❀ why not? ❀

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seven


Louise não era a maior nadadora do mundo, na verdade, o máximo que conseguia sem engolir água ou se desesperar era o estilo cachorrinho, que consistia em movimentar as mãos e os pés debaixo d'água e permanecer com a cabeça para fora, permitindo que ela respirasse e visse o que estava a sua frente.

 As vezes, gostava de fingir que era uma sereia e afundava todo seu corpo. Quase nunca dava certo porque não importava o que ela fizesse, sempre entrava água pelo seu nariz e emergia tossindo e com a garganta a doer. Mas acontece que não tinha muita coisa para fazer ali. Harry não havia dado muita bola a ela e parecia querer apenas relaxar e a mesma não havia ido para a outra área da piscina desde que chegara. Também não havia nadado muito, pois, como já sabemos, suas habilidades não eram lá excepcionais, e seus pés só podiam alcançar o chão se estivessem bem esticados.

Assim, Lou encheu seu pulmão de ar até que suas bochechas inflassem e disputou consigo mesma que tentaria chegar ao outro lado em trinta segundos. Avistou Harry olhando em sua direção com os braços cruzados e afundou seu corpo de maneira que resvalasse no chão. Os olhinhos apertados sob a água quando passou a movimentar as pernas e os braços simultaneamente. Tentando ignorar a sensação incomoda no nariz, continuou nadando daquele modo e se ergueu quando achou que estava próxima de alcançar a parede a sua frente. Logo abriu os olhos e esticou o corpo para que ficasse em pé, a respiração ofegante quando não pôde alcançar o chão e certa quantidade de água entrou por sua boca. 

Tentou recuperar o fôlego e boiar novamente para mais uma vez tentar se levantar. Não entendia por quê não podia mais alcançar o fundo e esticou o corpo mais uma vez, tendo parte do seu rosto coberto e tossindo a medida que tentava tirar a água dos olhos e retornar ao lugar de que viera. No entanto, todas essas coisas unidas acabaram fazendo com que ela engolisse mais água e se desesperasse, não saindo do lugar. Antes que começasse a chorar, Louise viu Harry ao seu lado que a segurou pelo braço e permitiu sua estabilidade sem que ela precisasse se afogar ou coisa assim. Estava tão sentida que se agarrou ao tronco do mais velho e escondeu seu rosto entre seu ombro e pescoço.

— Calma, já passou — Harry disse a sério, sentindo a pressão da menina envolta em si crescer.

As mãos da ruiva se uniram nas costas do mais velho que roçou os dedos na espinha da garota, uma tentativa atípica para ele de oferecer algum conforto.

Acontece que a piscina do advogado ia ficando mais funda a medida que alguém se encaminhasse para o lado contrário ao que os degraus ficavam e a garota não havia percebido isso.

O de olhos verdes se deslocou até a parte mais rasa — onde Louise alcançava—  e a afastou de seu corpo, repousando-a sobre a borda da piscina. A garganta da pequena ardia e seus olhos e nariz se encontravam avermelhados. Estava ressentida enquanto fungava e se amaldiçoava por ser tão tola.

Agradeceu aos céus por seu tio não brigar com ela, esse mesmo que descansava as mãos em seus joelhos e questionava se estava tudo bem. Seus polegares traçando carinhos na pele arrepiada. Não se sabe pelo frio, ou pelo toque do homem a sua frente.  Louise balançou a cabeça e, manhosa, disse que queria entrar. 

Harry assentiu compreensivo e apoiou os braços a alguma distância dela, em seguida deu um impulso e saiu da piscina sacudindo os cabelos. As gotas de água concebendo trajetórias até seu pescoço e peito. Louise se levantou cautelosamente, ao que teve uma toalha ao redor de seus ombros na qual ela se enrolou e ambos seguiram para dentro.


Apesar da aparência frágil, Louise não temia muitas coisas. Mas o que a afligia, o fazia em demasia. Seus medos se resumiam a duas coisas: perder pessoas que amava e tempestades com relâmpagos e trovões. Os pavores tinham um vínculo profundamente infeliz e ambos eram oriundos de traumas distantes. 

Prey | h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora