VII - Troca de Germes

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Mentiu para sua mãe sobre onde iria aquela tarde

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Mentiu para sua mãe sobre onde iria aquela tarde. Disse que ia estudar com colega de classe (jurou de pé junto que não era Joey). Passou pela primeira vez pelo supermercado sozinho, se sentindo estranho em estar ali sem James segurando sua mão, nem seus pais observando.

Comprou um pacote inteiro de balas de cereja, um refrigerante de cereja, sorvete de baunilha e calda de cereja. Sentia que precisava se redimir com seu amigo por sua mãe. Não é que achasse que cereja fosse comprá-lo, mas era um pedido de desculpas informal. Quase não conseguiu levantar o olhar para a moça do caixa, que parecia emburrada demais, porém sorriu vendo a sacola cheia em suas mãos. Pegou um taxista para lhe levar do endereço em quê Whaters morava. Alegrou-se ao ver que chegou lá. Tinha medo de estranhos e estar num carro com um era amedrontador, então foi um alívio.

Tocou a campainha da casa e logo viu o garoto abrir a porta, radiante. Joey trajava um icônico moletom do Super Junior e tinha em suas pálpebras um leve tom de marrom e laranja.

- Por que está arrumado? - O japonês perguntou.

Joey só usara sombra no primeiro dia de aula. Jason estranhou a princípio, mas Whaters explicou-lhe que alguns de seus ídolos usavam, resolveu experimentar e achou bonito em si, então passou a usar. Joey não era um fanático que quer estar sempre igual aos famosos, mas ele gostava daquelas tendências estranhas quando se olhava no espelho, e Jason não discordava que aquele estilo ficava bonito dele. Sinceramente, não imaginava outra pessoa que ficasse bonita assim. Ele squer sabia de onde vinha aquilo, já que o outro não falava sobre os grupos que gostava. Ele simplesmente o fazia escutar e era isso.

- Não estou arrumado. - O baixinho disse. - Eu me maquio quando estou em casa, já que ninguém vai me olhar estranho.

Abriu espaço para o outro entrar e ele o fez. Yoshida se sentia acanhado, nunca havia estado na casa de um professor.

- Toma! - Jason estendeu a sacola. - Me desculpe pelo que ocorreu.

O menor pegou a sacola e ao ver o que tinha dentro, deixou um sorriso se alargar. Ele não iria aceitar por aquilo tudo ter sido comprado com o dinheiro de Marie, mas ver que o mestiço havia lembrado de seus gostos na hora de escolher aquilo fazia seu coração esquentar.

- É pra mim? Você comprou tudo de cereja.

- Isso deve abastecer seu estoque por um tempo. - Brincou, o mais alto.

- Senta aí! - Pediu, o anfitrião. - Escolha um filme! Há um monte na estante.

Jason sentou-se no sofá cor de abóbora envergonhado ao ver o amigo se afastar para ir até a cozinha. Sentiu-se mais liberto para ver a casa. As paredes da esquerda e a do meio eram cobertas por Livros dando espaço apenas para a televisão. Isso fez com que Jason se perguntasse por que Joey ainda pegava livros na biblioteca. Haviam livros lacrados ali. As outras duas paredes eram decoradas com réplicas de Van Gogh e Otto Dix e com fotos da família. Numa das fotos tinha uma mulher de cabelo castanho claro e bochechuda, ao lado de um Clover Whaters mais jovem e menos social. No meio desses, estava criança de aproximadamente cinco anos. Os olhos redondos tinham cor de mel combinando com o cabelo castanho claro puxado da mãe. A imagem de Joey estava logo ao lado, numa foto só com o pai, os cabelos castanhos permaneciam. Por último, sua fotografia solo, com os fios num tom rosa e moletom de banda. Era a mais atual.

O pai e filho Whaters eram muito parecidos. Jason jamais havia parado para reparar, mas o amigo era uma cópia cuspida e escarrada do professor, mudando apenas o que o adolescente tinha transformado.

- Não pense muito. - O mais novo apareceu, com dois pratos nas mãos, logo lhe entregando um deles.

Jason agradeceu e apreciou a torta de limão com calda de chocolate.

