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Callie Torres

Eduardo não tinha tempo pra mim, dez minutos que fosse para conversar comigo e tentar resolver a situação em que estávamos, ele não tinha, ele não queria. O desprezo e indiferença estava me magoando bem mais do que eu imaginava, a falta de interesse e a decepção estavam nítido no rosto dele e em todas as desculpas que ele inventava só pra não ficar no mesmo ambiente que eu. Eu estava me sentindo sozinha, na verdade eu estava mesmo sozinha. A semana se arrastou, o fim de semana chegou e com ele a folga de Eduardo. Ele estava de mudança, conseguiu um setor novo da Microsoft de Seattle só pra ficar perto de mim e garantir que Arizona e eu não iríamos nos encontrar quando ele estivesse longe.

— Será que você tem tempo agora? – perguntei me sentando a mesa de jantar a sua frente.

Meu pai revirou os olhos e assentiu, ele não queria conversar comigo e isso eu já havia percebido mas mesmo assim, segui em frente e iniciei a conversa.

— Eu já tenho dezenove anos, ainda não entendi porque você está interferindo na minha vida dessa forma, me afastando da mulher que eu amo.

— Mulher que você ama? – perguntou rindo irônico, apenas assenti pra ele saber que eu estava mesmo falando sério. – Pois bem, a mulher que você ama é a minha esposa! Vocês duas estavam tendo um caso bem debaixo do meu nariz, dentro da minha casa e acharam que eu nunca iria descobrir.

— Eu ia te contar. – protestei.

— Quando, Callie? Quando eu recebesse um convite de casamento?

— Não, pai. Eu só estava esperando o momento certo. Não queria estragar tudo.

— Não existe momento certo, ou vocês continuavam em segredo ou me magoava. Você fez os dois, Callie. Eu nunca esperei isso de você, confiei em você, porque você é minha filha. – um nó se formou na minha garganta mas eu tratei de engolir e continuar com a minha pose, ele precisava saber que eu era madura o suficiente pra ter aquela conversa.

— Eu só tenho que te pedir desculpas, mas eu me apaixonei e não posso fazer nada pra mudar isso.

— Você pode. – respondeu simples como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo.

— Não, não posso, porque eu não quero. Porque Arizona foi a melhor pessoa que eu conheci! Porque quando você estava se afundando no trabalho e sequer mandou um cartão no meu aniversário, ela esteve aqui, me abraçou e me disse pra não me importar pois ela iria me dar uma festa. E quando eu saio tarde da noite ela me espera acordada até de madrugada só pra ter certeza que eu estou bem. E todas as vezes que eu choro porque sinto a sua falta, ela quem me abraça e me diz palavras de conforto, pra eu não ligar pra isso porque eu a tenho do meu lado—

— Eu não quero saber. – Eduardo me cortou claramente incomodado com o assunto.

— Eu não me importo, você vai me ouvir! – falei firme. – Porque você está destruindo a minha vida, está me afastando da única pessoa que ainda se importa comigo e gosta de mim. E por mais que eu não queria te decepcionar, eu nunca vou te perdoar por isso.

— Eu só queria saber onde foi que eu errei pra ter uma filha tão ingrata como você. – resmungou batendo a mão na mesa e se levantou, fiz o mesmo ficando cara a cara com ele. – Se está tão ruim pra você, porque não sai da minha casa e corre para os braços dela?

Querida madrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora