O Aniversário de Hinata

1K 87 55
                                    

Dois meses passaram voando, a neve já se acumulava por toda parte, agora tudo era feito de cristal, as copas das árvores, os rios, o chão ao redor da cabana; o que não se parecia com pequenos diamantes de gelo, estava coberto por uma fofa camada de neve. Agora os dias eram mais curtos e as noites mais longas, nem uma alma viva em Konoha, queria estar nas ruas com aquele frio, nem mesmo os animais saiam de suas tocas e seus ninhos. Mas na clareira era diferente, para Naruto e Hinata, aquela neve toda era um verdadeiro parque e também um desafio; quando não estavam brincando, fazendo bonecos de neve, anjos de neve e guerras de bolas de neve, os dois estavam treinando pesado naquela imensidão branca; faziam enormes corridas, agachamentos e polichinelos, ou treinavam até a exaustão o seu Taijutsu. Kurenai havia transformado tudo e qualquer atividade em treinamento, seja quando tinham que cortar lenha, retirar a neve da calha ou da entrada da casa, ou até mesmo em suas brincadeiras e atividades diárias, tudo era um treinamento e isso começava a dar frutos, ela percebia as sutis mudanças; Naruto tinha muita resistência, era veloz e tinha uma certa força já nessa idade, Hinata era versátil, flexível e tinha uma precisão nos seus golpes, que eram quase perfeitos.

Depois daqueles dois primeiros dias, os dois desenvolveram um vínculo especial, não faziam nada mais separados um do outro, dispensaram a cama extra e ficaram dividindo a de Naruto mesmo, já que a menina sempre acordava com pesadelos no meio da noite e ia para a cama dele para conseguir dormir, entre os dois, tudo era calmo e equilibrado; Hinata era serena e observadora, Naruto expansivo e hiperativo, mas os dois se completavam muito bem, e quando um aprendia algo novo, não demorava o outro acompanhar, e foi assim que os dois aprenderam a ler e a escrever perfeitamente depois de três semanas fazendo muitos exercícios de escrita. Agora eles treinavam quase o dia todo com Kurenai, e praticavam a leitura a noite, com livrinhos de charadas e questões didáticas para estimular o intelecto deles. Kurenai sabia que estava exigindo muito deles, que deveriam ser crianças acima de tudo, mas sabia também que o mundo ninja, ao qual eles seriam inseridos precocemente, era o mais cruel possível, e por isso queria que eles estivessem preparados para tudo, e os capacitaria mais do que qualquer aluno que já passou por suas mãos, ainda mais sabendo qual eram os planos do seu sogro para eles; planos esses que se mostraram cada vez mais certos, quando em uma manhã, ele os visitou e viu um de seus treinamentos, o velho Hokage ficou encantado com o que viu, nunca em sua longa vida, se deparara com crianças tão habilidosas e promissoras, existiu uma de fato em especial, mas Naruto e Hinata mostravam aptidão para superar as expectativas. E mesmo os dois sendo tão pequenos e parecerem tão frágeis, eram maduros o suficiente para entender o que se passava e levar os treinamentos a sério, como qualquer adulto. 

O Hokage e sua nora também perceberam algo que era muito incomum, ainda mais considerando a pouca idade dos dois, eles conseguiam se entender e se comunicar, muitas vezes sem dizer uma palavra, sabiam ler e reconhecer a postura e as feições um do outro, eram sutis em seus atos e tinham uma engenhosidade para solucionar as mais diversas situações; isso elevou os planos do velho homem a níveis um pouco mais altos do que ele esperava. Assim os dias foram passando, entre treinamentos e lições, tarefas e preparativos para uma vida a sós, os dois se desenvolviam e cresciam a olhos vistos, e passaram por mudanças neles mesmos, não só como um time; Hinata não vivia mais receosa ou amedrontada, agora falava livremente como qualquer criança da idade dela, recuperou seu peso normal e estava bem mais disposta e comunicativa, ainda tinha traumas em sua cabecinha, mas ela pouco a pouco os superaria, já Naruto assumiu uma alegria de proporções estratosféricas, estava mais concentrado e aplicado em seus afazeres, e fazia tudo com um sorriso no rosto, para o menino, o principal era que não estava mais sozinho, não se sentia um alguém abandonado. Mas claro que com todas essas mudanças e coisas boas, também tiveram dias em que as coisas foram difíceis, quando Kurenai as vezes se empolgava e se esquecia do passado da garota, e passava alguma exercício ou tarefa com um pouco mais de seriedade e menos gentileza, Hinata automaticamente se retraia e não conseguia concluir; o motivo a mulher acabou descobrindo por fim, quando escutou atrás da porta uma conversa dos pequenos, Naruto tentava acalmar Hinata, depois que ela não concluiu a lição e com seu jeito cuidadoso e sempre preocupado com a amiga, pediu o porquê Hinata se desesperou quando Kurenai trouxe os bastões para eles treinarem o Taijutsu naquele dia, soluçando e tremendo muito, a menina contou que quando não fazia algum golpe direito, ou não assumia a postura correta, seu pai ou qualquer outro adulto do clã lhe batia repetidas vezes com varas e bastões. Aquela confissão quebrou o coração da mulher, aquilo era cruel demais, desumano demais, quando seu sogro lhe contara que cuidaria da menina e que ela havia passado por maus tratos, imaginou que seria algo grave, mas não imaginou que seria tanto assim; Kurenai não conseguiu se controlar e sem se importar em demonstrar que tinha ouvido, entrou no quarto com o rosto banhado em lágrimas e abraçou seus pequenos pupilos, os consolando e confortando, queria poder apagar de seus corações todo aquele sofrimento, naquela noite, quando os dois dormiram com os rostinhos inchados e os narizes vermelhos de tanto chorar, Kurenai prometeu que os tornaria fortes e inabaláveis, que os cercaria de todo amor, para que nunca mais alguém pudesse lhes fazer mal.

O Sol e A LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora