Ainda não consigo acreditar, mesmo os meus amigos não reparam na Rachel, aqui existe algo mesmo muito estranho envolvendo esta rapariga. Eu amo-a, mas mesmo assim não consigo perceber porque que todos a tratam desta forma. Me sinto desesperada, só me apetece chorar até não dar mais. Eu não consigo mais suportar esta mágoa de querer ser feliz com a pessoa que eu amo e o pessoal simplesmente ignorar a sua presença, como se ela nem existisse.
Foi com esse pensamento que eu acordei, com os olhos cheios de lágrimas, mal conseguia olhar e ver o que estaria a minha frente.
-Porque que não posso ter uma vida normal?
Berrei o mais alto que pude sem que os meus pais precisassem de vir ver o que se passava.
Não conseguia socializar com ninguém, pois, eram todos tão aborrecidos e por norma nunca tínhamos nada em comum, por isso ter desistido de fazer novas amizades. Mas ela era diferente, ela era a pessoa mais incrível que alguma vez conhecera, queria poder passar vinte e quatro horas com ela e nunca me iria cansar. Queria pode-la ter nos meus braços e poder dizer para sempre que ela era minha, que o pessoal visse o quanto o nosso amor é forte. e não pensar que eu sou uma doida que falo sozinha ou o caralho. Eu realmente quero que o pessoal a note, mas parece que todos olham para mim como uma doida varrida. Devem de pensar que fiquei com algum tipo de problema psíquico depois do que acontecera com a Stephanie mas isso é impossível, a Rachel é real, ela estava mesmo ali a frente deles. Como é que eles simplesmente ignoraram e olharam para todos os sítios menos a onde ela estava?
É que nada disto faz sentido, não encontro nenhuma justificação científica. Ela simplesmente esta ali a frente deles, sem nada no meio e eles preferem a ignorar.
Parei de me lamentar e decidi-me levantar da cama e me preparar, afinal tinha aulas e precisava de me arranjar para ir, apesar de nem conseguir olhar para a cara do pessoal.
Mas também ia para la para me formar e não para fazer amizades com sorte passava o dia sem os ver.
Eu queria muito estar com a Rachel, poder fugir com ela para bem longe assim não importava mais esta situação toda, mas infelizmente não posso.
Queria, a sério que queria muito, mas não posso de jeito nenhum.
Hoje estava deprimida demais que nem me apeteceu tomar banho, afinal tínhamos de poupar água e temos, portanto, um banho a menos ajuda sempre. Só me dei ao trabalho de fazer a maquilhagem mais básica que conseguisse. E troquei ali mesmo de roupa. Óbvio que do jeito que estava me tinha-me esquecido de vestir antes da maquilhagem, mas foda-se, vesti-me depois e fui para o andar de baixo. Tomei o meu pequeno almoço de sempre sem nenhuma diferença que começava a se tornar repetitivo demais.
Sai para o mundo exterior, através daquele portal magico, abracadabra pensei eu enquanto abria a porta. Agora sim começa o verdadeiro desafio. Hoje sinceramente estava num estado que mais me apetecia me atirar da ponte mais próxima, ou me enforcar na árvore mais alta ou qualquer merda que tirasse a minha vida. Qualquer merda me fosse rápido e eficaz já estaria bom.
Coloquei os fones nos ouvidos e liguei o leitor de música do telemóvel, não me apetecia ouvir ninguém nem ser incomodada por ninguém na rua. Mesmo por telemóvel só se fosse a Rachel.
Fui indo pela rua vibrando ao som da música, me imaginando dentro e um videoclip ou algo do género. Isto era das poucas coisas que acalmavam a minha mente e me ajudava um pouco da minha depressão, apesar que para a maioria das pessoas seria só mais uma maluca ouvindo música e fazendo teatro no meio da rua.
Mas se querem saber foda-se essas pessoas, deixem me ser o que eu quero ser. Se me apetece ser uma maluca dançando no meio da rua eu serei uma maluca dançando no meio da rua. Se é isso que me trás felicidade é isso que eu vou fazer para ser feliz.
Chegando a Faculdade, vi o pessoal, seria mau tom se não o fosse cumprimentar. Eles simplesmente me ignoraram e mal me viram saíram logo cada um para a sua sala de aula.
