Callie Torres
Marcela e eu voltamos do mercado com várias sacolas e fomos direto pro meu quarto, eu pedi pra que fôssemos assistir o filme lá, não queria ter que ver Arizona passeando pela casa, já era difícil o bastante nós duas morarmos embaixo do mesmo teto, não precisava vê-la a cada minuto; aquilo dificultaria o meu processo de superação, se é que eu posso chamar assim.
— Então me conta o que houve com você e Felipe, não tivemos tempo de falar sobre aquele dia. – falei me sentando na cama depois de substituir meu vestido por um blusão, precisava conversar sobre qualquer coisa ou meu cérebro derreteria de tanto pensar na idiota da minha madrasta.
— É mesmo, amiga. Nós estamos ficando, acredita? Depois daquele dia ele dormiu na minha casa umas duas vezes. Acho que estou gostando dele.
— Ele é um gato mesmo, eu super apoio vocês dois.
— Sim, Callie! Ele é tão atencioso e parece que também está gostando de mim.
— Realmente ele parecia ser um cara legal. Juro que se eu não tivesse com a idiota da Arizona aquele dia eu teria beijado ele.
— Você está proibida de tocar no nome dela hoje, ouviu? – me repreendeu tirando tudo o que tinha nas sacolas e colocando encima da cama.
— Ok! – levantei minhas mãos em rendição e indo em direção a janela do meu quarto que dava a visão da piscina. – O dia está tão lindo, porque não deixamos o filme pra mais tarde? Melhor assistir filme de terror a noite, no escurinho.
— Eu tô morrendo de calor mesmo, vamos entrar nessa piscina!? – sugeriu parecendo ler meus pensamentos, abri um sorriso confirmando com a cabeça.
Não era nem meio dia e já havia acontecido tanta coisa no dia de hoje que me cansava só de pensar, eu estava exausta mentalmente. Conseguirmos aproveitar o dia de sol entre brincadeiras e pelo menos o tempo em que estava com Marcela eu não me lembrei de Arizona e nem senti a falta dela. Ok, sentir a falta dela eu até senti um pouco; eu parei por uns segundos e fiquei imaginando que poderíamos estar ali juntas, mas esses pensamentos foram interrompidos por uma bolada que Marcela acertou na minha cara enquanto jogávamos três cortes entre duas pessoas.
— Muito bom que nenhuma de nós duas lembrou de passar protetor. – Marcela reclamou saindo da piscina, havia escurecido há poucos minutos mas mesmo assim eu não queria sair. – Agora estou toda ardendo.
— Só você. – dei os ombros saindo da piscina contra minha vontade e me enrolando em uma toalha, gemi de dor quando encostou na minha pele queimada. – Droga, eu também. – rimos entrando dentro de casa.
— Estou morrendo de fome, o que você vai fazer pro nosso jantar? – perguntou irônica.
— Eu nada. Se você quiser fazer, tudo bem, mas eu sou péssima na cozinha.
— Vamos fazer juntas então. – eu sorri concordando.
Depois de nós duas tomarmos banho e ter passado meio kg de creme hidratante pelo corpo pra tentar amenizar as queimaduras, voltamos para a cozinha. Segundo minha melhor amiga, iríamos fazer macarrão com queijo. Ela fez tudo na verdade, eu apenas fiquei sentada na bancada conversando com ela.
Assim que o macarrão foi servido em uma travessa de vidro encima da mesa de jantar, meu pai chegou em casa. Comecei a me vangloriar e falar que eu quem tinha feito tudo aquilo e ele perguntou se poderia se juntar a nós
— Eu vou só chamar a Arizona e já venho. – avisou já na ponta da escada, troquei um olhar de pânico com Marcela.
— Não é possível que ela vai ser tão cara de pau de vim comer uma comida que você preparou. – Marcela cochichou ao meu lado.
— Tecnicamente você quem fez.
— Mas você ficou falando que fez tudo sozinha. – revirou os olhos jogando o pano de prato na minha cara.
— Acredite, ela vai aparecer aqui, a última coisa que ela tem é senso. – avisei me sentando ao lado de Marcela.
Ela apareceu mesmo e teve a coragem de se sentar ao meu lado, talvez pra me provocar ou apenas pra me fazer ficar triste pelo resto da noite; mas eu simplesmente ignorei a presença dela, ou pelo menos tentei. Ela não falava nada e eu agradecia mentalmente por isso, com a raiva que eu estava, qualquer coisa que ela falasse eu iria retrucar de uma forma não tão amigável.
Por um momento eu senti a mão dela encostando na minha coxa por baixo da mesa, talvez fosse coisa da minha cabeça, eu só percebi que era mesmo real pois minha pele estava ardendo e qualquer coisa que encostava ardia. Ela definitivamente não estava querendo entrar naquele jogo de novo, eu era fraca e sempre caía na dela mas dessa vez eu tentei manter minhas mãos e com certeza meus pensamentos só pra mim.
No fim do jantar ela se ofereceu pra lavar a louça, aquela fora a primeira palavra que escutei ela falar depois de ter me quebrado naquele quarto. Eu simplesmente falei "tanto faz" e sai daquele ambiente. Ela parecia ser radioativa, a própria chernobyl, a cada segundo perto dela eu me sentia enjoada e mentalmente exausta, eu quase sentia um terceiro olho saindo na minha testa de tão mal que ela estava me fazendo naquele momento.
Marcela e eu seguimos pro meu quarto e eu garanti a Marcela que não sairia de lá pelo restante da noite, já estava cheia de não conseguir controlar o que sentia por Arizona e vê-la era mil vezes pior. Eu só não desmoronei naquela mesa de jantar pois Marcela estava comigo me dizendo que eu teria uma problemão pra explicar ao meu pai o motivo do choro, mas quando deitei na minha cama as lágrimas começaram a cair incessantemente.
— Por favor, não chora. – ela pediu e se deitou ao meu lado. – Arizona é uma idiota que não te merece.
— Ela é mesmo uma idiota. – murmurei e rolei pro lado alçando um travesseiro e o abraçando, desejei com todo o meu coração que aquilo não passasse de um sonho e que quando eu acordasse estaria ao lado dela.
— Eu vou lá fazer um barraco com ela, quem ela pensa que é pra deixar minha amiga nesse estado? – Marcela resmungou indignada e eu não tirava nem um pouco a razão dela, se qualquer uma das minhas amigas estivessem passando pela minha situação, eu não pensaria duas vezes pra ir tirar satisfação com quem quer que seja que tenha as machucado.
— Fica aqui comigo, por favor. – pedi passando meu braço encima da barriga dela, mas ela tirou logo em seguida e se levantou. – Marcela...
— Eu vi ela te olhando durante todo o jantar, se ela não quer ficar com você é só não ficar, agora o que ela está fazendo é um pouco desnecessário. Eu vou lá conversar com ela. – avisou mais uma vez andando em direção a porta, aquilo não era uma boa ideia e eu sabia totalmente.
— Você não sabe conversa com ninguém, sempre acaba partindo pra porrada.
— Acho que você não vai ficar brava se eu, por um acaso, der um soco na cara dela.
Eu não sabia se aquilo era uma pergunta ou afirmação, mas eu nunca vi Marcela prometer e não cumprir, principalmente quando era pra me defender, e aquilo com certeza era um tipo de promessa. Arizona merecia receber um soco na cara, bem forte, daqueles de desloca o nariz e quebra alguns dentes, mas definitivamente não da minha melhor amiga, embora ela fosse a pessoa que mais quisesse dar esse soco no mundo todo, eu não poderia deixar.
Marcela abriu a porta com força e saiu enquanto eu corria atrás dela torcendo para que ela não encontrasse Arizona, mas foi em vão, ela já havia encontrado.
— Que bom que te achei. – falou irônica com um sorriso no rosto fazendo Arizona se virar de frente pra ela com uma cara assustada. – Precisamos bater um papo, não acha, Arizona?
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Querida madrasta
FanfictionOnde Callie transa com uma garota que acabou de conhecer em um bar e na manhã seguinte descobre que ela é filha do seu noivo. +18