O Segredo de Dallas Monroe

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oito meses antes de Madeline Stuart morrer

Dallas espreguiçou-se lentamente entre os lençóis de linho, ronronando como uma gata, passou as mãos pelos cabelos ruivos e encarou teto. O recesso de inverno estava acabando e logo teria que voltar para a universidade. O pensamento lhe deu ânsia de vômito, mesmo fazendo moda — sua grande paixão — odiava ter datas para entregar trabalhos ou ter que ficar calada durante as aulas. Gostaria de ser modelo, mas não era alta e magra o bastante, teria que se contentar em fazer vestidos e viver para sempre atrás das câmeras. "Essa vida não é para todo mundo" disse sua mãe uma vez, quando tinha apenas 13 anos. Bufando, levantou-se da cama e entrou no banheiro.

Tomou um longo banho, fazendo espumas e tirando selfies sedutoras. Adorava ver os garotos correndo feito bobos, tentando conquistá-la, toda vez que postava uma foto mais... Reveladora. Sorriu sozinha, checando a mensagem que Dylan, seu caso da primavera, enviou. Na verdade, não gostava do rapaz, se já esteve interessada, foi há muito tempo, sempre enjoava, nunca conseguia gostar deles por um longo período. Faltava-lhes algo que instigasse, que a fizesse ficar sem fôlego e com borboletas no estômago. Estava certa de que jamais encontraria o cara, portanto, se contentava com as diversões momentâneas. 

— Blaire — gritou com a cabeça para fora da porta, molhando o banheiro inteiro.

Após alguns segundos, uma garota de cabelos loiros selvagens surgiu na soleira da porta, era muito bonita, mas a roupa cinza da empregada e as unhas quebradas e desgastadas a faziam parecer miserável. 

— Sim, Monroe?

— Você tem irmãos? — indagou a ruiva, mexendo na espuma da banheira.

— Me chamou para isso? — a garota suspirou irritada.

— Você é muito petulante para uma serviçal.

— Eu não sou sua empregada, Dallas. Trabalho para a sua mãe.

— Dim, dim, dim — riu a ruiva, balançando a cabeça. — Minha mãe, ou seja, trabalha para mim também. Agora responda a pergunta.

— Sou filha única.

— Sério? Eu achava que pobres tinham vários filhos.

Blaire deu um sorriso amarelo. Dallas adorava irritá-la desde que descobriu que a garota caipira da sua universidade era uma pobretona que fazia faxina. 

— Ok, pode sair, não me serviu de nada.

— Com a sua licença, patroa — disse zombeteira antes de sair.

🔪🔪🔪

Dallas bebeu seu milk-shake enquanto encarava as pessoas que passavam pelo shopping. Na sua frente, Madeline Stuart postava algo no twitter, provavelmente falando mal de alguém. As duas tinham a amizade mais estranha que se podia imaginar, estavam constantemente competindo entre si e espalhando fofocas maldosas sobre uma ou outra. No entanto, quase sempre estavam juntas, principalmente porque adoravam como eram poderosas quando estavam unidas, como o dinheiro se multiplicava, os seguidores aumentavam e as festas duplicavam. O quão prazeroso era conhecer alguém que tinha tanto poder quanto você. E também, apesar que nenhuma das duas jamais admitiria, elas realmente nutriam uma amizade, ainda que fosse problemática e enganosa. 

— Aspen e Lola terminaram — murmurou Madeline, e mostrou a tela do celular: Aspen exibia o abdômen numa selfie vulgar e nada usual. Típico comportamento pós término. — De novo.

— Aposto que ela é lésbica.

— Aposto que ele a traiu.

As duas riram. Tinha algo extremamente divertido em falar sobre a vida de outras pessoas, era algo que elas adoravam fazer, fofocar e se intrometer. Certa vez, fizeram com que uma geek esquisita tentasse sair com o jogador de futebol do time da universidade, Jackson, apenas para vê-la levando um fora espetacular. Madeline riu por dias, se lembrando de como a garota saiu correndo chorando pelo campus. Dallas não se lembrava se ela tinha largado a faculdade, mas nunca mais a viu.

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