- Imaginei que já esteja enjoado de cereja. - O de cabelos coloridos explicou.

Yoshida sorriu. No final das contas não escolhera o filme e teve que o próprio anfitrião escolher uma trama de ficção científica qualquer. Se sentia acanhado, sem saber como se portar, mas foi se sentindo à vontade conforme o outro começava deitar a cabeça sobre seu peito e ir apoiando todo seu corpo sobre si, enquanto comia o doce.

O asiático prestava atenção no filme, mas se surpreendeu ao ver aqui sua mão livre (a que não segurava a colher) acariciava involuntariamente os fios azuis e passou a observar os cabelos lisinhos do outro passarem por seus dedos. Pareciam pelos de alguém animal fantasioso, sorriu ao pensar.

- O que passa pela sua cabeça, Jay-Jay? - Perguntou o mais novo, de repente. Os olhos castanho-claro o fitavam com serenidade, enquanto sua cabeça se apoiava nos ombros do outro.

- Seus cabelos, - Respondeu. - parecem tão diferentes, eu gosto.

O pequeno sentia-se feliz pelo elogio.

- Pode tocar à vontade. - Permitiu, dando conforto ao outro.

O japonês emaranhou os cabelos do azulado um pouco alvoroçado, o que fez com que esse risse baixinho. Jason riu também, encontrando-se com o olhar alheio. Não estranhou quando o melhor amigo tocou seu rosto de forma amável, mas arregalou os olhos quando o mesmo encostou ambos os lábios desajeitadamente.

O total americano gemeu quando sentiu o corpo bater no chão, mas riu ao ver Jason desesperado pedindo perdão e acariciando sua cabeça para passar a dor.

- Me perdoa, Joey! - Os olhinhos puxados estavam molhados. - Eu só...

- Eu não deveria ter te beijado, está tudo okay. - Sorriu, sem graça.

Yoshida lhe ajudou a sentar no sofá e avaliou-lhe para ver se não havia feito um possível estrago. Sentia-se envergonhado.

- Beijos são nojentos. - Quebrou o silêncio. - São troca de germes.

Whaters riu. Esquecia que o outro curtia a vibe de agir inocentemente.

- Acha mesmo isso? - Provocou. - Seu pai e sua mãe não trocam uns germes? Passar seus micróbios para outra pessoa é um sinal de amor.

- Para ser sincero, não muito. - Respondeu Jason.

Queria que Marie e Yago trocassem mais germes, como via os casais melequentos dos filmes de romance fazendo, mas eles pareciam ter tanto nojo quanto ele.

Espera! Se trocar vermes é um sinal de amor...seus pais não se amam?

Joey voltou a prestar atenção no filme. Tentava se mostrar bem, mas sentia-se desconfortável. Também, quem não estaria? Levou um baita pé na bunda - ou melhor, empurrão nos ombros. O mestiço percebeu isso. Surpreendeu-o tocando o nariz no rosto alheio, como via o mocinho fazendo nos filmes adolescentes. Deveria estar fazendo isso? Joey não é uma mocinha. Argh! Aquilo era estranho.

- O que está fazendo? - O menino de cabelos azuis perguntou.

Não sabia pedir aquilo. Estava envergonhado. Porém a curiosidade falou mais alto.

- Ainda quer me beijar?

- Er... - Joey sabia a resposta, mas estava em choque.

- E sinal de amor, não é? - Retrucou. - Eu quero que me ensine. Você me ensina?

O sorriso de Whaters parecia que rasgaria seu rosto.

- Apenas...siga o ritmo. - Instruiu, se aproximando.

Joey pôs uma das mãos dele em sua cintura e a outra em sua nuca, depois, tocou o pescoço desse com as próprias e o puxou, tocando os lábios novamente. Quase sorriu, quando Yoshida deu-lhe espaço para aprofundar o ato, mas fez isso devagar para não perder o contato em pouco tempo.

Apesar da estranheza, Jason Yoshida não achou ruim. Talvez trovar germes não fosse tão nojento se eles viessem a boca de cereja de Joey Whaters.

AS NOITES EM CLARO DE JASON YOSHIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora