não to acreditando nesta merda. Nesta M-E-R-D-A!

— Tava bom demais pra ser verdade. — resmungo, esmagando os amendoins que sobraram na minha mão *coitados. — Moça, eu vim ter aula de arte, não de piranha sonsa. — olho pra balconista, desesperada.

— Lulú... — Bella suspira, desapontada *não tem ninguém mais desapontada que eu aqui, me respeita.

darth vader [orochinho]Onde histórias criam vida. Descubra agora