Capítulo 6

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No dia seguinte, como combinado iríamos ao parque que ficava aqui perto de casa, como sempre o mesmo ritual mas desta vez não estava assim tão feliz, estava ainda com medo do que aconteceu no dia anterior, ser perseguida por todos aqueles olhos como se fosse uma atração de circo, não me deixou sossegada durante a noite. Tenho medo que hoje volte a acontecer.

Tive pesadelos com aqueles olhos todos olhando para mim. Imaginei cada pessoa ser um olho gigante a me perseguir por um corredor sem fim, cada vez eram mais e mais olhos, acordei chorando de medo. Não conseguia suportar aquilo, eu sentia-me fisicamente e emocionalmente esgotada, não conseguia mais pensar naquilo.

Hoje espero que seja diferente. Espero que nem sequer apareça alguém no parque.

Levantei-me da cama e segui em direção ao quarto de banho, abri a porta e a fechei atrás de mim, dirigi-me para o lavatório com a cabeça para baixo, conseguia ver alguns pelos no lavatório. O meu pai deve ter desfeito a barba. Olhei para cima em direção ao espelho e fiquei ali me encarando uma e outra vez a pensar

O que há de errado comigo?

Eu sou apenas uma miúda normal certo?

Porque que os outros se preocupam tanto com a minha vida?

Preocupam-se tanto com quem eu durmo?

Preocupam-se tanto com a minha aparência?

Eu queria apenas que me deixassem viver da maneira que eu quero viver, sem preconceito, sem gozarem com o meu estilo por o meu estilo, pela minha sexualidade.

O mundo tem de aprender a aceitar os outros como são: independente da cor, do estilo e da sexualidade principalmente.

Eu não quero viver o resto da minha vida assim num mundo que nunca me vai aceitar como eu sou, eu sou como sou e nada vai fazer mudar isso.

Deixei me dos meus pensamentos profundos e me dirigi para o chuveiro ainda desligado, inclinei-me e girei a torneira da agua quente até não dar mais, fui tirando a roupa e com isso me lembrei do dia em que a Rachel ao me abraçar tocou os seios dela nos meus, quem me dera que tivessem nus assim como os meus estão nesta altura, os dela pareciam ser maiores e isso me deixou envergonhada, pois, já a muito tempo que não tinha contacto sexual com ninguém e quando pensava nisso me deixava ir facilmente. As tentativas de violação não contam.

Entrei dentro da banheira e aí liguei a água fria para regular melhor a temperatura, depois de girar bem a torneira deixei na temperatura exata para o meu corpo se sentir confortável, quase a ferver, mas não completamente a ferver.

Finalmente acabara de tomar banho, desliguei as torneiras e sai do banheiro, peguei na toalha que ficara no lavatório, eu pingava por todos os lados, estava bem molhada, que os pequenos pelos pubianos, se colavam completamente as entradas do paraíso, parecia que tinha cola que não me deixava separa-los, tenho de começar a pensar em os cortar antes que aconteça uma desgraça.

Vesti-me como normalmente faço a mesmo tipo de roupa sempre, maquilhei-me com a mesma maquilhagem de sempre e fui la para baixo tomar o mesmo pequeno almoço de sempre. E sai pela porta em direção ao parque.

Mas deste vez a tarefa não foi assim tão fácil, eu teria de passar perto da faculdade para chegar ao parque. Pelo caminho encontrei muito do pessoal que gozava comigo por eu ser lésbica, podiam ir todos para o caralho e arderem la lentamente até não sobrar mais ossos.

Eu não acreditava no meu azar, a minha frente tinha de encontrar Stephanie, com o seu grupinho de sempre.

- Então miúda onde vais hoje? Vais as aulas ou vais faltar como ontem?

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