O Segredo da Boate

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quatro meses antes de Madeline Stuart morrer

Blaire bateu na porta mais uma vez. Logo, estariam atrasadas, e toda a preparação que fizeram ao longo da semana seria em vão, cansada de esperar, girou a maçaneta e entrou no quarto. Dallas estava sentada na cama, usando calças jeans e uma blusa grande demais que, provavelmente, pertencia a Roman. Seus olhos estavam baixos, fixados nas suas mãos, como se suas unhas pintadas de vermelho fossem a coisa mais interessante naquele momento.

— Dallas? — chamou Blaire, novamente. — Precisamos ir.

A garota não respondeu, em vez disso mostrou o celular para a empregada. Uma mensagem ocupava metade da tela.

— Roman volta amanhã.

— Você quer esperar por ele?

Dallas sacudiu a cabeça com força.

— Não. E ele não pode saber disso, entendeu? Nunca!

— Tudo bem — disse Blaire delicadamente. — Mas agora precisamos ir, ok?

Assentindo, a ruiva se levantou da cama. Alguns minutos depois, ambas estavam no metrô, era a primeira vez que Dallas andava em algo que não fosse uma limusine ou seu conversível. Ela encarava com nojo todas as pessoas que ousavam se sentar perto dela, e apertava a bolsa com força como se fosse ser roubada a qualquer momento. No entanto, sabia que não podia reclamar, se usasse a limosine para ir a clínica de aborto, no dia seguinte estaria em todos os jornais.

— Vai demorar muito?

— Só mais um pouco — respondeu Blaire, sacudindo a perna. — Se acalme, chegaremos a tempo.

De soslaio, a loira viu Dallas recusar uma chamada de Roman. Lembrou-se do dia em que comprou o teste de gravidez para que ela fizesse. Blaire ficou do lado de fora do banheiro, com a cabeça encostada na porta, esperando, e então ouviu a Monroe começar a chorar. Merda, foi a única coisa que conseguiu dizer naquele momento. Obviamente nenhuma das duas contou a Melinda, ela já estava brava o suficiente com a filha depois do episódio com o sonífero. Naquele dia, Dallas implorou para que Blaire não fosse embora, e a garota aceitou. Elas dormiram juntas, e no dia seguinte a Monroe decidiu que faria um aborto. 

— Vamos — chamou Blaire, saindo dos seus devaneios. — Chegamos.

A clínica ficava em um bairro mais afastado, e, felizmente, não havia muitas pessoas na rua. Na calçada, esperando por elas, estava Madeline, Lola e Anastásia — todas com roupas discretas, com bonés e óculos escuros. Dallas deu um sorriso trêmulo e elas entraram. A recepcionista levantou os olhos quando as viu entrar.

— Bom dia. Eu... — Blaire umedeceu os lábios. — Eu liguei mais cedo...

— Ah, sim. É você que vai fazer o procedimento?

— Não — Dallas se aproximou. — Sou eu.

— Ok, preencha aqui pra mim — pediu a mulher, entregando um papel. — Elas são suas acompanhantes?

— Sim.

— Você irá conversar com a psicóloga primeiro, e depois, se decidir continuar com o procedimento, a encaminhamos diretamente ao médico. Tudo bem?

A Monroe apenas assentiu, engolindo em seco.

Madeline apertou a mão de Dallas, e pela primeira vez, Blaire viu carinho nos olhos da garota. A ruiva havia perdoado a amiga por tê-la entregado a Melinda, já que, devido às atuais circunstâncias, não sentia forças para continuar com raiva. Após assinar tudo, elas se sentaram na sala de espera, em silêncio, apenas de mãos dadas. Mesmo que quisessem, não tinha nada que pudessem falar naquele momento, então apenas forneceram conforto a Dallas.

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