Joey estava com parte dos cabelos cobertos pelo tecido do gorro. O moletom vermelho e fino caía bem no corpo pequeno e fofinho. Jason ficou sem palavras ao ver o garoto ali. Havia se acostumado a ideia de o outro não viria. De repente, todo o nervosismo voltou.
— Só um pouco, mas tá tudo bem.
Joey estendeu a caixa, que foi recebida pelo mestiço rapidamente.
— É só alguns livros que eu acho que você gostaria. Foi meio rápido, não deu muito tempo de escolher. - Whaters explicou.
— Okay, okay. Isso é...ótimo. - Falou nervoso.
Se dirigiu a mesa de presentes, corado. Sentia as pernas bambearem e o coração bater a mil por segundo. Não poderia fugir agora. Passou dias fugindo daquela conversa inevitável e não fora saudável.
— A-acho que a gente tem que conversar, sabe? - Indagou, de cabeça baixa.
Joey concordou, sem encarar seus olhos.
— Você quer conversar aqui mesmo, ou...
— Não! Não! - Jason foi rápido em negar. - Eu só vou avisar o meu pai que a gente vai se afastar um pouco.
Jason se aproximou sorrateiramente de onde o pai conversava com sua tia. Yago estranhou o ato, mas permitiu desde que voltasse logo, afinal aquela era a festa dele e seria falta de educação abandoná-la.
Se aproximou do antigo amigo e segurou-lhe o pulso com pouco força, puxando-o e lhe chamando para sair dali. Joey o seguiu, mesmo sem saber onde o outro o levava.
Caminharam alguns minutos, com os pés na areia fina e limpa, dando a volta na praia, se afastando da casa dos Yoshida. O cheiro salgado do mar tocava suas narinas. Era fim de tarde, o céu estava numa mistura de roxo e laranja devido ao Sol que se punha majestosamente ao oeste, a direção contrária dos garotos. Subiram uma grande rocha e sentaram no topo alto. Dava para ver a casa dali, num tamanho pequenininho, como uma miniatura.
— Como podemos começar isso? - Indagou Joey.
Jason pensou por um tempo. Havia uma pergunta, que fora respondida mais cedo por Clover, mas desejava ouvir de sua boca.
— Por que? - Indagou. - Por que você me deixou daquele jeito?
Joey suspirou, cansado.
— Eu tive medo, é só isso. Sabe, eles te maltratam quando eles suspeitam, mas quando eles têm certeza é três vezes pior. Sabe por que os outros caras gays da nossa escola não sofreram tanto quanto a gente? - Indagou, recebendo uma negação do outro. - Porque eles seguem um padrão hetero de comportamento. A sociedade acha que pode definir o gay que merece respeito e o gay que não merece. Se eles me destruíam por eu ser um cara com "jeito de gay", - Fez aspas com os dedos. - se eles tivessem a certeza disso fariam da minha vida um Inferno.
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AS NOITES EM CLARO DE JASON YOSHIDA
Teen FictionJason Yoshida sofria de insônia. Ao menos era o que seus pais pensavam. O menino evitava tocar no assunto "medicação", por achar que isso o engordaria demais; evitava ir ao médico, não gostar da atmosfera de hospital era a desculpa. Costumava dizer...