Até Logo Sensei

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Três semanas se passaram desde a ultima visita do Hokage a cabana, e como dito por ele, a vila toda estava agitada e envolvida com os exames Chunin e os novos talentos do ano, as pessoas já tinham seus favoritos e torciam por eles fervorosamente, os examinadores, auxiliares e seguranças corriam de um lado a outro, tentando manter a ordem na vila, sem deixar o caos se espalhar; e como avisado a Naruto e Hinata, alguns dos seus senseis não puderem lhes treinar durante esse período, mas eles compensavam bem esse deficit treinando por conta própria, se organizaram durante os dias para retomarem algumas lições básicas que não eram praticadas há tempos, outras tardes tiravam um tempo apenas para estudar, buscar novas técnicas e Jutsus nos muitos livros de sua casa, e assim a primeira neve caiu na véspera do dia das finais.

Naquela manhã fria, os dois levantaram um pouco mais cedo que o normal, precisavam deixar tudo pronto para ir a vila ver as batalhas, e queriam chegar ao estádio um pouco antes, para assim poderem rever Kurenai e matar um pouco da saudade que sentiam dela; além disso, Hinata queria estender algumas roupas que haviam lavado na noite passada, para que pegassem o sol da manhã até o meio dia, ou não secariam direito, não com aquela umidade no ar, e ali na floresta era muito úmido. Assim que ela saiu para fora naquela manhã, seus olhinhos de lua brilharam ao ver a primeira neve acumulada pelos cantos, Naruto que vinha logo atrás carregando o cesto de roupas, admirava sua amiga, que em sua opinião, ficava muito mais bonita quando estava satisfeita ou contente com algo, e nesse momento, Hinata estava felicíssima; por mais que ela adorasse a primavera e todas as suas flores tão belas, a estação que ela amava mesmo, era o inverno e toda aquela neve branquinha e perfeita.

 Para o menino que conhecia tão pouco da vida ainda, ele achava que não poderia ser mais feliz do que era com Hinata, ele que já havia provado o amargo da vida, a dor e a solidão, ter aquela menina para dividir seus dias, para ser sua amiga e companheira, era o melhor presente do mundo, e ele nunca se cansaria daquela vida que levava com ela, era em sua opinião, a mais perfeita de todas, mesmo sendo tão incompleta; por que mesmo quando sentia uma profunda tristeza e uma saudade sem tamanho dos pais, que nem chegara a ver os rostos, ou quando se perguntava como deveria ser bom o aconchego dos braços de sua mãe, por mais que Kurenai tenha suprido esse papel parcialmente, por que por mais amorosa que a tutora fosse, sua mãe tinha um lugar especial e só dela em seu coração, e isso fazia Naruto sentir falta do que nunca teve, e nesses momentos eram os braços de Hinata que ele sentia o acolhendo e consolando, era ela quem lhe sussurrava baixinho que tudo ficaria bem, e para seu coração de criança ansioso por amor, aquele era um balsamo para acalmar suas dores, aquilo o aquecia por dentro e lhe dava toda certeza de que era feliz, mesmo que lhe faltassem partes importantes. Com Hinata não era diferente, em todas as vezes que teve medo, todas as vezes que se sentiu insegura e uma inútil, como seus pais lhe disseram, era Naruto quem a acalmava, quem cuidava dela, quem lhe dizia o quanto ela era incrível, forte e corajosa, como ela era a garota mais fantástica que conhecia, e dizia isso com toda sinceridade que seus olhinhos azuis podiam transparecer, e era ele quem lhe prometia toda noite antes de dormirem, que sempre estariam juntos, que nunca a deixaria só; e para ela, com toda a incerteza plantada em seu coração pela maldade alheia, aquilo era mais que suficiente para fazê-la seguir adiante e se manter em pé por ele, por Naruto.

Essa relação de cumplicidade dos dois, existente desde o primeiro contato, só se intensificou com a partida da sua tutora, e agora com sua nova rotina estabelecida, os reflexos desse companheirismo eram notáveis, tanto nas tarefas diárias e nos treinos, como em pequenas coisas, como os carinhos trocados, as palavras gentis, coisas que crianças normais se retraem muito para conseguir demonstrar e muitas vezes não o faziam, mas que para os dois, que receberam isso pela primeira vez muito recentemente, era algo tão necessário como respirar. Era natural para Naruto estar sempre de mãos dadas com Hinata, sempre lhe acariciando a face ou lhe dando um beijo carinhoso na testa sob a franjinha bem cortada dela, assim como era natural para Hinata ter Naruto com a cabeça em seu colo, enquanto ela lhe afagava os cabelos, ou abraçá-lo com frequência para demonstrar sua alegria por uma conquista dele, ou simplesmente lhe dizer palavras gentis de incentivo a cada obstáculo sobreposto a sua frente. Eles descobriram esse lado mais necessitado um do outro, principalmente e por que todos os seus senseis lhes explicaram, que quando começassem a sair em missões, seus inimigos poderiam usar essa ligação especial deles, para os atingir; então o medo de perder um ao outro se fez presente, mais presente até do que quando o clã Hyuuga ameaçava levar Hinata de volta, agora era diferente, eles sabiam que esses missões representavam um risco maior do que qualquer outro que já enfrentaram, e isso os fazia querer estar sempre perto um do outro, como se fosse para se certificar que ainda estavam ali.

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