Prólogo

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O velho e respeitado Hokage se recosta em sua cadeira e suspira alto, estava cansado daquela situação, cansado de ver aquela mesquinharia; mas não tinha muito o que fazer, não podia causar um conflito interno na vila, não agora que estão se recuperando finalmente do ataque da Kyuubi, foram necessários cinco anos para reerguer a vila totalmente, e ainda havia muito que fazer. O jeito era tornar os males menores possíveis, por mais que não concordasse com o que estava acontecendo, tinha que pensar no que seria melhor para aquela criança, não podia condená-la a viver naquele clã, ainda mais sabendo qual seria o seu destino; pensando nisso e tragando seu cachimbo, ele passa a escrever em um pergaminho, sem demonstrar qualquer sentimento ou emoção perante o homem a sua frente, não podia deixá-lo perceber que isso era uma intervenção, nem que estava se importando, ou era capaz do outro levar a menina embora e condená-la a um destino mais cruel ainda.

Sarutobi pensava em tudo enquanto escrevia, só esperava que Kurenai não se importasse e não ficasse muito brava por ele jogar mais essa bomba para cima dela, mas sabia que podia contar com a nora, ela já vinha desenvolvendo um trabalho excelente e mais um não faria muita diferença, ou faria? Precisava resolver isso hoje mesmo, não permitiria mais que aquela inocente sofresse daquela forma, mas teria que fazer tudo pelas beiradas para não causar conflitos; como podia, o Hokage se ver de mãos atadas e a merce de um único clã? Chegava ser revoltante não poder dar uma boa surra naquele homem, como podia ser tão frio e sem coração? Como podia um pai ser assim, tão indiferente a um filho e só pensar no próprio poder e status? Todas essas questões atormentavam os pensamentos do Sandaime Hokage de Konoha, e pareciam não ter mais fim, mesmo quando ele descansou a caneta e releu o contrato que acabara de redigir, perguntas e mais perguntas inundavam sua mente. Olhou por fim para o homem, teria que ser bem cuidadoso com as palavras que usaria, não podia deixar transparecer o quanto se irritou com a situação, o quanto se enojara com o que ouvira desse homem que nunca julgou ser tão odioso.

— Espero que esteja certo disso Hiashi, depois do acordo feito, não poderá voltar atrás. — avisa seriamente.

— Eu não vou voltar, é o melhor a se fazer, o clã não precisa de uma herdeira fraca. — o homem responde resoluto — E dentro de alguns meses minha esposa me dará um herdeiro homem!

— Se tem certeza, assine esse contrato. — o velho pede e o outro atende de pronto — A partir de agora, Hyuuga Hinata não é mais sua responsabilidade, ela será treinada da maneira que eu julgar melhor e o clã não intervirá em nada, ela também não residirá nas dependências Hyuuga! Já designei um ANBU, que nesse momento deve a estar trazendo para cá junto com suas coisas, a partir de agora você não tem mais filha Hiashi!

— Faça como quiser, Konoha que lide com isso então! Eu não vou mais perder tempo com uma inútil! — ele fala sem nenhum remorso e virá-se para sair da sala.

Quando o homem chega a porta e a abre, encontra o ANBU e a pequena menina esperando, a qual ele não faz questão de olhar uma única vez, Hiashi sai a passos largos da sala, com toda a pompa e arrogância que alguém da posição dele julga ter direito; a menina se encolhe toda na presença do pai, esquiva-se para trás das pernas do ANBU como se temesse ser punida por estar ali. O Hokage a encara com as feições enternecidas, sentindo uma enorme dor ao ver a reação da criança, o seu rostinho delicado e quase angelical estava pálido, os grandes olhos perolados cheios de lágrimas não derramadas, ela deve ter aprendido que não deve chorar, pensou o Hokage. O ANBU entra na sala e ela o segue a passos vacilantes e custosos, aquela postura defensiva e arisca era prova suficiente do quanto sofreu, sem mencionar os vários hematomas nos seus braços fininhos e o lábio cortado; ela ouviu tudo, o velho pensava e sabia que estava certo, agora restava saber como explicar para essa pobre criança que o pai, que deveria amá-la e protegê-la, não a quer e a rejeitou de todas as formas possíveis? Como fazê-la entender a imensidão disso tudo? E a parte mais difícil, como apagar a mágoa que isso causa em seu pobre coraçãozinho? Todas essas questões faziam o Sandaime odiar mais os Hyuugas e suas regras estúpidas, e mais ainda o progenitor dessa inocente, esperava de todo coração que sua nora e aquele menino cabeça oca, a fizessem esquecer esse trauma.

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