Capítulo 6

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- Vamos, quero mostrar um lugar para minha linda namorada – Jack diz, me puxando para mais um beijo.

- Me dê só um minuto.

Entro em casa, e deixo um bilhete para meus pais, dizendo que resolvi ir no cinema com Jessy. Pensar nela, faz meu corpo estremecer. Mas afasto esse pensamento para bem longe, enquanto pego um casaco em meu quarto, e volto para os braços de Jack. Entramos em seu carro, e ele logo coloca uma música no rádio. Durante o caminho, o silencio de nós dois, aos poucos vai preenchendo aquele clima alegre que havia no ar, e conforme nos distanciamos da minha casa, os pensamentos que eu tanto afastei vão avançando cada vez mais.

- Para onde estamos indo? – pergunto.

- Para onde eu costumava ir, quando me sentia triste demais – ele diz. Está escuro, e eu não consigo ver sua expressão. Mas algo me diz ele está sendo sincero. Isso não é mais uma de suas brincadeiras.

- Hum. Jessy me disse que você ia tocar num pub hoje. O que houve?

Jessy. Porque eu tenho que me lembrar dela a todo tempo? Não é como se eu estivesse a traindo, afinal, ela nunca teve nada com Jack. Ela diz que gosta dele, mas, ela já gostou de tantos garotos, que hoje nem lembra o nome.

- Eu tinha coisas mais importantes a fazer. Se bem que, minha banda deve ter ficado furiosa, pois acho que esqueci de avisa-los que eu ia na sua casa fazer uma serenata. Ah, mas quem se importa.

Jessy se importa, pensei. Ela foi ao pub só para te ver. Se concentre Emy, está feito. Já faz quase uma hora que estamos rodando, e eu começo a ficar preocupada. Afinal, estou no carro de um estranho, mas que também é meu namorado. Tudo que eu sei Sobre Jack é que... Bom, na verdade não sei muito sobre ele.

- Já estamos chegando? – pergunto, um pouco assustada. Entramos em uma estrada de terra, cercada por árvores, e fica cada vez mais difícil enxergar além delas.

- É, chegamos. Teremos que andar um pouquinho, acho que meu carro não consegue chegar até lá.

Congelo. De repente sinto medo de Jack. Há tantas histórias por aí. Esse seria o lugar ideal para ele fazer o que quiser comigo, sem que ninguém escute. Ele poderia até me matar se quisesse. Mas, relutante eu desço do carro, e grudo meus braços em Jack, percebendo que, não importa se ele quer me fazer algum mal, é melhor que ser picada por uma cobra, ou atacada por qualquer outro bicho que esteja escondido por aí. Andamos por uns 5 minutos, em silencio, até que chegamos, a um lugar lindo. Extremamente lindo na verdade. Está muito escuro, mesmo com a claridade da lua, mas eu consigo ver várias rochas, se sobrepondo, algumas mais afastadas, e por entre elas, passa um pequeno córrego, que reflete o brilho da lua. Há varias flores, que não reconheço, mas Jack certamente deve saber. Parece um paraíso, escondido pelas árvores.

- Jack... – sussurro. De repente, todo meu medo desaparece.

Ele anda alguns passos, e senta em cima de uma das pedras, grande o suficiente para caber nós dois deitados, com a agua passando a apenas alguns centímetros. Me junto a ele imediatamente, e me encosto em seu corpo. Sentindo seu coração bater, sentindo a brisa suave de uma noite linda de verão.

- Eu achei esse lugar quando eu tinha uns, 10 anos. Foi logo depois que... bem, depois que meu pai morreu. Não havia nada que fizesse minha dor sumir, então eu simplesmente andava. Ficava andando, andando... Um dia, achei uma espécie de trilha, e segui nela, até chegar aqui. Desde então, esse se tornou meu refúgio.

É difícil imaginar Jack, triste. Mas, eu sei que por mais que uma pessoa pareça feliz, ela sempre carrega algumas cicatrizes. Não sei qual será a minha, mas tenho um pressentimento que está relacionada a ele.

E se...?Onde histórias criam vida. Descubra agora