Quando meus pais chegam em casa, conto a eles sobre minha mudança para Paris, e em meio a muitas lágrimas eles ficam felizes e orgulhosos. Mesmo em Londres, minhas visitas deixaram de ser frequentes, o fato de eu ir para Paris não iria mudar muita coisa. Eu gostaria de estar feliz também, mas não estou. Janto em silêncio e vou para meu quarto, ciente de que vai demorar muito para eu voltar a vê-lo, a dormir nessa cama que parece ter ficado pequena para mim. Ligo para Rachel e o esperado sim, custa a sair de minha boca. Quando desligo o telefone, repito para mim mesma – Sim, eu vou para Paris – e planto em minha mente que isso é algo para eu ficar extremamente feliz, não arrasada como me sinto nesse momento. Sei que terei que falar com Eric quando voltar para Londres, mas decido largar de infantilidade e ligar para ele. No primeiro toque, sua voz cheia de surpresa atende.
- Emilly, o que houve? Pra que tomar uma atitude assim? Achei que fôssemos adultos.
- Me desculpe, mas você não me deixou muita escolha.
- E você? Deixou?
- Deixei quatro anos pra você escolher o que queria da vida ao meu lado, mas pelo visto não foi o suficiente – replico, arrependida por ter ligado.
Silêncio.
- Vamos conversar pessoalmente. Quando você volta? – ele pergunta, parecendo cansado.
- Amanhã. Mas acho que não temos muito o que conversar. A não ser sobre negócios.
- Sim, temos que conversar sobre nós, e sobre negócios. Você já decidiu se vai para Paris?
- Eu vou Eric. Não tem nada que me prenda a Londres.
- Mas e eu?
Silêncio. Suspiro.
- Você me ama? A ponto de querer se casar comigo? – pergunto.
- Que pergunta. Você sabe o que sinto por você.
- Você não me respondeu.
- Emilly, pare com isso.
Isso deixa claro como a luz da lua lá fora, a resposta dele, que de certa forma eu sempre soube.
- Você não me ama – constato.
- Eu amo você sim. Mas casamento é outra coisa.
- Que outra coisa? – pergunto irritada.
- Me responda você então. Você me ama? Desistiria dessa mudança para ficar comigo? – ele grita.
Penso em Jack. E a resposta sai de minha boca mais rápido que uma lagrima que cai, rola em meu rosto.
- Não Eric. Eu não desistiria disso, não por você.
Desligo o telefone, sentindo um alívio imenso por ter em fim falado algo que sempre esteve dentro de mim. Eu posso gostar muito de Eric. Mas nunca foi amor, mesmo tendo chegado bem perto. Adormeço aos poucos, enquanto tento expulsar a lembrança dos lábios de Jack nos meus, que não passou de um adeus. Espero que ele não esteja sofrendo tanto quanto eu, mas sei que isso é algo inútil de se desejar, pois ele está sofrendo. Eu sei que está.
Meus pais me acordam antes de irem para o trabalho, para me desejar boa viagem. Me enchem de abraços molhados, e imploram para que eu venha visita-los. Prometo que virei, mas eu sei que nunca mais quero voltar a Brighton. Com o tempo irei convence-los a ir até mim. Talvez até se mudem para Paris, mas por ora, é mais fácil enche-los de promessas vazias, algo que eu sei fazer muito bem. Arrumo minhas malas lentamente e vejo que não usei nem metade do que trouxe. Esperava que as coisas tivessem sido diferentes. Enquanto estou tomando banho, escuto a campainha tocar, e frustrada pela ideia de sair no meio do banho, apenas me enrolo na toalha, para dependendo de quem for, dispensar rapidamente e voltar para meu agradável banho. Uma luzinha no fim do túnel pisca desejando que seja Jack. Mas quando grito perguntando quem é, a resposta me deixa quase sem ar. Abro a porta e ficamos nos encarando por um longo tempo, até que ela resolve quebrar o silêncio.
![](https://img.wattpad.com/cover/25893344-288-k21503.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
E se...?
No FicciónQuem nunca pensou sobre o que poderia ter acontecido se tivesse feito escolhas diferentes na vida? Emilly Foster é uma designer bem sucedida, e seu namorado Eric é a personificação da perfeição. Porém, ela se sente incompleta, sente que algo falta e...