Prey | h.s.

❀ not a fairy tale ❀

twelve

Harry havia deixado Louise quinze minutos após ela sair do escritório. A mais nova como sempre fazia, para a garota ligar para ele se tivesse algum problema e também para que trancasse a casa e não atendesse a estranhos. Parecia transtornado, mas a ruiva não sabia bem por quê. Talvez a ligação fosse realmente uma emergência ou talvez o que ocorreu entre eles o esquentasse a cabeça. Esperando pelo tio, Lou passou a tarde toda com tempo para pensar e repassou tudo que ocorrera entre eles, sentindo seu rosto e outras partes do seu corpo esquentarem ao lembrar de si mesma sendo tocada pelo homem sem acanhamento algum. Acontece que ela estava tão imersa apenas vivendo o momento que não se importou em parecer estúpida ou não ser boa o suficiente. Queria que Harry a visse como era, assim o daria qualquer coisa, esperando que não a faria mal.

Louise também matutou a respeito do trabalho do tio e como aquelas ligações e reuniões de última hora pareciam misteriosas. Não conhecia muito sobre advocacia, mas tinha a ideia que a área de negócios não exigia tanta discrição e que com certeza o Sr. Styles escondia algum segredo. Também não pareciam haver muitos perigos em colaborar com empresas, como o mais velho uma vez dissera que tinha uma porção de inimigos. Talvez ele não fosse tão bom assim e estivesse envolvido em esquemas ilegais como tráfico de drogas ou corrupção. Claro que também havia a possibilidade de as séries policiais que Lou assistia estarem realmente entrando em sua cabeça e fazendo-a imaginar coisas que não existiam. Era bom ter as possibilidades abertas, de qualquer maneira.

A questão é que Louise teve tempo. Para assistir tevê e para preparar algo consistente para comer e para alimentar o Apollo e para ler o livro que o Styles a havia emprestado e para se cansar de tudo isso e se sentar ansiosa esperando por alguém que talvez não voltasse tão cedo. E se Harry houvesse sido atingido por uma bala numa troca de tiros com criminosos? Mas ele não era um policial, a menos que fosse um criminoso também. Ela de fato precisava parar de imaginar esse tipo de coisa.

Passou a tarde deitada no sofá numa posição certamente desagradável para sua pobre coluna, viu o céu lá fora escuro e notou certa movimentação no quintal. Seu coração quase parou de bater ao ver que não era o tio se aproximando da porta de vidro da sala, mas respirou aliviada ao reconhecer Liam, Hanna vindo logo atrás. Não passou pela sua cabeça que podia haver uma péssima razão para tê-los ali e se levantou enquanto o homem destrancava a porta com a própria chave. Logo os dois entraram e se animou ao ver a amiga, ambas se abraçando como se não se vissem há anos. Deu um abraço esquisito em Payne também e sorriu como se desculpasse por Harry não estar lá.

— Ele está numa reunião de emergência ou algo assim, não sei quando voltará — se explicou.

— A gente sabe, bobinha. Viemos resgatá-la da solidão deste lugar obscuro e sem vida!

— Harry me ligou e disse que não poderá voltar hoje, então pediu para que eu te levasse pra minha casa e a mantivesse em segurança — Liam explicou.

Louise não pôde esconder o desapontamento. Queria que Harry estivesse seguro.

— Achei que ficaria feliz em dormir lá em casa. Podemos fazer uma noite das garotas, ou algo do tipo. Harry está bem, não se preocupe.

Hanna parecia tão certa daquilo que a ruiva confiou em sua palavra, cedendo espaço a euforia de passar a noite com a amiga. Sempre quisera fazer uma festa do pijama, mas suas amigas nunca foram próximas o suficiente para convidá-las às suas casas ou aceitar a oferta de Lou de dormirem na casa dela.

O lugar dos Payne não era muito diferente da casa do Styles. Ambas eram amplas e modernas, mas a de Liam ficava numa rua de verdade, próxima a uma colina e com poucas casas ao redor. Havia quarto para hóspedes, mas Han deixou claro que as amigas dormiriam no mesmo cômodo então Lou a seguiu degraus acima com a pequena mochila que guardava seus principais pertences nas costas. Mais tarde, Liam pediu pizzas e comeram e conversaram na cozinha até a madrugada.