O homem corria desesperado pela floresta, desviava de galhos, árvores, tropeçava em raízes, caia e se ralava, rolava ladeira abaixo engolindo lama e o que mais viesse pela frente, mas levantava e voltava a correr; corria a esmo sem ver por onde ia, só sabia que precisava tomar maior distância possível deles. Sentia seu coração falhar, as pernas ardiam de tanto correr, respirar doía, mas se obrigava a continuar, precisava correr o mais rápido que pudesse; mas o problema é que em todo lugar que ia, todo esconderijo que pensava ser bom, quando chegava, eles já o estavam esperando, e a chuva forte e intensa na escuridão da noite não o deixava ver por onde andava. Até que por fim se sentiu parando por completo e caindo estatelado no chão com um baque surdo, ele nem viu de onde elas vieram, só as sentiu sendo cravadas em pontos chave do seu corpo, várias agulhas senbons arremessadas de forma precisa e certeira, incrustadas em cada uma de suas articulações o impossibilitando de se mover, a única coisa que podia mexer eram os olhos, que ele girou de um lado a outro os buscando, até os ver por fim se aproximando, lenta e deliberadamente; ali ele soube que seria o seu fim.
Focou seus olhos nos dois e os encontrou sem um arranhão, sem um sinal de fadiga ou qualquer indicio de que estivessem correndo esse tempo todo, mas não havia nada, eles estavam apenas molhados, foi quando notou vários deles correndo atrás desses primeiros, sempre em duplas, esses sim pareciam cansados; então entendeu tardiamente, que não o estavam perseguindo, o estavam conduzindo diretamente para cá, para esse ponto, desde o momento que o afastaram do quarto da taberna que dormia com as prostitutas, até o percurso da floresta, tudo o trazia direto para suas mãos. Viu com assombro os de trás se desfazendo em fumaça e compreendeu que aqueles deveriam ser somente clones, mas não clones normais, aqueles eram Kage Bunshin, com chakra distribuído de forma tão uniforme e igual por todos, que seria muito difícil reconhecer o verdadeiro no meio deles, talvez em meio a uma batalha, mas só talvez. Agora que pensava que estava dando seus últimos suspiros de vida, o homem pensava que deveria ter sido mais esperto, ter se escondido melhor, ou ter ficado na moita por um tempo, dinheiro pra isso tinha, mas a ganancia foi maior, e depois de aprender a viver daquele jeito, não tem mais volta; se praguejava mentalmente, sempre soube que um dia viriam atrás dele.
Quando começaram os rumores de que dois ninjas especiais de Konoha estavam caçando e eliminando vários criminosos do livro Bingo, ele até pensou que fosse conversa fiada, mas percebeu que era verdade quando vários conhecidos de trabalhos antigos passaram a sumir, e dias depois eram dados como mortos, mas sua arrogância o fez pensar que nunca seriam bons o bastante para o encontrar; só que agora eles estavam ali, o encarando por sob aquelas máscaras frias e inexpressivas, não demonstravam estar pensando ou sentindo nada, e o que mais o surpreendeu, é que não eram adultos como pensara, os famosos Neko e Kitsune eram duas crianças, dois jovens entrando na adolescência. Ele até pediria piedade se pudesse falar, mesmo sabendo que não adiantaria, ouvira rumores de que quando recebiam um alvo, o eliminavam sem pestanejar, eles eram temidos, isso eram, mencionar seus nomes fazia qualquer marmanjo se urinar nas calças; e agora os encarando e esperando que ajam, até ele os estava temendo, sentia o corpo todo tremendo, não sabia se era de frio ou de medo. Um trovão alto ecoou agourente pela floresta, fazendo o homem balbuciar e chorar palavras ininteligíveis, que para ele eram os pedidos de perdão mais sinceros do mundo; mas sabia que não adiantava, não com eles que deveriam saber a sua extensa lista de crimes, todos as vilas que queimara inteiras, todos os fazendeiros que decapitara a mando de alguém, todos os pais de família que torturou e obrigou ver as mulheres e filhas sendo estupradas. Sabia que não teria perdão, e quando sentiu seu coração falhar e tremer, ao mesmo tempo que um raio cortou o céu escuro, sentiu também a lâmina lhe cortando a garganta, Neko lhe ceifara a vida com um leque.
Os dois ficam vendo a vida esvair daquele corpo sem pressa, com os anos aprenderam que não precisavam ter pressa, aprenderam a fazer tudo com mais calma do que faziam nos seus treinamentos; e por isso mesmo observaram a rotina do Nukenin durante três dias, se mantiveram a espreita e analisaram seus hábitos, suas manias, com quem falava e onde ia, até terem um plano de ação. Quando resolveram na noite anterior, que o fariam sair do vilarejo onde estava, foi pelo simples fato de que ele tinha o costume de fazer reféns quando se sentia encurralado; por isso o perseguiam com o Kage Bunshin, o fazendo ficar assustado e não pensar no que estava fazendo, assim o conduziram até eles sem nenhum problema e nenhum risco aos civis do local. Agora que a chuva torrencial dava finalmente uma trégua, os dois preparavam tudo para voltar para casa, os dias de missão nunca os cansavam, as vigílias, a atenção constante que tinham que manter, a adrenalina, tudo contribuía para mantê-los bem; mas quando estavam voltando para casa, era como se tudo que deixaram de sentir por um tempo, lhes batesse com força total, o vovô costumava dizer que eles hibernavam depois de uma missão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Sol e A Lua
RomanceAqueles que são negligenciados, subestimados e maltratados, carregam muita dor dentro de si; mas são esses que têm o coração mais bondoso, e são os mais capazes de encontrar sua felicidade. É exatamente isso que acontece, quando tudo que você tem na...