O Segredo do Jantar

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sete meses antes de Madeline Stuart morrer

Parte I: 

O jantar beneficente dos Parker ia começar em duas horas, portanto, Roman White decidiu que era hora de se arrumar. Não era muito pontual, aliás, nunca foi, mas aquele jantar era diferente, afinal, Dallas iria com ele, e ela era sempre uma companhia divertidíssima. Roman gostava de imaginar, em momentos de tédio ou de procrastinação, se a ruiva seria tão divertida na cama. Tinha que admitir que estava mais encantado pela garota do que gostaria, não gostava da sensação de estar apaixonado, mas também não suportava ficar longe de Dallas. Era oficial, estava ferrado, tinha sido fisgado. Ao menos ela faria com que aquele evento fosse menos entediante. 

Mergulhou na banheira e acendeu um cigarro. Esses jantares eram, além de entediantes, estressantes. Sempre perguntavam sobre os negócios da família White, e ele odiava qualquer assunto relacionado aos pais. Por isso, a maconha era uma ótima válvula de escape e sempre carregava um pouco consigo. Madeline Stuart, que era uma figura de pessoa, lhe indicou um ótimo traficante, um tal de Toledo, de poucas palavras, mas que tinha as melhores mercadorias. Tinha tomado o cuidado de deixar esse aspecto da sua vida fora dos olhos de Dallas.

Após o banho, vestiu seu smoking e saiu do quarto. Clarisse, sua irmã mais nova, estava na cozinha comendo biscoitos com uma amiga — essa ficou vermelha ao ver Roman se aproximando.

— Você está parecendo um almofadinha — riu Clarisse.

— Vai se foder.

— Você nem gosta desses jantares, não sei por que está indo.

— Dallas vai — disse Roman, enchendo um copo com uísque. 

— Oh. Dallas, gostei do nome. Ela é sua namorada do mês?

— Ela não é minha namorada — ele bebeu o líquido ardente e se curvou no balcão para falar com a irmã. — Além do mais, Dallas não é como as outras patricinhas daqui. Você vai gostar dela.

— Se você diz.

Piscando, Roman saiu. O motorista estava o esperando com a porta da limusine aberta, quando entrou, mandou uma mensagem para Dallas, dizendo que já estava chegando. Ela não morava muito longe, e logo viu os portões de ferro da mansão da garota, um M brilhava em dourado entre as grades. Desceu do carro e esperou que a ruiva aparecesse.

Roman White já esteve com muitas mulheres, ele não se gabava sobre isso ou sequer tinha orgulho, era apenas um fato. Ele esteve com muitas mulheres. Loiras, morenas, altas, baixas, no entanto, nenhuma delas lhe causou o que ele sentiu ao ver Dallas Monroe passando pela porta com um vestido vermelho de seda. Os cabelos fartos e ruivos estavam soltos nas costas mas presos na frente, deixando seu rosto e pescoço exposto para todos, e Roman não conseguiu se segurar. Passou a mão pelo rosto dela, e em seguida desceu até seu pescoço, a enforcando de leve, gostou da sensação da pele sedosa sob seus dedos. 

— Você está bonita — disse com a voz rouca. — Muito bonita.

Dallas engoliu em seco, e ele sentiu o movimento da garganta na palma de sua mão.

— Obrigada.

— Vamos — ele soltou seu pescoço e pegou sua mão. — Vamos nos divertir.

🔪🔪🔪

O jantar estava entediante, exatamente como deveria ser, muitos homens, velhos e brancos, acompanhados de mulheres jovens e artificiais, conversam sobre economia e finanças. Se Roman tivesse uma arma, com certeza estouraria os miolos. Sabia bem porquê o pai ia no banheiro todo o momento durante esses jantares, somente usando drogas para aguentar toda aquela burocracia. Nem ao menos sabia do que se tratava aquele jantar, estava doando dinheiro para o que? Crianças? Idosos? Câncer? Não fazia ideia. Dallas andou até ele, com o quadril balançando naquele vestido vermelho, e lhe entregou um coquetel.

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