O Segredo de Highmore

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um dia após Madeline Stuart morrer

Tudo que saia da boca dos estudantes de Universidade Highmore era sobre o assassinato da rica socialite e influencer Madeline Stuart, filha da mundialmente conhecida atriz Liana Stuart e do Deputado Edgar Stuart. Nos corredores, nas salas de aula, nos banheiros, era o assunto do momento. Teorias de conspiração eram criadas e até um bolão foi feito, para tentar adivinhar quem era o assassino. Quem poderia ter matado alguém tão importante? 

— Estão falando que o rosto dela estava desfigurado — disse uma garota no corredor. — E que uma orelha sumiu.

— Eu ouvi que bateram tanto nela que tem sangue na floresta toda — fofocou um garoto. — A gente devia ir lá.

E assim foi durante todo o dia. Nem mesmo quando a detetive Garcia e seu companheiro Clark chegaram na universidade, conseguiram calar as especulações, na verdade, só fez com que as fofocas aumentassem. Alguns diziam que Dallas Monroe seria presa, já que era a suspeita óbvia, outros diziam que Jackson Parker era agressivo o suficiente para matá-la. No entanto, ninguém ousava dizer em voz alta, qualquer coisa que fosse, sobre a elite de Nova Iorque. Não aconteceria nada de qualquer maneira, era o que todos acreditavam, quando foi a última vez que alguém rico e poderoso foi responsabilizado por seus atos? Mas era divertido para os estudantes, era como ver um documentário criminal acontecendo em tempo real.

O corpo foi levado na madrugada, já sem vida, e ninguém teve a chance de vê-lo. 

Foi durante um intervalo que a voz do detetive Benjamin Clark soou pelos auto falantes. Todos os nomes chamados deveriam se encaminhar para a biblioteca, para um interrogatório de praxe. Os universitários se calaram imediatamente, curiosos.

— Roman White. Lola Simón. Jackson Parker.

Fez-se uma pausa.

— Aspen Trevor e Anastásia Stanford.

Enquanto o seleto grupo se levantava e saia do refeitório, novas apostas começaram a se desenrolar.

🔪🔪🔪

— Esperem aqui — ordenou a detetive Garcia.

Em um corredor, sentados em cadeiras azuis, estavam os cinco suspeitos. O silêncio dizia mais do que eles gostariam, enquanto se entreolharam com as emoções misturadas. De alguma forma, eles estavam unidos naquela situação, ligados por laços e segredos mais fortes do que a justiça e a verdade.

— Onde está Dallas? — perguntou Jackson.

— No hospital — respondeu Roman, trancando o maxilar. — A doparam para que pudesse dormir.

— Doparam? — indagou Aspen, se remexendo na cadeira. — Ela não vai dar com a língua nos dentes, vai?

— Você sabe que não.

— Eu sei? Eu sei? Pode se esperar qualquer coisa daquela maluca!

Se fosse qualquer outro rapaz, ouvindo alguém ofender sua namorada, talvez partisse para a agressão. Jackson faria isso. Mas Roman limitou-se a dar um sorriso.

— Devia tomar cuidado com a sua língua. Um dia você é o suspeito, no outro é a vítima.

— Isso foi uma ameaça?

— Parem — choramingou Anastásia, apoiando a cabeça entre as mãos. — Apenas parem!

— Não comece a chorar de novo — suspirou Lola, irritada.

— Não fale assim com ela — rebateu Jackson, se curvando na cadeira e apontando um dedo no rosto de Lola.

— Ei!

Aspen se levantou, pronto para dar um soco no jogador de futebol, mas Roman se colocou na frente. Dessa vez estava irritado, muito irritado, odiava quem não conseguia controlar suas próprias emoções. Ainda mais naquela situação, onde eram suspeitos de um assassinato. Colocou as mãos no ombro de Aspen e o fitou, sério:

— Sente-se, se você não quiser que dois detetives fiquem na sua cola por te considerar agressivo demais.

As palavras chegaram nele, e Aspen se jogou na cadeira, derrotado.

— Vocês vão botar tudo a perder — disse Anastásia, limpando as lágrimas.

— Com o seu choro descontrolado, talvez — murmurou Roman.

— Ou com a sua namorada maluca! — retrucou Jackson.

— Calem a boca! — sibilou Lola. Ela olhou pelo corredor e arrumou sua postura. — Ninguém vai dizer nada. Vamos ficar em silêncio até essa investigação acabar, até porque, somos inocentes. 

Eles se entreolharam.

— Nós somos inocentes — ela repetiu. 

Concordando em silêncio, os jovens voltaram a ficar quietos, esperando pelos detetives. Era óbvio que tinha algum plano ali, essa demora para chamá-los devia ser algum truque para deixá-los nervosos e mais suspeitos. De qualquer forma, teria funcionado se não fosse por Lola, que sempre foi a mais esperta e focada do grupo. Por isso, era um mistério que namorasse Aspen, que além de explosivo, tinha a maturidade de uma criança de 10 anos.

Uma porta se abriu e a detetive saiu:

— Desculpem a demora, logo vocês serão chamados. Não saiam daqui — ordenou antes de desaparecer novamente.

Anastásia respirou profundamente, com as mãos trêmulas. Ela olhou alarmada para os amigos:

— O que eles estão fazendo aqui?

No corredor, três pessoas se aproximavam. Blaire, a empregada de Dallas — com suas botas velhas e o sotaque do interior — Dylan, capitão do time de basquete e Clarisse White, irmã mais nova de Roman, recém ingressada na faculdade de Highmore.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Roman, se levantando e segurando o rosto da irmã.

— Me chamaram. Acham que eu matei Madeline com um taco de beisebol — ela deu de ombros, aparentando estar um pouco aérea. — Sabia que eu devia ter escolhido outro esporte.

— Não repita isso nunca mais — ralhou seu irmão mais velho, no entanto, um sorriso brincava em seus lábios. — Entendeu?

— Não se preocupe, maninho. Dylan diz que estão interrogando todos que eram próximos de Madeline.

— Como sabe disso? — perguntou Jackson.

— Meu tio é policial — respondeu o garoto, dando de ombros. — Ele me contou.

— Não sei porque estão preocupados — zombou Blaire, se jogando em uma cadeira. — É óbvio que vão suspeitar de mim, eu sou pobre.

— Mas é branca — murmurou Lola.

— Credo, eles são sempre assim? — perguntou Clarisse para o irmão, fazendo uma careta.

— O tempo todo — ele respondeu, sorrindo ternamente. — Dallas é a única legal deles.

— Concordo.

Se afastando, os irmãos sentaram-se um na frente do outro, mantendo o silêncio de antes. A atmosfera ainda estava tensa, mas ao menos agora não estavam distribuindo ameaças e xingamentos. Após alguns minutos, que mais pareciam horas, a porta se abriu novamente e a detetive saiu. Parecia quase decepcionada com alguma coisa. Ela segurou uma prancheta com a mão e a leu por um segundo.

— Roman White — chamou. — Pode me acompanhar, por favor?

Assentindo, o rapaz se levantou e antes de entrar na sala olhou para a irmã. Clarisse moveu o dedo indicador e o colocou no meio dos lábios. Silêncio.

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