Prólogo

562 142 347
                                    

na noite em que Madeline morreu

Tinha sangue nas paredes dos corredores, sangue falso, sangue verdadeiro, ao mesmo tempo uma festa barulhenta demais acontecia no campus. Jovens ricos e selvagens sabiam bem como aproveitar uma festa. Havia champagne sendo jogado para cima por aqueles que não queriam se aproximar da cerveja barata dos outros estudantes e roupas caras sendo remexidas por corpos bonitos, bem cuidados e igualmente caros. Tudo caminhava para ser uma noite normal, mais uma diversão enlouquecedora que logo seria esquecida e então substituída pela próxima festa. Exceto que, aquela noite não era uma noite comum. Enquanto todos se divertiam, bebendo e se drogando, Dallas Marrone corria pelos corredores, fantasiada de líder de torcida e coberta de sangue. Ela chorava enquanto corria, se segurando em armários e paredes, deixando um rastro de mãos ensanguentadas pelo caminho. 

Era Halloween, e ninguém entendia que aquele sangue não era falso e nem parte da fantasia da garota. Ela balbuciava pelo caminho, chorando e correndo. Não ia parar. As pessoas tinham que saber. Dallas passou correndo por um casal que se agarrava no escuro e um garoto cheirando cocaína no cartão de crédito. A música ficou cada vez mais alta, a festa planejada pela atlética de medicina, AAAED, ou os Titãs, como era mais conhecida estava a sua frente, tudo que ela precisava fazer era entrar e gritar o que tinha acontecido. Não se importou em sujar as pessoas com sangue enquanto se espremia para chegar até as caixas de som. Eles precisam saber, continuava repetindo para si mesma. Finalmente chegou até o DJ.

— Caramba — gritou Pedro, capitão do time de vôlei, e passou um dedo pelo líquido vermelho no rosto de Dallas. — A fantasia ficou do caralho!

Lágrimas brotaram nos olhos dela e começou a tremer com tanta força que sentiu suas pernas vacilarem. Pedro a segurou nos braços, não estava bêbado e pareceu entender que algo não estava certo.  

— Desliga a música, Jota — ele mandou. 

O garoto com óculos platinados e seminu que controlava a música franziu as sobrancelhas: — Que?

— DESLIGA A PORRA DA MÚSICA.

Jota, assustado, desligou. A multidão vaiou com desapontamento, até notarem a garota desfalecida e coberta de sangue nos braços de Pedro. 

— O que aconteceu? — indagou ele, balançando Dallas. — Marrone, o que aconteceu?

— Está morta — ela sussurrou, respirando pesadamente.  

— O que? — alguém gritou da multidão. Um murmúrio começou a se espalhar pelas pessoas, confusas pelo álcool e também pela cena a sua frente.  

— Ligue 190 — sussurrou Dallas. — Madeline Stuart foi assassinada.


Segredos MortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora