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— Ai que saco, você não joga direito! — jogo o pano de prato na cara de Pedro, irritada.

— Eu to jogando! Não é minha culpa se você é mais flexível do que parece. — ele termina a frase com dificuldade, por se dar conta do sentido que isso teve *o negócio é orar, peguem o terço.

Não, não fizemos as pazes. Pelo menos, ainda não. Acontece que o clima ficou ainda mais estranho depois que falamos VIRTUALMENTE que nos amamos. Sempre quis que isso não acontecesse por mensagem, mas a tia Lúcia é uma irresponsável.

Joguem tomate nela.

A ideia era ficarmos sem nos falar por um bom tempo, mas eu tive uma recaída e chamei ele no desespero por ligação. Disse que minha casa tava pegando fogo e ele veio num pulo. Brigamos? Sim, mas o conto de fadas acabou com a seguinte brincadeira: um dança com a bunda empinada enquanto o outro tenta acertar panos de prato no centro da mesma.

Eu sou normal, me respeita.

Minha mãe e eu brincávamos disso quando ela via que eu ficava triste pela tia Martinha *demônio falar alguma merda pra mim. Amo minha mãe e é isso. Não sei porque fugi do assunto, mas enfim.

— Errou, otário! — comemoro, quando vejo a cara de decepção do bonitinho. — Agora, tchau. — saio da sala correndo.

— Onde cê vai? — ele me segue.

— Comer, o que você acha? Tenho que me abastecer pra ficar flexível pra você... — provoco, ele ri.

Chegamos na cozinha e eu abro a geladeira, dando de cara com a metade de um sanduíche que eu pedi ontem à noite *se tem uma coisa que é melhor que muita gente, é sanduíche. Esquento no microondas e me apoio no balcão, esperando.

Um silêncio se instala e eu até pensei em falar alguma coisa pra ver se Pedro ainda tá por aqui, mas o garoto me deu o maior susto *e arrepio, me abraçando por trás. Chega engasguei. De indignação, claro.

— Não me abraça! — reclamo, tentando afastar ele, mas acabei ficando de frente pro mesmo. — E nem respira perto de mim. — exijo, colocando o dedo na cara dele.

O bonitinho gargalha e eu balanço a cabeça, convencida. Ai, consagradinhos, ele tá tão na minha.

— Não devia ter me chamado aqui, então. — ele dá de ombros, se achando *ou sendo. — Você sabe da situação que eu me encontro em relação à sua pessoa... — ele faz uma careta. — Eu sou um lixo pra essas coisas. — nós rimos.

— Somos. — toco em seu ombro. — Vamo se juntar e formar uma grande família podre de lixos! E depois-

— Lúcia, tá bom! — ele segura meu rosto com delicadeza. — Tá muito apaixonada por mim, né?

— Sim, super, hiper, mega apaixonada. — brinco *brinco? — Até quero que você lamba meu pé... — levanto minha perna *já fui bailarina e faço uma cara estranha.

— Pobre criatura idiota... — ele dá batidinhas no topo da minha cabeça.

— Teu rabo. — dou um tapa em seu ombro, o que faz o menino gemer de dor *isso se chama frescura.

Quando o sanduíche aquece, eu o tiro do microondas e dou uma mordida. Pedro Arrombado vem até mim e, sendo o trombadinha que é, deu uma mordida E-N-O-R-M-E no M-E-U sanduíche.

MY SANDWICH??? MY?????

darth vader [orochinho]Onde histórias criam vida. Descubra agora