Estariam eles me evitando?
Para mim isto tem cara de ser por causa do que se passou no outro dia. Eu tentei segui-los, mas eles de escondiam de mim.
Mas que raio?
Porque que todos fogem de mim? Isso me deixou ainda mais em baixo, não sabia o que fazer mais. Então desisti e fui para a minha sala.
As aulas pareciam cada vez mais demoradas, cada vez mais difíceis de engolir. A sensação de solidão e de que estava ali a mais aumentava. Só a Rachel me trazia alegria no meu mundo cinzento.
Eu sabia que podia contar sempre com ela, para tudo e mais alguma coisa.
Mas ela não estava ali naquele momento, fisicamente me sentia abandonada.
O pessoal que acabara de salvar me ignorou durante a manha toda, não conseguia nem chegar perto deles que eles dispersavam logo. Pareciam um bando de drogados e que eu seria a polícia. Não sei, mas era a sensação que tinha.
Na hora do almoço consegui apanhar uma pequena conversa deles.
-A Ashley não anda bem, pois não?
-Não sei o que se passa com ela, mas ela esta estranha.
-Aquela história da namorada.
-Acho melhor falarmos com o psicólogo da faculdade.
-Aquilo da Stephanie deve de lhe ter dado um surto psicológico só pode.
-E nós não conseguimos estar com ela para lhe dizer a verdade, não temos coragem para tal, ela aprece tão contente.
Como assim a história da namorada? Surto psicológico? Eu ando estranha? Nada disso fazia sentido para mim. Eu apenas arranjei uma nova namorada nada mais. O quê que isso tem de tão estranho? Será que eles também são homofóbicos e querem me tratar para eu deixar de ser lésbica?
Agora sim estou a começar a surtar, pensei que eles eram meus amigos e afinal andam a falar nas costas sobre mim e não me dizem nada, não me perguntam nada para tentarem saber se o que dizem é verdade ou não.
Sinto-me tão excluída da vida de todos. Claro que a única que não me exclui é a Rachel. Mas também começava a ficar um pouco preocupada, estava a começar a viver demasiada apegada a Rachel, se um dia ela decidir acabar comigo eu não imagino o que possa acontecer. Simplesmente vem-me tudo em branco quando penso nisso. A Rachel não me pode deixar aconteça o que acontecer, eu preciso dela.
Tentei chegar até eles e dizer o que ouvi, mas eles se separaram logo cada um para um canto diferente.
De tarde continuei atrás deles, mas sem efeito eles se esconderam em algum sitio que não os achei em nenhum lugar durante a tarde toda.
Tinha uma última coisa a fazer, amanha iria trazer a Rachel para a faculdade e ai todos terão de a ver, vou contar toda a verdade para a faculdade, e estou-me cagando para o que todos vão achar, o que importa é o que eu e a Rachel achamos.
Mas primeiro teria de tentar falar com eles para ver se alguém me diz alguma coisa. Tentei acha-los e não achei em lado nenhum.
Entretendo as aulas acabaram e eu tentei mandar mensagens para eles.
"ola tudo bem?"
Ninguém respondeu, eu esperei e esperei e ninguém foi capaz de dizer nada.
"hoje não me falaste na faculdade porque"
Continuaram todos sem dizer uma única coisa.
"preciso de falar contigo é urgente"
Sem sinal de vida, como se todos tivessem sido absolvidos ou o caralho. Começava-me a irritar com aquela atitude, custa muito responder a uma merda de mensagem?
Comecei a ligar um a um, ninguém atendeu, a maioria chamava e chamava e ninguém atendeu, outros desligavam a chamada sem sequer atenderem.
Então falei com a Rachel sobre ela ir amanha comigo para a Faculdade e ela aceitou. Vamos ver agora se continuam com esse jogo de ninguém reparar nela ou simplesmente a ignorar.
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O Teu Fantasma
Romancepoderá um romance tornar-se em algo sobrenatural? Quando Ashley conhece Rachel se apaixona por ela e desde cedo começam uma historia de amor mas será que Ashley esta preparada para descobrir toda a verdade sombria de Rachel? Será que o amor de Ashl...