O Segredo de Clarisse White

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sete meses antes de Madeline Stuart morrer

Quando Roman White tinha 3 anos, foi presenteado com uma irmã. Clarisse White foi uma surpresa agradável, afinal, diferente do que os pais achavam, ela se tornou uma completa decepção, ao menos aos olhos deles, pois, para Roman, ela era perfeita. Com 5 anos de idade, Clarisse foi diagnosticada com transtorno de ansiedade e TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), e foi obrigada a tomar remédios que a deixavam lenta e grogue a maior parte do tempo. Já não aguentando mais, a pequena White começou a jogar as pílulas na privada. Sua vida era um verdadeiro inferno, ou tomava drogas lícitas e ficava aérea, ou não tomava e era atingida por crises de ansiedade e emoções conflitantes. E foi assim que descobriu o prazer de outras drogas, dessa vez ilícitas. Aos quatorze anos teve sua primeira experiência, metanfetamina, foi a melhor sensação da sua vida. De repente, todas as complicações desapareciam, e ela podia ser feliz, bem, ao menos até o efeito passar, e então tudo voltava.

Roman escondia dos pais quando achava cigarros ou bebidas alcoólicas no quarto da irmã, ele não sabia que o vício dela estava progredindo, só queria protegê-la da revolta dos pais. Clarisse ficava chapada a maior parte do tempo, na escola, nas aulas de balé, e em casa. Principalmente em casa. A verdade era que a garota não sabia bem se amava os pais — amava o irmão, com toda certeza — mas quando via a mãe rodeada de jóias e reclamando de algum erro das empregadas ou o pai não fazendo nada além de trabalhar e beber uísque, sentia que não gostava deles. E sabia que Roman se sentia assim também.

Quanto mais se afundava nas drogas, piores as coisas ficavam, apesar da própria não conseguir ver isso. Não sofria de abstinência, porque sempre tinha dinheiro para comprar mais, e não precisava se preocupar com dinheiro. Mas tudo que os entorpecentes faziam era cegá-la da realidade, fazendo com que seus problemas sumissem, temporariamente, e tudo parecesse estar bem. Porém, na verdade, uma hora ou outra, a bomba ia explodir.

A sua primeira crise de verdade foi quando sua família se mudou para Nova Iorque. Em uma cidade nova, ela não tinha mais um fornecedor, e nem mesmo na universidade conseguiu achar alguém que vendesse. Clarisse começou a tomar as pílulas da mãe, mas não era a mesma coisa, e logo ela se viu tendo crises novamente. Estava quase aceitando a derrota, até Roman começar a namorar Dallas Monroe.

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Clarisse acordou após um pesadelo terrível. Se levantou da cama engasgando, com lágrimas nos olhos e as mãos no pescoço, odiava quando isso acontecia. Merda, merda, xingou internamente. Tentando controlar a respiração, encarou o quadro na parede, uma imagem sua e de Roman na Itália, pintada pelo mesmo. Quando, finalmente, se acalmou andou até a janela, olhando para o jardim. Queria poder deitar naquela grama verde sem que a mãe reclamasse, sabia que era impossível, por isso entrou no banheiro e tomou um longo banho. O ombro estava dolorido depois de jogar beisebol na faculdade. Não conseguia acreditar que estava praticando um esporte, mas estava meio apaixonada pela colega de time, Blaire.

Depois de se vestir, andou pelo corredor, iria ao quarto da mãe para roubar algumas pílulas. No entanto, parou ao ver a porta do quarto de Roman aberta, algo que nunca acontecia. A porta dele sempre estava trancada, principalmente se sua nova namorada estivesse com ele. Com um sorrisinho sacana, Clarisse entrou. Tinha algumas roupas jogadas na cama, uma garrafa de bourbon debaixo do travesseiro, livros da faculdade. Que entediante, pensou antes de ver um pacotinho brilhando atrás de uma jaqueta no chão.

— Que porra é essa?

A jaqueta de couro vermelha, era obviamente de Dallas, e debaixo dela estava um pacote com um pozinho branco. Clarisse o abriu, quase faminta, enfiou o dedo no pó e o levou à boca. Aaaah, cocaína. Se levantou, guardou o pacote, e olhou pela janela do quarto do irmão. Lá embaixo, Roman e a namorada se divertiam na piscina.

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