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— Lulú! — Bella quase estoura meus ouvidos com um grito, ao atender a porta. — Veio pra conversar? Comer pizza? Melhor algo mais saudável, então.

— Para de falar um minuto. — reviro os olhos. — Eu vim pra buscar meu fone rosa. — forço um sorriso, lembrando das milhões de vezes que essa menina pediu meu fone caro emprestado.

— Achei que não usasse mais ele. — ela abre espaço pra eu entrar em seu apartamento.

— E eu achei que não conseguiria te odiar mais. Mas eu consigo!

— Ele tá no meu quarto, então vou buscar. — ela ignora meu comentário *como sempre e vai até o corredor.

Me sento no sofá, garantida que ela não tem direito nenhum de me pedir pra não encostar em mais nada daqui. Nem se ela tivesse, pediria. A menina é mais sonsa que a minha irmã quando falamos *falávamos de sexo oral. Isso é estranho pra duas irmãs conversarem, mas o que vocês esperam? Tendo uma irmã como a minha, isso nunca aconteceria se dependesse dela. Tive que tomar uma iniciativa.

Por que ainda tô falando disso? Troca o disco, Lúcia.

— Ele tá empoeirado mas você pod... — Bella paralisa ao me ver sentada *largada no sofá dela, e eu franzo a testa, adorando a situação. — Não precisava sentar aí, olha, eu já trouxe. — a voz dela falha, enquanto sua mão meio trêmula estende o fone pra mim.

Ignoro a frescura dela e me levanto de qualquer jeito. Me aproximo e pego o fone brutalmente. Além disso, a menina deu um passo pra trás e encolheu as mãos dentro da blusa branca transparente dela *sim, esses mamilos bronzeados estão à mostra.

Faço uma cara de desconfiança e repreensão, e mexo minha perna, só pra ver como ela reage. A Polly se afasta mais e tenta disfarçar, mexendo no cabelo hidratado dela. Por que eu to elogiando o corpo dela? Quero mais é que se foda!

— O que é isso? Loucura virou contagiosa, por acaso? Como eu perdi isso no jornal?! — faço uma voz dramática e sarcástica.

— Loucura não, mas...sarna sim. — ela gagueja *exagero? Com certeza.

MAS QUE PORRA É ESSA? Posso saber, Jurema? Por que, Jurema? Eu to parecendo uma bêbada. Eu não to, juro. Quem jura mente. EU NÃO TO MENTINDO, que saco!

— E desde quando eu tenho sarna? — gargalho. — Cheirou Tang, Barbie? Toma cuidado com essas coisas artificiais que você usa. Isso tá indo direto pra tua cabeça.

— Não é isso. — ela move as sobrancelhas. — O Pedro me disse à pouco tempo que você pegou sarna. Só to me protegendo. Desculpa, Lulú.

— Não mente. — faço uma careta, desacreditada.

Por que eu to defendendo esse energúmeno? O que ele fez de bom pra mim? Nada! Esses dois se merecem e deveriam se mudar pro quinto dos infernos, nadar na larva e comer coisas podres.

— Não é mentira, ele me disse mesmo. — ela se afasta mais.

E é nesse momento em que eu transformo toda a minha raiva em: risadas.

Gargalho pior do que...alguma bruxa da Disney que gargalha assim. Me perdoa, tá? Não sou atualizada com contos de fada. A vida já me traumatizou o bas- PARA LÚCIA.

darth vader [orochinho]Onde histórias criam vida. Descubra agora