Capítulo 13

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JACK

O dia parece passar em câmera lenta. Passo na gravadora, e descubro que fechamos contrato com a artista pop mais famosa da atualidade. A segunda notícia boa que recebo num só dia. Quando as coisas estão bem demais, a gente tem que desconfiar. Talvez não, mas a vida me ensinou a ser assim. Coisas boas, vem acompanhadas de coisas ruins. No começo da noite, vou para o pub, ajeitar as coisas para mais tarde. Tento não pensar muito no fato de que Emilly pode estar agora mesmo a pouca distância daqui. Minha vontade, é ir até a casa dos Foster, apenas para vê-la. Mas, o que eu poderia dizer? Tanto tempo sem trocar palavra alguma, pode ter nos transformados em estranhos. Ou como diz uma música...” agora você é apenas alguém que eu costumava conhecer”. Isso resume muito bem as coisas. Ela voltou, sim. Mas por quanto tempo? E o seu namorado, o sr. Perfeito, pode ter vindo com ela. Uma cena que eu preferia morrer, ao ter que ver, é Emilly com seus pais, naquela sala onde passamos tardes tão agradáveis, na companhia de outra pessoa. Apenas espero que a fama e dinheiro não lhe tenham subido a cabeça. Mas isso é algo que eu acho difícil, pois ela sempre foi extremamente linda, e nunca se fez de metida por isso. Melissa acaba de chegar. Ela sempre entra antes do seu horário, diz que gosta de me fazer companhia. Ela é tão doce. Eu devia dar uma chance de verdade a ela, visto que ela é muito bonita também. Só que eu simplesmente não consigo. Seu único defeito, é ficar tagarelando o quanto ela admira uma designer. Que no caso é Emilly. Me pergunto se ela sabe de nosso relacionamento do passado. E se sabe, deve fazer isso de propósito, para ver minha reação. Quando ela começa com esses assuntos, eu fico calado, as vezes sorrio, mas logo dou um jeito de sair de perto. Nós chegamos a ter um breve namoro, mas não deu certo. Inventei uma desculpa qualquer falando sobre o trabalho, que eu era seu chefe, que não era certo, a questão da ética, todas essas coisas. Mas a verdade é que eu não consigo namorar com mulher alguma. Algumas, me fazem lembrar Emilly nos pequenos gestos, ou em algum detalhe como cabelos longos, olhos azuis. Outras, não tem absolutamente nada que me lembre ela, mas eu me vejo a procurar defeitos, e justificativas, para não ir adiante.

- Pensando na vida chefe? – Melissa se aproxima e me cumprimenta com um beijo no rosto. Perto demais da minha boca.

- Não, pensando no show de hoje à noite – minto.

- E por que?  Você sabe que toda a noite isso aqui lota. Ainda mais quando é você quem canta.

Olho para ela e apenas sorrio. Não sei porque ela insiste em andar com roupas tão decotadas. Quem a vê, pensa que ela é um tipo de pessoa, mas quem a conhece, sabe que ela não é como aparenta.

- Tomara que aquela doida não apareça aqui – ela continua, puxando conversa.

Sei que ela está se referindo a Jéssica.

- Ela não irá aparecer, pode ter certeza – digo, sério.

Melissa dá de ombros, e vai para o caixa “organizar” as coisas, mas na verdade eu sei que ela fica apenas me observando, enquanto ensaio um pouco no palco. Que distração mais estranha.

Horas depois, como Melissa disse, o pub está lotado. Isso é estranho, já que nem estamos no final de semana. Talvez ela esteja certa, as pessoas gostam de me ouvir cantar. Eu recebi algumas propostas, para lançar um cd, coisa que eu mesmo poderia fazer, já que tenho uma gravadora. Mas eu não quis. Nunca quis ser famoso. Nunca quis ser reconhecido por todos, em qualquer lugar do mundo que eu estivesse. Me contento com a “fama” que tenho apenas nessa pequena cidade, porque meus fãs, são nada menos que meus amigos ou colegas. Isso me basta. Percebo que estou com fome, então belisco algumas coisas na cozinha. Leonard, responsável por preparar as porções, fica louco quando eu faço isso. Ele tem sido meu braço direito, pois eu não sou muito organizado. Se não fosse por ele, mesmo com toda a lotação, eu já teria fechado as portas.

E se...?Onde histórias criam vida. Descubra agora